Estamos cansados de ouvir que a palavra “saudade” só existe em português. É intraduzível.
O Google a define como “sentimento melancólico devido ao afastamento de uma pessoa, uma coisa ou um lugar, ou à ausência de experiências prazerosas já vividas”.
Então, como é possível sentir saudade daquilo que não vivemos? Qual seria a palavra certa para esse buraco que sentimos no peito, ao pensar em tantas coisas que poderíamos ter vivido?
Aquele show que não fomos. A viagem que não fizemos. O final de semana planejado, mas que não passamos juntos.
Que palavra define aquilo que não aconteceu? A expectativa frustrada? A ausência de experiências prazerosas que poderíamos ter vivido?
É difícil continuar, seguir em frente, quando estamos presos a momentos que ainda não vivemos. Desapegar de memórias que não existem, mas que ainda esperamos viver. Por isso dói tanto, e não conseguimos seguir em frente. Porque queremos vivê-las! E é difícil abandonar algo que queremos tanto, que não tivemos oportunidade de viver, e que lá no fundo, sabemos que não vai acontecer mesmo.
Mas a verdade é que precisamos seguir nosso caminho. Construir novas lembranças, novas memórias, novas decepções.
Porque é disso que a vida é feita, altos e baixos, chegadas e partidas… uma montanha russa maluca e infinita!
E quando a gente para, perdemos a chance de viver coisas reais!
Queria muito trazer aqui uma fórmula mágica para acabar com esse sofrimento. Um sentimento tão forte que parece físico, e dá vontade de arrancá-lo com a mão de dentro do peito, queimá-lo, triturá-lo, de alguma forma garantir que vá embora para sempre. Apagar os pensamentos, deletar o desejo, mandar tudo embora em água corrente, ou reinstalando o sistema. Infelizmente, não é tão fácil assim.
E se eu pudesse dar um conselho, eu diria: chore, sofra, viva o luto. Sim, o luto é necessário, para que possamos enterrar as coisas de vez e seguir em frente, sem rancor, sem tristeza e sem fantasmas. Porque o amor tem que ser leve. E o que tiver que acontecer, tem que ser natural, fácil, gostoso.
Se o faz sofrer, não tem que ser para você. Se é difícil, também não. E se for para sofrer, que seja por memórias reais, bem vividas e muito bem aproveitadas!