Embora não tenha poderes políticos, o Imperador Akihito é um homem muito respeitado pela população japonesa. Além de ser uma figura carismática, podemos dizer que o Imperador Akihito foi um homem pioneiro em vários sentidos, pois teve a oportunidade de quebrar uma série de paradigmas envolvendo a família real.
Resolvi reunir uma série de fatos incríveis sobre esse pequeno grande homem que com certeza vai fazer você se surpreender
1. O único monarca do mundo com o título de Imperador
Akihito é o único do mundo a manter o título de Imperador. De acordo com a Constituição Japonesa de 1947, que extinguiu o Império do Japão, o imperador é “o símbolo do estado e da unidade do povo” japonês.
2. Ele faz parte da monarquia hereditária mais antiga do mundo
O Trono do Crisântemo é a mais antiga monarquia hereditária do mundo. Segundo registros oficiais, a linha imperial japonesa se mantem ininterrupta por mais de 14 séculos. Akihito é o 125° Imperador do Japão, descendente direto de Jimmu, primeiro imperador do Japão, por volta de 660 aC.
3. Foi o primeiro imperador japonês a não ser tratado como Deus
Até a II Guerra Mundial, o Imperador era tratado como uma divindade no Japão. Com a derrota e com a nova constituição de 1947, o Imperador perdeu esse status e todos seus poderes políticos. Apesar da sua posição simbólica, ainda é considerado a mais alta autoridade da religião xintoísta e, juntamente com sua família, é tido como descendente direto da deusa Amaterasu.
4. Na verdade, ele não é chamado como Akihito
No Japão, não é costume chamar o imperador pelo seu verdadeiro nome. No caso de Akihito, ele foi criado como príncipe Tsugu e depois que aderiu ao trono, passou a ser chamado oficialmente como “Tennō Heika” (Sua Majestade, o Imperador), “kinjō Tennō” (Imperador Reinante) ou “Heika” (Vossa Magestade).
5. Foi o primeiro a se casar com uma plebeia
Akihito foi o primeiro príncipe herdeiro japonês a se casar com uma plebeia. Michiko Shoda era filha de um milionário empresário e os dois se conheceram em Karuizawa, província de Nagano durante uma partida de tênis. Segundo contam, a mãe de Akihito, a Imperatriz Kōjun, foi contra a união.
Mas o noivado e o casamento foi autorizado pelo Conselho da Casa Imperial – um corpo formado pelo primeiro-ministro do Japão, pelos oficiais da Dieta do Japão, pelo juiz da Suprema Corte e por dois membros da família imperial, mesmo contrariando a vontade dos mais tradicionalistas. A cerimônia de casamento de Akihito e Michiko ocorreu em 10 de abril de 1959.
6. Inaugurou o Período Heisei
Com a morte do seu pai, o Imperador Hirohito, também chamado de Imperador Showa, em 7 de janeiro de 1989, Akihito assumiu o trono, inaugurando o atual Período Heisei. No Japão, os períodos são separados pelo tempo de governo de cada imperador. Heisei pode ser traduzido como “estabelecer a paz.”
7. Reconheceu sua ascendência coreana
Olhando para o passado da China, Coréia e Japão, percebemos o quanto a história, cultura e língua desses países, estão interligados. Porém, devido ao passado tumultuado entre Japão e Coreia, tornou-se tabu para o Japão reconhecer a forte influência da Coréia na cultura japonesa.
Mas, durante uma conferência de imprensa no ano de 2001, Akihito com toda sua humildade, reconheceu que havia sangue coreano na família imperial japonesa. Sua atitude com certeza não deve ter agradado os mais nacionalistas, mas com certeza foi motivo de muito orgulho para muitos outros.
8. O primeiro Imperador a pedir para ser cremado
No Japão, os 124 imperadores estão sepultados em túmulos ou tumbas gigantes, desde Jimmu, o primeiro imperador até o pai de Akihito, o imperador Showa. Mas Akihito foi o primeiro a contrariar essa tradição milenar, ao pedir para ser cremado, assim como acontece a todos os mortais japoneses.
Esse pedido controverso ocorreu há uns anos, quando Akihito, aos 78 anos de idade estava com a saúde bastante fragilizada. Outro pedido dele é o de compartilhar o mesmo túmulo com sua esposa. Normalmente, imperadores e imperatrizes são enterrados em sepulturas separadas, mas Akihito quer permanecer ao lado de sua esposa Michiko mesmo após a morte.
9. Ele é um ambientalista convicto e ictiólogo nas horas vagas
Akihito é um ambientalista convicto. Ele adora falar sobre questões ambientais e sobre biodiversidade. Ele fez de tudo para que uma grande parte do terreno Palácio imperial fosse cercado por natureza selvagem e chamou entomologistas para pesquisar e catalogar as espécies de insetos que vivem lá.
Akihito também é um grande estudador da vida marinha e já publicou 38 artigos acadêmicos sobre Góbios no Jornal japonês de Ictiologia e outras revistas acadêmicas desde 1967. Góbios são pequenos peixes encontrados nos fossos do Palácio Imperial e presentes também em lagos, áreas costeiras e recifes. Uma espécie inclusive, leva seu nome como homenagem: Exyrias Akihito.
10. Ele é um grande Embaixador da Paz
Akihito nasceu um ano depois do Japão invadir a Manchúria e tinha onze anos quando a Segunda Guerra Mundial terminou. Nem é necessário dizer que a guerra lhe deixou marcas profundas, pois desde criança, Akihito conviveu e pode ver de perto os estragos que uma guerra é capaz de causar.
Por este motivo, Akihito adotou uma postura pacifista com o firme propósito de promover a paz. As tristes lembranças da guerra jamais saíram da sua mente e por isso, fez incansáveis visitas a locais como Hiroshima, Nagasaki e Okinawa, para dar conforto e alento às pessoas que foram vítimas da guerra.
11. Participou da criação dos seus filhos
Por ser o filho mais velho do imperador Hirohito e Imperatriz Nagako, com 3 anos de idade Akihito foi levado para longe dos pais para receber uma educação digna de um herdeiro, cercado por babás, professores e médicos. Alguns dos momentos mais marcantes da sua infância foram os retiros à beira-mar, onde ao lado do pai, o Imperador Hiroíto, coletava espécimes da vida marinha.
Akihito diz ter sentido muita falta desse vínculo com os pais e por isso, a Imperatriz Michiko decidiu cuidar pessoalmente da educação dos filhos, mesmo com a vida atarefada que levava. Tanto ela como Akihito foram muito presentes na criação dos seus três filhos, Naruhito, Akishino e Sayako.
12. Seu primeiro discurso público direcionado ao povo japonês
O imperador Akihito sempre gostou de ter uma vida discreta e de ficar longe dos holofotes, mas uma atitude sua realmente impressionou os japoneses. Em 16 de março de 2011, Akihito fez seu primeiro discurso em rede nacional japonesa. Até então, ele nunca havia se pronunciado publicamente.
Outra coisa que impressionou foi seu discurso em linguagem coloquial, sem nenhum tipo de formalidade ou linguagem rebuscada. No discurso, ele expressou sua preocupação com a crise nuclear e pediu ao povo japonês que fosse forte para superar os tempos difíceis que ainda teriam pela frente.
13. Ele é o mais popular dentre todos os imperadores
Desde que assumiu o trono em 1989, Akihito se preocupou em estar mais próximo possível do povo japonês, ao contrário de seus antecessores que eram altamente inatingíveis. Ele é de longe, o imperador que mais viajou pelo Japão. Também já visitou mais de 55 países em 36 viagens ao exterior.
Como Príncipe, Akihito comparou o papel da realeza Japonesa aos robôs e expressou sua vontade e esperança de trazer a família Imperial mais perto do povo japonês. Na sua entronização, ele disse: “Eu prometo que sempre estarei junto com o povo japonês e que sempre defenderei a Constituição”.
Junto com a imperatriz Machiko, Akihito fez questão de ir pessoalmente nas áreas devastadas pelo terremoto de Kobe em 1995 e terremoto de Tohoku em 2011, onde confortou as vítimas com palavras de apoio e solidariedade. Nunca antes na história do Japão, houve um imperador com uma postura assim.
Além disso, ele se desculpou publicamente aos países que sofreram ataques do Japão no passado, especialmente no governo de seu pai durante a Segunda Guerra Mundial. Aos 81 anos de idade, Akihito já deu muitas provas de sua humildade, do seu caráter justo e sereno e do seu amor ao povo japonês.
Fonte: Japão em Foco