Estamos acostumados a sempre ouvir que sorrir é o melhor remédio, mas, pelo visto, essa máxima não funciona em todos os lugares do mundo. Na verdade, o contrário é tão forte que, para algumas culturas, sorrir é sinal de falta de inteligência. Vixe!
Em russo, há um ditado que diz que “sorrir sem razão é um sinal de estupidez” e, realmente, russos não são acostumados a mostrar os dentes com muita frequência. De acordo com o depoimento de Olga Khazan, filha de russos, mas que cresceu nos EUA, os conterrâneos de seus pais, quando em território norte-americano, se espantam com o fato de que as pessoas sorriem até mesmo para estranhos.
Aqui no Brasil nós temos o costume de sorrir também, ainda que algumas regiões tenham a fama de ser menos simpáticas do que outras – mas também não dá para querer que o curitibano distribua sorrisos com o frio que passa da mesma maneira que o carioca sorri enquanto corre na praia, convenhamos.
Sorrir para quê?
Brincadeiras regionalistas à parte, uma pesquisa realizada por Kuba Krys, da Academia Polonesa de Ciências, revelou que, de fato, em alguns países o ato de sorrir de nada tem a ver com simpatia ou mesmo com respeito – na verdade, nesses lugares, sorrir é um carimbo de que a pessoa é boba, de pouca inteligência.
De acordo com Krys, isso pode ter relação com um fenômeno psicológico chamado de “aversão à incerteza”. Quando uma cultura tem baixas escalas de aversão à incerteza, geralmente ela tem sistemas sociais instáveis, o que prejudica o funcionamento de tribunais, sistemas de saúde, políticas de segurança e assim por diante. Para essas pessoas, o futuro é visto como imprevisível e incontrolável.
Como sorrir é um sinal de confiança, as pessoas que vivem em países com baixas escalas de aversão à incerteza podem se sentir estranhas quando sorriem, afinal o prognóstico não anda muito bom. Nesses casos, a situação social é tão preocupante que interfere no inconsciente coletivo de uma população, de modo que ela deixe de ver razões para sorrir.
Por outro lado, em sociedades corruptas o sorriso pode ser visto como uma expressão falsa, afinal, quando todo mundo quer mais é se dar bem, fica difícil saber quem está sendo sincero e quem não está. Ah, as sociedades modernas…
Em sua pesquisa, Krys reuniu as respostas de 44 pessoas de diferentes países. Esses voluntários tiveram que avaliar uma série de oito fotos de rostos com sorrisos diversos e também com expressões sérias – a tarefa era basicamente dizer quais expressões eram verdadeiras e quais eram falsas e, em seguida, relacionar essa questão da honestidade com inteligência. Ao final, as respostas foram comparadas com um estudo de 2004, que avaliou níveis de corrupção em 62 sociedades.
Resultados
Entre os países que consideram pessoas sorrindo como mais inteligentes estão a Alemanha, a Suíça, a China e a Malásia. Por outro lado, pessoas sorridentes são vistas como pouco inteligentes no Japão, na Índia, no Irã, na Coreia do Sul e, claro, na Rússia. Já na Argentina e nas Maldivas, o sorriso é fortemente associado com a falta de honestidade.
“Essa pesquisa indica que a corrupção em níveis sociais pode enfraquecer o significado de um sinal evolutivo tão importante como o sorriso”, disse Krys. De fato, é intrigante perceber que fatores políticos e econômicos têm o poder de moldar a forma como toda uma população expressa sentimentos e reage a esses eventos sociais. O que você pensa sobre isso? Acha que se adaptaria vivendo em um país de gente que não sorri?