Você já deve ter ouvido falar do escritor francês Honoré de Balzac, certo? Uma característica marcante de seus textos está no ponto de vista psicológico como formava suas personagens. Seu livro mais conhecido é “A Mulher de Trinta Anos”, que levou mais de uma década para ser escrito.
Se você está se perguntando qual é a relação desse escritor com o café, talvez se espante, mas Balzac costumava tomar 50 xícaras da bebida por dia, segundo ele próprio.
O portal New Yorker publicou um artigo no qual explica que, quando bebemos alguma coisa com cafeína, a substância começa a agir rapidamente em nosso sangue e cérebro, o que causa o bloqueio das atividades da adenosina, cujas funções são relacionadas à diminuição de energia e, consequentemente, à indução ao sono. Quando isso acontece, ficamos mais acordados e temos a sensação de que conseguimos ter mais foco na realização de nossas atividades.
Contradição
Apesar de a cafeína parecer nos trazer benefícios mentais, os estudos sobre essa substância têm provado que não é bem assim. Quando o assunto é criatividade, é preciso que você tenha em mente que esse é um objeto de pesquisa bastante complicado, já que a própria definição do termo parece não ser assim tão simples, devido às suas características abstratas e variáveis.
Um estudo recente trabalhou com um conceito possível para criatividade, baseado na capacidade de relacionar ideias e atividades, sendo que essas habilidades dependem daquilo que a cafeína tenta evitar: distração e falta de foco. Vale lembrar que insights criativos e soluções para problemas aparecem, geralmente, quando sua cabeça já não está focada naquele assunto específico.
A pesquisa que estudou a interferência da cafeína em momentos criativos trabalhou com dois grupos de voluntários, que deveriam pensar em diferentes usos para um mesmo objeto. Quanto mais suas mentes fugiram do assunto, mais respostas conseguiam dar ao problema. Em compensação, quando faziam uma tarefa não relacionada com o assunto, mas com grande esforço mental, não foi percebida criatividade alguma.
Receita
Isso significa que fazer um intervalo entre alguns momentos de superconcentração pode ajudar você a ser mais espertinho, criativo e ter melhores ideias. Deixar que nossa mente viaje pode melhorar a conexão entre as células do cérebro, inclusive, facilitando a comunicação entre uma parte que fica ativa enquanto dormimos e outra, responsável por nos manter atentos enquanto realizamos alguma tarefa importante.
Já o efeito da cafeína é diferente, considerando que essa substância faz com que o nosso cérebro não fique propriamente criativo, mas em estado de hipervigilância – o que nem sempre pode trazer resultados positivos. Outro efeito negativo de uma de nossas bebidas favoritas é que ela nos tira o sono, fator essencial para quem quer ter uma cabeça funcionando bem. Falando em números, você deve saber que é preciso 200 mg de cafeína para que se tenha insônia. Essa dose está presente em uma quantia de mais ou menos 500 ml de café.
É preciso entender que existem meios mais eficientes de exercitar sua criatividade sem que seu cérebro fique em alerta por muito tempo e acabe prejudicando seu descanso. Nesse caso, sua mente pode cair no truque da cafeína com alguns truques para induzir o conhecido efeito placebo, que é como seu corpo reage quando acredita estar sob efeito de alguma substância. A dica para deixar seu cérebro mais esperto é alternar algumas doses de café normal e descafeinado.
Vale lembrar que a criatividade costuma aparecer quando você dá espaço a ela e não quando a pressiona. Por isso, relaxe, descanse e durma bem.