Para você que nunca teve muito contato com o mundo geek, talvez seja a primeira vez que esteja ouvindo falar de “Magic: The Gathering”. Nesse caso, o que não sabe é que, além de ser o primeiro TCG comercializado, ele é responsável por unir diversos jogadores em circuitos competitivos de duelos entre Planeswalkers para todo tipo de eventos, Grand Prix e Pro Tours pelo mundo afora.
Para começar, vale dizer que “Magic” originou o conceito de cartas colecionáveis em que o próprio jogador é responsável pela criação de sua coleção ou baralho que irá usar nas partidas. Por isso, o nome Trading Card Games — ou, como falamos acima: TCG — é usado para identificar jogos do gênero. Outros exemplos muito conhecidos são os títulos, como Pokémon, Yu-Gi-Oh! ou Hearthstone. Este último, aliás, bastante conhecido por seus criadores serem grandes fãs de “Magic”.
O duelo
A premissa das partidas de “Magic: The Gathering” é que você, nobre jogador, na verdade é um grande mago que tem o poder de viajar entre diferentes planos da existência dentro do Multiverso. Suas batalhas são contra outros iguais a você: os tão poderosos Planeswalkers. As cartas nada mais são do que mágicas e artefatos que pode chamar para sua assistência e, para invocá-las, precisa fazer uso do mana, a energia que rege os planos e dá força a sua magia.
Basicamente, isso representa o seu deck (ou baralho, como preferir). Nele, existem dois tipos distintos de cartas: as geradoras de mana, comumente representadas por cinco cores de terrenos; e as mágicas, que são separadas entre criaturas, artefatos, mágicas instantâneas, feitiços, encantamentos, entre outras. O jogo por si só renderia algumas páginas de explicação. Então, para facilitar sua compreensão, separamos um vídeo oficial que explica exatamente como funciona o duelo:
Se você não manja muito de inglês, mas ficou interessado no jogo, pode ficar tranquilo. Se resolver comprar algum deck para testar, os modelos prontos sempre vêm com instruções de jogo e um folhetinho com regras para não o deixar perdido. Vale dizer ainda que algumas coleções são sim traduzidas para o português e outros idiomas.
Caso queira uma prévia rápida de como funciona, “Magic” pode ser facilmente resumido em: compre sete cartas, coloque em jogo a mana e as mágicas que precisa, faça o combate e espere a vez do inimigo. Repita até que um de vocês perca seus vinte pontos de vida, fique sem cartas ou expresse a típica cara de frustração que precede a derrota.
Existem atualmente mais de 15.000 cartas em “Magic”, e, com elas, diversos decks podem ser criados para atender qualquer gosto fantasioso. Há desde dragões cuspindo fogo, fadas assassinas, esfinges desintegrando seus inimigos e goblins fazendo o que goblins fazem de melhor: irritar o oponente até sua destruição iminente.
O começo de tudo
“Magic: The Gathering” (ou MTG, agora que você já está entre os mais chegados) nasceu com a proposta de ser um jogo compacto em que cada jogador pudesse ter seu próprio baralho de cartas colecionáveis. Isso em uma época que existiam apenas jogos de tabuleiro e RPGs de mesa que precisavam de diversas peças avulsas para compor uma simples partida.
Basicamente, o desafio que Richard Garfield, o criador do game, lançou com o modelo inédito de jogo que tinha em mente era o de desenvolver um bando de cartas com regras e efeitos diferentes e que, dentro de um baralho montado pelo jogador, pudesse batalhar com o do adversário. Isso tudo, é claro, dentro de um grupo de regras que fazia a partida ter o mínimo de lógica envolvida.
O sucesso e a evolução
É bem costumeiro escutar que as cartas antigas são as mais poderosas até os dias atuais, mesmo depois de tantas coleções lançadas. Isso porque, no início, as regras ainda não tinham tantas formas como atualmente (e, acredite, existem muitas). Mesmo depois dos anos darem diversas versões para algumas delas, muitas cartas ainda possuem um poder absurdo dentro do contexto de “Magic”.
Atualmente, elas também começaram a ser separadas em níveis de raridade, o que funciona para os jogadores notarem quase de imediato se valem de fato alguma coisa ou se seu potencial é baixo. Isso criou um mercado de compra e venda de cartas – planejado desde o início, convenhamos – que hoje em dia mais se parece com a bolsa de valores (mas calma, que sobre esse assunto daremos uma atenção especial mais tarde).
Como dito acima, o conceito de “Magic” foi inovador por si só. No entanto, o jogo não consiste apenas em um punhado de cartas que fazem truques diferentes. Elas possuem história, uma conexão entre personagens e momentos que fazem do Multiverso algo vivo e bem construído. Além das frases de poucas palavras encontradas nelas – os famosos flavor texts –, as lendas dos milhares planos existentes podem ser encontrados em livros, caixas com decks ou cards temáticos.
As coleções também mostram em seus cenários elementos que conversam entre si. Não só o visual e a arquitetura, representando um plano específico, mas também as mecânicas de jogo. Cartas de mesma espécie e cor, por exemplo, possuem sinergia o suficiente para montar um deck dedicado àquela temática.
Uma das principais características que deixaram “Magic” até hoje com a coroa nas mãos foi a habilidade de agradar diversos gostos. O jogo conta com muitas modalidades que garantem que cartas criadas lá na década de 90 possam ser aproveitadas, porém sem atrapalhar o desempenho das mais recentes com menos poder, graças aos diversos balanceamentos que o game sofreu com os anos.
Algumas das principais modalidades do jogo têm eventos competitivos que contemplam o mundo inteiro, como o Grand Prix e Pro Tour. E, caso você esteja se perguntando, os prêmios em campeonatos reconhecidos podem muito bem chegar aos 50 mil dólares. Claro que, até se tornar um jogador digno de ser convidado a um evento dessa magnitude, é necessário um pouquinho de prática.
Um passo (ou vários) para o digital
“Magic” tentou algumas vezes apresentar uma versão do título que competisse no cenário digital, porém sem perder a essência do que dizia respeito ao jogo. No entanto, com tantas opções mais descomplicadas (lembra-se do Hearthstone?), somente chamou de fato a atenção do público com o lançamento do beta de “Magic Arena”.
Além da versão digital mais recente contar com um visual que é de cair o queixo, o título se mantém fiel ao modelo que a Wizards of the Coast planejou para o jogo físico. As regras são as mesmas, e a ambientação é formulada para que o contexto do game faça sentido com o cenário. As cartas podem ser adquiridas através de compra ou simplesmente ganhando partidas, e, como não poderia faltar, uma coleção especial delas está disponível apenas em “Magic Arena”, para deixar os jogadores na vontade de completar realmente sua coleção.
Para os antigos fãs de “Magic”, a graça está em se encontrar em sua loja de jogos favorita para praticar com seus amigos. Nesse sentido, realmente é necessário colocar a mão no bolso e investir em um deck que desperte sua curiosidade. Mas, se você não sabe por onde começar, entenda que existem decks pré-montados que podem ser um bom começo para sua coleção.