No Japão o número de mortes por acidentes de trânsito manteve-se em 5.000 pessoas por ano, mas os suicídios chegam a 30.000 pessoas. Apesar de não ser a maior taxa de suicídio entre os países desenvolvidos, perde somente para à Coreia do Sul, que tem uma média anual de 28,9 suicídios por 100 mil habitantes contra 18,5 suicídios para cada 100 mil habitantes no Japão.
Segundo os dados pesquisados, o suicídio está em primeiro lugar entre as causas de morte de pessoas com 20 até 40 anos, mas a faixa etária que cometem mais suicídio são as pessoas entre 40 anos a 64 anos de idade. Quanto ao sexo, a taxa de suicídio dos homens é maior que das mulheres.
As mulheres tem uma taxa de suicídio inferior aos homens, pois elas “desabafam” com alguém quando tem problemas, aliviando o stress. Em contraste, os homens se sentem constrangidos em falar dos seus problemas, aumentando o isolamento, e como resultado, os homens vão acumulando o estresse.
“O isolamento é o fator número um que antecede a depressão e o suicídio”, diz o psicólogo Wataru Nishida, da Universidade Temple, em Tóquio.
Já as pessoas mais jovens estão se matando porque perderam completamente a esperança e são incapazes de pedir ajuda, principalmente após a crise financeira mundial de 2008 .
O Japão já foi a terra do emprego vitalício, mas atualmente, quase 40% dos jovens japoneses não conseguem encontrar empregos estáveis.
“Esta é uma sociedade muito orientada por regras. Jovens são moldados para se encaixar em nichos existentes. Não há como alguém expressar seus sentimentos verdadeiros. Se são pressionados por seu chefe ou se deprimem, alguns acham que a única saída é morrer.”
A tecnologia pode estar piorando a situação, pois há muitos casos de jovens se fecham completamente ao mundo (chamados de “hikkimori”), permanecendo em um quarto por meses ou mesmo anos. A maioria deles são homens.
Há estudos que indicam que 20% dos homens com idades entre 25 e 29 anos tinham pouco ou nenhum interesse em relações sexuais. Nishida aponta para a internet e a influência da pornografia online sobre isso.
“Os jovens japoneses têm muito conhecimento, mas pouca experiência de vida. Não sabem como expressar suas emoções”, afirma Nishida.
“Eles esqueceram como é tocar uma pessoa. Quando pensam sobre sexo, podem ficar ansiosos e sem saber como lidar com isso.”
E, quando jovens se encontram isolados e deprimidos, eles têm poucos lugares aos quais recorrer. Doenças mentais são um tabu no país, e a depressão é geralmente pouco compreendida. Quem sofre deste problema, normalmente tem medo de falar sobre o assunto.
No caso dos idosos, muitos deles estão sendo negligenciados, antigamente os filhos cuidavam de seus pais no Japão, mas isso não ocorre mais. Como os seguros de vida no Japão costumam ser pagos em caso de suicídio, então, os idosos que vivem em situação financeira precária, veem o suicídio como uma alternativa para ajudar os familiares.
Ao contrário da cultura ocidental, onde o cristianismo enxerga o suicídio como um pecado, no Japão é visto como uma tradição honrosa para muitas situações. Exemplos simbólicos dessa maneira de pensar são os samurais e os kamikazes. Muitos japoneses enxergar o suicídio como uma redenção aos seus erros.