Numa tradução livre, a palavra japonesa izakaya significa lugar para se sentar e tomar um saquê. Em outros termos, aportuguesando, nada mais é do que um bom boteco — embora, na hora de explicar, os moradores do Japão possam falar em pub. A cada esquina no país do Oriente é possível encontrar um desses bares. Por lá, nada de hot filadélia ou combinados. São comidas bem típicas, espécies de petiscos, como salada de batata e sanduíche de porco à milanesa. Em São Paulo, os izakayas já dominam as ruas. A explicação é simples: a cidade tem a maior colônia de japoneses fora do Japão.
Na Zona Sul do Rio, o Mok abriu as portas timidamente há três anos. Foi uma bem-sucedida tentativa do dono Eduardo Preciado de introduzir a cultura. Para isso, optou por agregar as comidinhas ao cardápio do Minimok de Ipanema, restaurante de gastronomia japonesa que hoje tem 22 anos. O Mok, no entanto, nunca teve uma casa própria.
— Já fui ao Japão dez vezes, e, muito mais do que a cultura do sushi, os japoneses têm a cultura dos izakayas. Eles estão em todas as esquinas, vão de negócios formais a informais, tocados pela própria família, com o marido no balcão e a mulher atendendo. São lugares onde as pessoas vão depois do trabalho para compartilhar pequenas porções, beber saquês e cervejas. Comparando, é a típica cultura do nosso boteco. Alguns são mais focados em saquês, outros em frutos do mar, outros em espetinhos… Tem de tudo um pouco — explica Preciado.
Foi o Pabu Izakaya, inaugurado ano passado no Leblon, o primeiro deste tipo a funcionar em espaço próprio na região. Com ambiente descolado e um grande balcão em U, as pessoas podem experimentar, por exemplo, a famosa duplinha de lagostim, a Buta Kakuni, uma barriga de porco cozida em shoyu adocicado, ou o Ramen, com massa fresca e caldo de porco. Em agosto passado, após boa recepção do público, os mesmos sócios (um deles é o Preciado) decidiram abrir o Kō Bā Izakaya, Ipanema.
— Os izakayas são a experiência mais autêntica do Japão. Tem tudo a ver com o Rio, porque carioca adora um bar. É uma gastronomia bem pensada, servida num lugar superinformal. Fazemos negócios que gostaríamos de frequentar. São comidas extremamente tradicionais, embora quem more no Rio ache que o comum é o sushi. Muita gente chega perguntando de combinados, mas depois entende o conceito do izakaya e gosta muito — diz o chef Luiz Santos, que trabalha junto com os também chefs Cristiano Lanna e Erik Nako, numa criação a seis mãos, sem muitas brigas e com parceria e compreensão.
— Cada um acrescenta no trabalho do outro — afirma Santos.
Como a cozinha e o salão do Kō Bā são maiores do que a do Pabu, o cardápio ganhou algumas variações e exclusividades, todas inspiradas nas andanças dos três pelas cidades japonesas. Uma delas é o Okonomiyaki, um meio-termo entre uma panqueca e um omelete, recheado de legumes com camarão, bacon, molho de ostra, mayo e katsuobushi. Para os vegetarianos, o recheio pode ser de cogumelos. Há, também, três opções de menu executivo para o almoço. Para petiscar, uma sugestão é o Kare-okke, croquete de peixe, camarão e batata-doce ao curry. A carta de saquês é vasta, uma preocupação dos próprios sócios, e conta com 22 rótulos, incluindo o saquê da casa, um Futsu-shu, ideal para o dia a dia. Para completar a experiência oriental, nada mais típico do que karaokê. Toda segunda-feira, os clientes podem se divertir. Para desinibi-los, que tal uma dose de saquê grátis? Mas isso é só para os primeiros a chegar.