A explosão da bomba atômica sobre Hiroshima, no Japão, aconteceu no dia 6 de agosto de 1945, e provocou a morte de um número estimado entre 70 mil e 80 mil pessoas instantaneamente – sem contar nos mais de 70 mil feridos em decorrência do ataque. Além disso, a detonação do artefato causou a devastação de uma área de mais ou menos 12 quilômetros quadrados e, segundo determinaram as autoridades japonesas, quase 70% de todas as edificações da cidade foram completamente destruídas, enquanto perto de 7% foram seriamente danificadas.
Naturalmente, depois desse catastrófico incidente, o foco das equipes médicas, de resgate e de cientistas foi o de cuidar das vítimas, realizar levantamentos sobre a radiação liberada e a contaminação provocada pela explosão e planejar como lidar com a calamidade que instaurou. Assim, ninguém se preocupou em descobrir onde, afinal, tinham ido parar as toneladas e mais toneladas de cimento, concreto, vigas, aço e todo o material que compunha as construções que existiam em Hiroshima e desapareceram com a bomba atômica.
Voando pelos ares – literalmente!
Agora, quase 74 anos depois da fatídica explosão, um grupo de cientistas acredita ter encontrado uma resposta para esse mistério. Durante a detonação da bomba atômica, Hiroshima voou pelos ares – literalmente – e o calor liberado pela explosão fez com que os escombros das edificações se fundissem e se transformassem em um material cristalizado que hoje pode ser encontrado depositado nas praias da região.
De acordo com Sergio Trujillo, do site FayerWayer, os escombros se encontram distribuídos pelas praias da península de Motojina e foram descritos pelos pesquisadores como fragmentos com poucos milímetros de espessura e como esferoides e filamentos de cristal e outros materiais fundidos. Com relação à composição, as análises revelaram a presença de carbono, silício, oxigênio, alumínio e cálcio, assim como aço, ferro puro, mármore, concreto e borracha.
Mas o mais assustador foi que os cientistas concluíram que, para que esses cristais se formassem, o material que compunha a cidade de Hiroshima teve que ser exposto a milhares de graus Célsius, convertido em líquido e ser lançado na atmosfera – onde as partículas começaram a colidir umas com as outras até formar agregados e “chover” sobre a superfície na forma de fragmentos cristalizados.
E os cientistas não tiveram que revirar muito a areia das praias para achar essas partículas, não, já que os escombros se encontravam a apenas 10 centímetros de profundidade, sem falar na quantidade – que é enorme. Para se ter ideia, de cada 1 quilo de areia coletada e examinada, os pesquisadores concluíram que 0,6% a 2,5% do total era composto por escombros cristalizados. Isso significa que existem entre 2,3 mil e 3,1 mil toneladas de “restos de Hiroshima” por quilômetro quadrado de praia.