O crush disse que vocês são apenas bons amigos; aquele filme termina com a mocinha morrendo; você descobre que não passou no vestibular; a entrevista de emprego foi muito pior do que você imaginava; você resolveu fazer uma maratona de “Grey’s Anatomy” naquele domingão chuvoso; sua família está longe e manda foto da lasanha da vó. Tudo isso pode transformar seus sentimentos naquele líquido salgado que sai dos seus olhos – mas “por quê?”, você se pergunta. Por que diabos você chora?
De uma forma mais simplista e fisiológica, pode-se dizer que as pessoas choram porque o cérebro envia um comando de ação às nossas glândulas lacrimais, que produzem esse chororô todo. Agora vem a parte mais legal: nosso corpo não produz apenas um tipo de lágrima. Na verdade, conseguimos fabricar pelo menos três variações desse elixir salgadinho e cheio de significados. Cada um desses tipos tem sua função, é claro.
ABC do choro
Vamos lá: algumas lágrimas nosso corpo produz somente para que nossos olhos fiquem protegidos, hidratados e livres de bactérias – essas são as lágrimas basais. Aí tem também as lágrimas reflexas, que são as que produzimos quando aquele maldito cisco entra nos olhos, sabe? Então… Essas lágrimas têm a função de lavar os olhinhos e expulsar elementos intrusos. Fica aqui a nossa gratidão a elas.
Por fim, as famigeradas lágrimas emocionais, a respeito das quais falamos no primeiro parágrafo deste texto emotivo. Elas são liberadas de acordo com a intensidade das emoções que sentimos: tristeza, raiva, medo, felicidade, amor, compaixão. Todos esses sentimentos podem abrir a torneirinha das lágrimas emocionais, como todo mundo aqui já deve saber muito bem.
No caso das lágrimas emocionais, o que as produz não são apenas mensagens cerebrais, mas também reações corporais, fisiológicas mesmo, como alteração dos batimentos cardíacos, abertura da glote, respiração acelerada e aquela sensação de que a garganta está apertada. Depois de derrubar lágrimas emocionais, muitas pessoas se sentem mais calmas, mas ainda não há uma explicação científica que diga por que exatamente isso acontece. O fato é que você já deve ter ouvido alguém incentivando uma pessoa a chorar: “chora que passa”. Eis um conselho realmente bom.
Chorar é coisa de todo mundo
Em termos evolutivos, acredita-se que o choro humano tenha a ver com a forma como nossos ancestrais tenham aprendido a sobreviver. Talvez nossas lágrimas tenham servido para mostrar que precisávamos de ajuda – não é assim com bebês até hoje? Na medida em que crescemos, aprendemos a chorar em silêncio, e, de novo falando em termos evolutivos, isso pode ter sido uma forma de aprendermos a nos defender de nossos inimigos.
O que não vale, quando o assunto são lágrimas e choro, é dizer que chorar é coisa de “menina” ou de gente fraca. A ideia de que “homem não chora” não poderia ser mais absurda, e da próxima vez que você ouvir isso por aí, já pode dizer que os homens – e as mulheres – não apenas choram, como choram três tipos de lágrimas diferentes. O choro é, realmente, livre e o uso de lencinhos, também.