Oito anos após a crise nuclear de Fukushima, no Japão, um novo obstáculo ameaça minar a grande operação de limpeza. Um milhão de toneladas de água contaminada precisa ser armazenada, possivelmente durante anos, na usina de energia.
No ano passado, a Tokyo Electric Power (Tepco) disse que um sistema que deveria purificar a água contaminada não conseguiu eliminar contaminantes radioativos perigosos.
![Contador Geiger mostra nível de radiação em 54 microsievert por hora em um dos reatores nucleares da usina de Fukushima, no Japão — Foto: Issei Kato/Reuters Contador Geiger mostra nível de radiação em 54 microsievert por hora em um dos reatores nucleares da usina de Fukushima, no Japão — Foto: Issei Kato/Reuters](https://i0.wp.com/s2.glbimg.com/hXUUtqpr9FaxpQ_pHEG83q8M4-4=/0x0:5412x3655/1008x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2019/J/p/cWlCGjThWuflWLSUpPmg/2019-03-08t070809z-183305250-rc1be9eb89e0-rtrmadp-3-japan-nuclear-water.jpg?ssl=1)
Isso significa que a maior parte dessa água, estocada em mil tanques ao redor da usina, terá que ser reprocessada antes de ser liberada no oceano, o local mais provável para seu descarte.
O reprocessamento pode levar quase dois anos e desviar pessoal e energia do desmantelamento dos reatores atingidos pelo tsunami de 2011 – projeto que exigirá até 40 anos.
Não está claro quanto tempo isso adiaria a desativação, mas qualquer atraso pode sair caro. Em 2016 o governo estimou que o gasto total do desmantelamento da usina, da descontaminação das áreas afetadas e das indenizações chegará a US$ 192,5 bilhões – cerca de 20% do orçamento anual do país.
Risco de novo acidente
![Trabalhadores da Tepco observam barreira para impedir vazamento de água contaminada na usina de Fukushima, no Japão — Foto: Issei Kato/Reuters Trabalhadores da Tepco observam barreira para impedir vazamento de água contaminada na usina de Fukushima, no Japão — Foto: Issei Kato/Reuters](https://i0.wp.com/s2.glbimg.com/Y4I28VuD4187rINMCtUE9oluGRk=/0x0:5680x3840/1008x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2019/6/6/JJB3YBSWqrvhGl92U3OA/2019-03-08t070806z-1870573687-rc1968fe0000-rtrmadp-3-japan-nuclear-water.jpg?ssl=1)
A Tepco já está ficando sem espaço para armazenar a água tratada. Caso aconteça outro grande terremoto, especialistas dizem que os tanques podem rachar, liberando líquido contaminado e lançando destroços altamente radioativos no oceano.
Os pescadores que lutam para reconquistar a confiança dos consumidores são veementemente contrários à liberação da água reprocessada no mar – procedimento considerado inofensivo pela vigilância nuclear japonesa, Autoridade de Regulamentação Nuclear (NRA).
![Terremoto seguido de um tsunami devastou a região de Fukushima em 2011 — Foto: Hiro Komae/AP Terremoto seguido de um tsunami devastou a região de Fukushima em 2011 — Foto: Hiro Komae/AP](https://i0.wp.com/s2.glbimg.com/5ph-iOm7PKMigJvcN7qcr21_u9w=/0x0:1700x1132/1008x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2017/Q/t/IhncVqSxGuAizzRp4qIw/japan-tsunami-six-yea-fran.jpg?ssl=1)
A coleta do ano passado foi só 15% dos níveis pré-crise, em parte por causa da relutância dos consumidores em consumir peixes fisgados nos arredores de Fukushima.
Durante uma visita à usina arruinada de Fukushima Dai-ichi no mês passado, viam-se guindastes enormes pairando sobre os quatro edifícios dos reatores à beira-mar e operários em cima do terceiro edifício preparando equipamentos para erguer bastões de combustível usados de suas piscinas de contenção, um processo que pode começar no mês que vem.