No dia 11 de marco de 2011, a tristeza invadiu o coração não só dos japoneses como do mundo todo. Foi o maior terremoto e tsunami em toda a história do Japão. Milhares de vidas foram ceifadas de uma forma trágica e muitos sobreviventes tiveram que se deparar com a perda de muitos dos seus entes queridos.
Mas como tudo que acontece em nossas vidas, a vida continua em seu ciclo interminável e a esperança acendeu no coração dos japoneses com o nascimento de mais de 100 crianças nas áreas afetadas ao mesmo tempo que a tragédia tomava conta das cidades costeiras das regiões de Miyagi, Iwate e Fukushima.
Pra essas crianças e suas famílias, dia 11 de março não é só tristeza. É alegria também já que estão comemorando o seu aniversário. Acredito que todos os pais dessas crianças querem que apesar de tudo, elas tenham um sorriso no rosto e não deixem de forma alguma que a esperança abandone o coraçãozinho delas.
A UNICEF publicou a história de crianças nascidas nesse dia fatídico, na qual tiveram que enfrentar tão cedo as incertezas do amanhã e as dificuldades que o tsunami acarretou. Tiveram que passar seus primeiros dias de vida em abrigos, em meio a um frio congelante e escassez de água e energia elétrica.
O amor dos pais, incondicional como deve ser, com certeza acalentou e aqueceu esses corações tão jovens. E os pais, tão fragilizados com a situação, perceberam que mesmo nos momentos mais tristes, sempre há uma razão para sorrir e cultivar a esperança dentro de si.
A vida não terminou! Ela continua, como deve ser! Assista o vídeo
Veja como foi o nascimento de algumas das crianças
Família Nagao (Ishinomaki City, Miyagi Prefecture)
O bebê da família Nagao nasceu às 07h48. Assim que o pai chegou ao hospital, a terra começou a tremer tudo. Foi um caos no hospital, muitos gritos, pessoas tentando se proteger de um possível desmoronamento, até que o alerta de tsunami foi acionado.
O primeiro andar do hospital foi invadido pelas ondas e a família teve que ficar 5 dias dentro do hospital, aquecendo o bebê com a ajuda de cobertores, pois o frio estava muito intenso. Felizmente tudo acabou bem e Ryuta é o xodó da família.
Família Nishimura (Cidade de Sendai, Miyagi Prefecture)
O bebê nasceu às 13:13. O terremoto começou bem na hora que a mãe se preparava para amamentá-lo. A reação claro, foi de cobrir o bebê com seu corpo para protegê-lo. Naquela noite não havia eletricidade, estava nevando e fazia muito frio. “Foi uma experiência aterrorizante que nos fez entender a importância da vida“.
Família Sato (Minami Sanriku-cho, província de Miyagi)
Para a família Sato, o parto do pequeno Haruse, salvou toda a família da tragédia. A mãe deu à luz às 4:17 e sua mãe e seu marido estavam lá na hora do parto. Não fosse isso, o pai estaria trabalhando em uma casa de repouso em Minami Sariku-cho, e provavelmente teria morrido junto com os outros 50 funcionários da clínica. Graças ao pequeno Haruse, a família Sato continua unida e muito feliz.
Família Ishida (Cidade de Sendai, Miyagi Prefecture)
Ao mesmo tempo que ocorria o terremoto, a mãe de Taizo sentia forte contrações. Ele decidiu ir para o hospital mesmo sabendo que não havia energia. O bebê nasceu às 15:56 sobre um sofá de um escritório. Para protege-lo do frio, ela o envolveu com seu casaco.
O parto não foi fácil, pois Taizo estava com o cordão umbilical em volta do pescoço, mas tudo acabou bem. “Quando meu filho crescer, vou ter orgulho de dizer-lhe que lutei e fiz de tudo para que ele nascesse em paz e com saúde“.
Família Matsuhashi (Cidade de Sendai, Miyagi Prefecture)
A mãe deu à luz no hospital às 11:04. A pequena nasceu com uma doença cardíaca, mas seu pai, como funcionário público teve que ir a outra cidade auxiliar os resgates. No hospital, mãe e filha passaram por muitas dificuldades como falta de comida, água e energia. “Mas isso simplesmente não era nada, comparado a tudo que passou.”
Família Segawa (Cidade de Sendai, Miyagi Prefecture)
O terremoto ocorreu quando a mãe estava em trabalho de parto. Devido às circunstâncias, mãe e pai refugiaram-se em uma escada de emergência. O pai disse: “Estava nevando e a minha esposa já estava sentindo as contrações”. O bebê nasceu lá mesmo no local, mesmo com todo o improviso, sobre uma maca às 15:23.
“Disse para minha esposa ser forte, que tudo ficaria bem. Depois que tudo se acalmou, fomos para um abrigo, onde fomos recebidos com muita alegria e aplausos”.
Família Kawaguchi (Nihonmatsu City, Prefeitura de Fukushima)
O terremoto ocorreu quando a mãe Yukiko estava no meio do trabalho de parto. Ela se refugiou no estacionamento do hospital, dentro do carro, com o assento inclinado e um futon, e foi nesse local improvisado que sua filha nasceu às 15:13.
Yukiko lembra: “A sorte foi que o médico e as enfermeiras estavam calmos. A situação era precária… Não havia água quente para banhar o bebê e a enfermeira teve que escrever a hora do nascimento na sola do pé do bebê, para não esquecer“. Para a família Kawaguchi, o nascimento da Haruki foi mesmo um milagre e seus pais decidiram colocar o kanji「 生 」em seu nome, cujo significado é viver.
Lindas histórias não é gente?! Tão bom saber que essas novas vidas trouxeram alento para os corações fragilizados desses pais, que em meio a tantas perdas, ganharam algo valioso que é um filho. Acredito que essas crianças ao crescerem e ouvirem suas histórias, vão aprender sobre a importância da vida e a esperança.
Fonte: Japão em Foco