Aposto que você já deixou de tomar banho pelo menos uma vez na vida. Naqueles dias bem frios, em que não temos a menor coragem de tirar a roupa para entrar no chuveiro, a melhor saída é pular dentro do pijama e fazer de conta de que se esqueceu do seu compromisso diário.
Agora o que você precisa saber é que aquela ideia de que quanto mais banhos tomarmos, mais limpos estaremos pode estar equivocada. Enquanto você acredita que seu sabonete antibacteriano e uma boa dose de água quente estarão acabando com todos os germes presentes na sua pele, estudos clínicos demonstraram exatamente o contrário.
Na verdade, os produtos que utilizamos durante o banho destroem as microcolônias de organismos que vivem na nossa pele e as transferem para o ambiente que, nesse caso, é o seu chuveiro. Isso não significa que você nunca deva tomar banho, mas é importante entender que exagerar na quantidade pode oferecer danos à sua pele.
Debaixo do chuveiro
O estrato córneo é a camada mais externa da nossa pele e serve como uma barreira. Ele é formado por células mortas que oferecem proteção para as células vivas e saudáveis que estão logo abaixo. Essa camada também contém lipídios, que são compostos gordurosos responsáveis por manter a hidratação da pele.
Toda vez que você toma banho – especialmente se for quente – e usa sabonete e esponja, você está agindo diretamente sobre o estrato córneo. Isso porque o sabonete e a água quente dissolvem os lipídios da pele e o atrito com a esponja só agrava o processo. Então, a verdade é que, quanto mais banhos você tomar, mais frequentemente você vai agredir sua pele e menos tempo ela terá para se recuperar e reestabelecer sua oleosidade natural. O resultado desse processo costuma ser uma pele irritada e ressecada.
Outro problema relacionado ao banho é o uso da toalha. Por mais comum que seja esfregar o corpo todo para retirar a umidade, esse hábito também oferece riscos à pele. O ideal seria deixar a água evaporar do corpo naturalmente, mas como isso é inviável para a maior parte das pessoas, certifique-se de que está utilizando uma toalha macia e procure colocá-la gentilmente em contato com a pele, sem esfregar, para que a água seja absorvida.
A questão da frequência
A pergunta sobre a frequência com que devemos tomar banho tem várias respostas, mas saiba que uma delas não é “diariamente”. Pelos motivos que você conferiu acima, fica fácil entender que tomar banhos quentes todos os dias – ou até mais de uma vez por dia – e utilizar sabonetes e esponjas pode até garantir a sua higiene, mas é bastante prejudicial para a pele (e não estamos nem falando sobre a questão ambiental).
As pessoas têm organismos e rotinas diferentes e cada um deve lidar com o próprio corpo da maneira que se sente mais confortável. Mas quando bater aquela preguiça de entrar no chuveiro saiba que os especialistas apontam que não há problema nenhum em deixar de tomar banho uma vez ou outra. Trocar seu sabonete por uma fórmula mais suave e tomar banhos mornos também são boas opções.
Algumas provas de que não seguir os padrões de higiene pode até ser vantajoso estão nos relatos de Starre Vartan e Julia Scott (ambos em inglês). A primeira aponta que nos meses mais frios toma banho somente três vezes por semana e lava os cabelos uma vez no mesmo período, enquanto no verão ela toma diariamente banhos mornos sem sabonete e afirma não notar cheiros desagradáveis. Além disso, Starre Vartan revela um truque que é entrar rapidamente no chuveiro para lavar apenas o essencial e assim preservar a oleosidade do restante do corpo.
Já Julia Scott aceitou o desafio de ficar sem tomar banho e dispensar seus produtos de higiene convencionais para testar um novo cosmético que promete reestabelecer as colônias de bactérias presentes naturalmente na pele. Ela descreve toda sua experiência e afirma que sua pele – que era ressecada e escamosa – ficou mais macia e suave. No final do experimento, a redatora conta que acabou jogando a maioria de seus produtos fora e ficando apenas com um sabonete simples e um shampoo sem fragrância.