O Monte Fuji, com seus 3776 metros de altura, é a montanha mais alta do Japão. Observar essa bela montanha a partir dos arredores ou mesmo através da janela do trem de bala (Shinkansen) é sem dúvidas nenhuma algo memorável. Melhor que isso, somente se você se propor a escalá-lo, o que é, segundo muitas pessoas, uma experiência indescritível.
O Monte Fuji é listado como as “Três Montanhas Sagradas”, juntamente com o Monte Tate e Monte Haku. Na verdade, o Fuji-san é um vulcão ativo que está adormecido há mais de 3 séculos. Sua última erupção ocorreu de 16 de dezembro de 1707 a 01 de janeiro de 1708.
Cerca de 300 mil pessoas sobem ao seu cume todos os anos, sendo que 30% delas são estrangeiras. A temporada oficial de escalada ocorre entre 1 de julho e 31 de agosto por ser a época em que o clima está mais ameno e quando a maior parte da neve já derreteu.
Se subir ao topo do Monte Fuji faz parte dos seus planos neste verão, é importante você reunir o máximo de informações possíveis para que esta experiência ocorra da melhor forma possível. E para ajuda-lo nisso, resolvemos compartilhar este artigo com dicas e informações importantes sobre a escalada. Preparado? Então, bora conferir as valiosas dicas a seguir:
1. É preciso ter preparo físico para escalar o Monte Fuji?
Apesar das encostas íngremes e muitas pedras pelo caminho, o Mt. Fuji pode ser escalado com bastante facilidade até mesmo por iniciantes e pessoas sem muito preparo físico. Há também cabanas de montanha, caso queira descansar ou repousar durante a subida.
Uma coisa que é preciso ter em mente é que você, naturalmente, será confrontado com as duras condições da natureza. Por isso é importante fazer um bom planejamento antes de ingressar nessa aventura, sem esquecer agasalhos e equipamentos básicos.
Um fato confortante é que você pode chegar até a 5° estação de ônibus e a partir daí que a subida literalmente começa, já estando a uma altura de 2.300 metros. Como a montanha tem 3.776 metros, você terá que subir o restante, que é cerca de 1.400 metros. Além disso, o local tem uma excelente infraestrutura para receber visitantes, incluindo médicos.
2. Reúna todas as informações necessárias
Se você tem a intenção de subir o Monte Fuji, sugiro que você obtenha o máximo de informações nos sites oficiais ou centros de informações ao pé da montanha. Desta forma, você poderá escolher qual a melhor trilha utilizar, quais equipamentos levar, qual o melhor horário para iniciar a subida caso queira ver o nascer do sol a partir do cume, etc
Outra dica valiosa é contar com a experiência de quem já subiu o Monte Fuji. Basta uma pequena pesquisa no google para encontrarmos uma gama de relatos. Você também pode pesquisar no YouTube, onde há dezenas de vídeos de pessoas que registraram a subida e compartilharam sua experiência. Confira uma playlist com alguns vídeos:
3. Onde encontro as mapas das trilhas do Monte Fuji?
O mapa é um acessório importante para um viajante. Ele mostra o caminho certo para chegar ao destino exato ao qual queremos alcançar. Nos Centros de Informação do Turista em Tóquio e Kawaguchiko é possível consegui-los com facilidade e gratuitamente.
Mas durante a temporada de escalada, há tantas pessoas subindo ao mesmo tempo que mesmo que você esteja sem mapa, dificilmente vai se perder. É só seguir o fluxo hehe.
4. É preciso pagar para escalar o Monte Fuji?
Você não precisa pagar nada para escalar o Monte Fuji. Há um tempo, assim que a montanha foi listada como Patrimônio Mundial da UNESCO, houve rumores de que as províncias de Yamanashi e Shizuoka passariam a cobrar uma taxa com o objetivo de financiar os esforços de proteção ambiental no local. No entanto, até o momento nada foi oficializado.
Mas existe uma campanha de arrecadação no valor de 1000 ienes, que embora não seja obrigatório, é recomendado pagar. Na verdade seria uma espécie de doação para que os governos locais continuem investindo na preservação do meio ambiente, além de melhorar os serviços prestados aos escaladores, incluindo infraestrutura e segurança.
5. Faz muito frio lá no cume? Que roupa preciso levar?
Embora a temporada de escalada ocorra em pleno verão, o frio se intensifica à medida que se aproxima do cume, que pode chegar a 0° centígrados. No entanto, a sensação térmica pode ser ainda menor por causa dos ventos gelados. Por isso, é necessário levar agasalhos quentes, touca, luvas e uma capa de chuva pois o clima costuma ser bem instável nesse período.
6. Qual a melhor época para escalar o Monte Fuji?
Sem dúvidas nenhuma é durante a temporada oficial que pode variar dependendo a trilha mas costuma ser entre 1 de julho e 31 de agosto. É nessa época que as condições climáticas costumam ser mais estáveis. Evite o feriado de Obon (13 a 17 de agosto). Este período costuma atrair uma multidão de escaladores e consequentemente, congestionamento.
7. É possível escalar o Monte Fuji na baixa temporada?
Não é recomendado porque as condições climáticas costumam não ser favoráveis. No entanto, se assim mesmo você quiser arriscar, dependendo da época do ano, é possível pedir permissão especial ou contratar os serviços de uma agência que ofereça um guia especializado.
Vale lembrar que na baixa temporada pode não haver alojamentos disponíveis durante o percurso e muitas lojas também estarão fechadas, por isso terá que levar água e comida suficiente. Dependendo das condições climáticas, a estrada que leva à 5° estação (Fuji san Sky Line) também poderá estar interditada, dificultando ainda mais a subida.
8. Quais são as trilhas para escalar o monte Fuji?
Existem 4 trilhas que você pode escolher: Trilha Yoshida (Cor Amarela), Trilha Subashiri (Cor Vermelha), Trilha Gotemba (Cor Verde), Trilha Fujinomiya (Cor Azul). As trilhas Yoshida e Fujinomiya costumam ser as mais recomendadas para iniciantes por haver muitos alojamentos pelo caminho ao contrário das trilhas de Subashiri e de Gotemba.
Em todas elas é possível começar a subida a partir da 5° estação (em um total de 10), que é acessível a partir de um ônibus na base da montanha. Quanto ao tempo para chegar ao cume, dependerá da trilha, das condições climáticas do dia e do preparo físico de cada um, assim como congestionamento e parada para repousar, mas gasta-se em média de 6 a 8 horas.
Caso você vá com veículo próprio, na 5° estação há um amplo estacionamento, além de alojamentos e lojas de souvenires, mantimentos e objetos de escalada.
9. Respeite as regras locais
O Monte Fuji é o ícone nacional do Japão. Portanto, existe muitas regras que devem ser respeitadas. Algumas proibições são: causar danos à natureza à sua volta, deixar resíduos no meio do caminho, acampar em barracas próprias, fazer fogueira, arrancar plantas, perturbar os animais que vivem na região, remover lavas ou rochas vulcânicas, etc
Veículos só podem trafegar nas áreas designadas. Banheiros e alojamentos devem ser mantidos limpos após o uso. Todo o lixo que você juntar, deve ser levado embora. É recomendado levar moedas, pois é necessário pagar taxas para usar os banheiros.
10. Suba sem pressa…
Qualquer pessoa pode subir o Monte Fuji. Aliás é comum vermos famílias inteiras nessa empreitada, incluindo idosos e crianças. Apesar disso, a subida costuma ser cansativa e o ideal é você respeitar os limites do seu organismo. Afinal, você está a passeio, prestes a ter uma das melhores experiências da sua vida. Então, pra que tanta pressa não é mesmo?
O ideal é fazer a escalada em 2 dias. Você pode pernoitar nos alojamentos, que estão disponíveis a partir da 5° estação de cada trilha. Assim, poderá dormir, descansar e comer, e depois subir até o cume no início no segundo dia. Verifique o horário de funcionamento e não deixe de fazer a reserva antecipadamente, pois as cabanas costumam ficar lotadas.
11. Quanto custa ficar em uma cabana no Monte Fuji?
Se você decidiu pernoitar em uma cabana durante a subida, o que é uma decisão inteligente uma vez que com a energia recuperada, conseguirá alcançar o topo sem problemas, é altamente recomendável fazer reservas antecipadas. Caso não tenha feito, mas o cansaço bateu e decidiu passar a noite por lá, procure chegar até uma, antes do pôr do sol.
Se você optou pela trilha Yoshida, talvez tenha mais facilidade em encontrar vagas nas pousadas, mesmo sem reserva pois há muitas nessa trilha. No entanto, algumas não aceitam hóspedes que cheguem muito tarde da noite por isso é importante chegar cedo. Lembre-se de levar dinheiro, pois não aceita-se cartão de crédito em nenhum estabelecimento.
Os preços de uma pernoite costumam custar cerca de 5000 ienes por pessoa sem refeição e 7000 ienes, com refeição incluída! Muitos preferem fazer a subida em apenas 1 dia, a fim de economizar dinheiro, mas conforme chega-se mais perto do topo, o cansaço é inevitável devido à altitude e frio. Por isso não hesite em recorrer às pousadas se achar necessário.
12. Goraiko, o nascer do sol do Monte Fuji
A maioria das pessoas tem o objetivo de assistir o nascer do sol no topo da montanha. Se você é uma delas, fazer um planejamento será necessário para que consiga alcançar o topo antes disso acontecer. No verão, o nascer do sol ocorre entre 4:30 e 5:00 da manhã. Quem passou por essa experiência diz que é fenomenal e faz valer todo o esforço e cansaço.
Vale lembrar que para assistir a um belo nascer do sol, vai depender das condições climáticas. Tempo chuvoso e neblina pode interferir negativamente a experiência. Consulte as previsões de tempo antecipadamente a fim de garantir uma boa visão do goraiko (nascer do sol).
13. Como evitar passar mal durante a subida?
Infelizmente isso acontece com muitas pessoas. Nem sempre o corpo reage bem com o cansaço e com a altitude que torna o ar rarefeito. É normal algumas pessoas sentirem dor de cabeça, vômitos, tonturas, falta de ar, etc. Uma forma de amenizar esses sintomas é ingerindo água regularmente, descansar durante o percurso e fazer o trajeto em ritmo mais lento.
Como medida preventiva, é bom levar bomba de oxigênio para ser usado caso seja afetado pelo mal da montanha (falta de ar em grandes altitudes). Na 8° Estação que fica a uma altitude de 3.250 metros, há um Centro de primeiros socorros, onde você pode consultar o médico se você estiver mal. Você também pode ligar para o número 110 ou 119 em qualquer emergência.
14. Não esqueça de levar sua câmera
Uma experiência indescritível como essa merece ser compartilhada com amigos e familiares ou ser relembrada eternamente através de vídeos e fotografias. Portanto, não esqueça de levar sua câmera para registrar toda a escalada e gravar o lindo nascer do sol no cume.
15. Ohachi-meguri: A cratera do Monte Fuji
Ao chegar no topo você encontrará o santuário Sengen-taisha, dedicado à Princesa Konohanasakuya, a divindade Shinto do Monte Fuji, assim como cabanas de montanha. Vale a pena ficar um tempo por lá, explorando cada cantinho do cume, e dar a volta ao redor da cratera que possui cerca de 820 metros de profundidade e 1.600 metros de diâmetro.
Afinal, não é sempre que temos a oportunidade de conhecer uma cratera de um vulcão não é mesmo? Leva-se cerca de 1 hora para dar a volta em torno de toda a cratera, chamada de ohachi-meguri, que significa literalmente “circulando a tigela”. Se o seu fôlego permitir, alcance o Pico Kengamine, que é ponto mais alto do Monte Fuji (e também de todo o Japão).
16. O que levar para subir o Monte Fuji?
Você vai precisar levar alguns acessórios essenciais tais como lanterna (de preferência aquela acoplada na cabeça para deixar suas mãos livres), bota de trekking, meias, luvas, bengala para auxiliar a subida e descida, roupa impermeável, boné ou chapéu, sacos de lixo, óculos de sol, água, alimentos, caixa de primeiros socorros, papel higiênico, mochila, etc.
Durante o percurso, você encontrará bebidas e comidas para comprar, mas os preços são elevados, por isso é importante levar alguns mantimentos. Uma dica é levar bebidas em gel, ricas em vitaminas e açúcares, que garantem energia e ocupam pouco espaço dentro da mochila e bebidas ricas em sais minerais como Aquarius ou Pocari Sweat.
Esse tipo de bebida ajuda a prevenir desidratação e, por conterem sais, retém o líquido no corpo, diminuindo as idas ao banheiro. Leve também lanches leves como doces, biscoitos, etc, bem como algumas roupas extras. Leve também seu Smartphone para acessar a internet se quiser. Há oito hotspots de wi-fi na montanha – incluindo um no cume.
Abaixo, você pode ver pessoas subindo o monte Fuji em tempo real. A câmera live cam foi instalada na 8ª estação da trilha de Yoshida. Dependendo do horário ou se o dia estiver muito nublado, pode ser que não dê pra ver muita coisa… mas fica a dica.
17. A descida é tranquila?
O ditado que diz “Pra baixo todo santo ajuda” não se aplica nesse caso. Embora a descida possa ser feito em menos tempo, não é tão tranquila assim. O caminho é íngreme em alguns pontos e há muitas rochas soltas pelo caminho. O cajado comprado no início da viagem será muito útil na descida, pois ajudará a reduzir o impacto nos joelhos.
Além disso, esse cajado pode ser carimbado a cada estágio vencido (em um total de 10), o que será uma boa recordação após ter conseguido superar todos esses grandes desafios. Na hora de descer, atenção redobrada para não acabar pegando a trilha errada.
A descida da Yoshida Trail é a mesma da Subashiri Trail até a 8ª estação, mas divergem a partir desse ponto. Muitas pessoas não percebem essa junção e acabam tomando a rota errada. Embora tenha placas e instruções de áudio, muitas pessoas seguem a multidão e esquecem de verificar a trilha pela qual vieram, indo parar em outra província.
Enfim, essas foram as nossas dicas… Espero que possa ter ajudado a esclarecer algumas dúvidas de quem deseja subir ao topo do Monte Fuji. Caso não se sinta realmente seguro e necessite de um guia, você pode contratar o FYG (Fuji-Yama Guides). Também recomendo que veja os links abaixo do site oficial e de relatos de quem já passou por essa experiência:
http://www.fujisan-climb.jp/
http://www.outofyourcomfortzone.net/pt/a-forma-mais-barata-de-escalar-o-monte-fuji-no-japao-outras-informacoes/
https://viagem.uol.com.br/ultnot/2009/05/09/ult4466u574.jhtm
Fonte: Japão em Foco