Anualmente, desde 1995, a Sociedade de Exame de Proficiência em Kanji (財団法人日本漢字能力検定協会 Zaidan hojin Nihon Kanji Noryoku kentei kyokai) elege o kanji do ano (今年の漢字, kotoshi no kanji) numa cerimônia formal no templo Kiyomizudera na cidade de Kyoto.
A cerimônia ocorre anualmente no dia 12 de dezembro (Dia do Kanji) e o anúncio do kanji vencedor é feito pelo sacerdote principal do templo, através do Shodo (書道), a arte tradicional da escrita japonesa. O objetivo do Kanji do Ano é escolher um ideograma que melhor defina o ano que está por terminar. A votação é popular e abrange todo o território japonês.
De acordo com a Sociedade Japonesa de Proficiência em Kanji, o caractere “sai” que significa “desastre” foi o kanji mais popular escolhido pelo público, recebendo 20.858 votos, que corresponde a 10,8% do total de 193.214 enviados por cartão postal e on-line.
O kanji “sai” ou “wazawai” (災, desastre, infortúnio) foi o escolhido deste ano devido a uma série de eventos naturais que atingiram o país como terremotos, calor excessivo, chuvas torrenciais, inundações e tufões, sem contar as calamidades que vieram à tona referentes ao roubo de criptomoedas e a descoberta do assédio por treinadores no mundo esportivo.
Em segundo lugar, com 8,3% dos votos, ficou o caractere “hei” ou “taira” (平, paz, pacífico). Este kanji faz parte também da era imperial vigente, “heisei“, que chegará ao fim no final de abril de 2019 com a abdicação ao trono do atual Imperador Akihito. Ainda não se sabe o nome da próxima era, que será com o seu primogênito e sucessor Naruhito.
Também relacionado com a abdicação de Akihito e ao “fim de uma era”, o terceiro lugar foi para “shū ou “owaru” (終, fim) com 11.013 votos (5,70%). Outros ideogramas que conseguiram alguma posição são “fū” ou “kaze” (風, vento) com 4.212 votos, “hen” ou “kawaru” (変, mudança, transição) com 3.893 votos, “sho” ou “atsui” (暑, calor), com 3.785 votos.
A escolha deste ano referiu-se à grande quantidade de desastres naturais que afligiram o arquipélago em 2018 – terremotos graves nas províncias de Osaka, Hokkaido e Shimane, uma série de tufões que atingiram as costas do país, chuvas torrenciais que causaram deslizamentos e inundações, e o calor recorde observada no verão deste ano.
Com essa escolha, espera-se que aumente a conscientização pública sobre a importância de medidas de prevenção de desastres. “No próximo ano, com o novo reinado imperial, esperamos que o país lide com um menor número de desastres naturais”, ressaltou a JKAF.
Além dos eventos ocorridos no Japão, foram levados em conta eventos ocorridos em outras partes do mundo como a erupção em junho do Vulcão do Fogo em Guatemala que deixou quase 200 mortos e os incêndios devastadores que varreram a Grécia e o oeste dos EUA.
Vários desastres provocados pelo homem também ganharam as manchetes neste ano, com escândalos envolvendo assédio no mundo dos esportes, moedas virtuais (criptomoedas) roubadas e documentos alterados relacionados à venda de terras pelo Ministério da Fazenda.
Com dois kanjis negativos consecutivos selecionados nos últimos dois anos, alguns comentaristas expressaram desapontamento pelo fato de um kanji mais positivo não ter sido selecionado para ajudar a terminar o ano com uma nota mais esperançosa.
No ano passado, o ideograma “norte” foi selecionado como kotoshi no kanji 2017, refletindo o aumento das tensões entre as provocações nucleares e de mísseis da Coréia do Norte. Dois mísseis de teste norte-coreanos chegaram a sobrevoar o território japonês.
Confira os outros Kanjis escolhidos nos anos anteriores:
Fonte: Japão em Foco