9 Sinais que provam que o Japão tornou-se uma “Bomba Demográfica”!
O Japão está lidando com o que os economistas chamam de “bomba demográfica”. Por causa da baixa natalidade e baixo consumo, a economia do país vem encolhendo gradualmente nos últimos 25 anos. Com uma população cada vez mais idosa, o país enfrenta problemas que mais cedo ou mais tarde causarão um grande impacto na sociedade japonesa.
Cerca de 30% da população japonesa é formada por idosos. E segundo especialistas, é bem provável que em 2050, outros 64 países também enfrentem essa mesma realidade. Confira 9 sinais que indicam que o Japão tornou-se de fato uma “bomba demográfica”.
A taxa de natalidade mais baixa desde 1899
O número de bebês nascidos no país no ano passado caiu para 946.060, e é o segundo ano consecutivo onde o número de nascimentos manteve-se abaixo de 1 milhão. Segundo o governo japonês estes são os níveis mais baixos desde que o ano de 1899.
Na década de 1970, as mulheres tinham em média 2,1 filhos. Hoje corresponde a apenas 1,4 – muito abaixo da taxa que o Japão precisaria para manter sua população. Ao mesmo tempo, o número de mortes no país – devido ao envelhecimento – atingiu um pico de 1,3 milhão, o que significa que a população do Japão encolheu em 394.373 pessoas em 2017.
Os japoneses estão se casando cada vez mais tarde
No Japão, número de jovens dispostos a formar família caiu drasticamente nos últimos anos, aponta estudo realizado por uma empresa de seguros de saúde Meiji Yasuda Life Insurance, baseada em Tóquio. Segundo este estudo, a proporção de homens japoneses na faixa dos 20 anos que querem se casar despencou dos 67,1% de apenas três anos atrás para 38,7%.
Para as mulheres na faixa etária dos 20 anos, a taxa caiu de 82,2% para 59%. Sociólogos classificam mulheres como “carnívoras” e homens como “herbívoros”. Há várias razões pelas quais os japoneses não estão se casando mais jovens, mas acredita-se que o fator importante seja o econômico e o medo de não conseguir arcar com os gatos de uma família.
Impostos mais altos e mais gastos com saúde e previdência
Uma população envelhecida como a do Japão acarreta em muitos problemas. O governo terá que gastar mais em saúde, e isso, juntamente com uma força de trabalho cada vez menor, assim como a base tributária, é uma receita para a estagnação econômica. Significa também, entre outras coisas, que não haverá jovens suficientes para cuidar dos idosos.
Com altos impostos, um custo de vida alto devido à regulamentação do governo, baixos salários e um iene amplamente depreciado, os jovens casais terão dificuldade em se sustentar. Como resultado, as mulheres estão cada vez mais sendo forçadas à entrar no mercado de trabalho, e consequentemente as famílias japonesas têm cada vez menos filhos.
A população cada vez mais idosa e a escassez de jovens trabalhadores é a combinação perfeita para a estagnação econômica do país. Não será uma tarefa fácil, mas o governo japonês estabeleceu uma meta para aumentar a taxa de natalidade para 1,8 em 2025 e assim conseguir manter uma população de cerca de 100 milhões de pessoas até 2060.
Hoje existem 69.785 pessoas com mais de 100 anos de idade
Em 2016 haviam 65.000 centenários dentre uma população de 127 milhões. Já em 2018, esse número subiu para 69.785, sendo o 48º ano consecutivo em que o país quebrou seu próprio recorde em relação ao número de pessoas que ultrapassaram os 100 anos de vida.
Além disso, o Japão tem a maior taxa de centenários quando comparada a qualquer outro país, com 4,8% por 100.000 pessoas. Isso sem contar com os idosos com idade superior a 65 anos que hoje representam mais de um quarto da população japonesa.
Fraldas para adultos vendem mais do que a de bebês
Essa talvez seja o sinal mais claro do problema demográfico enfrentado no Japão: Desde 2011, as vendas de fraldas para adultos no Japão superaram as de fraldas para bebês. A tendência reflete o quão grande é o número de idosos e o quanto anda a taxa de natalidade no país.
A prática “Ubasute” nos dias atuais
A palavra “Ubasute” (姥捨て) é uma antiga prática na qual as famílias “descartavam” seus idosos em uma montanha, ou em algum outro lugar remoto, onde eram deixados para morrerem. Nos dias de hoje, esta prática parece estar de volta, no entanto ao invés de abandona-los nas florestas, são deixados em asilos ou instituições de caridade.
Embora ainda não seja uma ação generalizada, o número de idosos deixados nesses lugares tem aumentado a cada ano. Muitas vezes essa ação é motivada por alta de dinheiro ou tempo para cuidar do ente idoso. Infelizmente esta realidade tem se tornado cada vez mais comum.
As prisões estão se transformando em lares de idosos
Cerca de um quinto de todos os crimes cometidos no Japão é feito por idosos. A maior parte desses delitos estão relacionados a furto em lojas. Com o aumento das taxas de criminalidade entre os idosos, as prisões se transformaram efetivamente em casas de repouso.
Muitos deles são motivados pela solidão ou por não conseguirem se manter sozinhos. Com isso, procuram a prisão como uma alternativa. As taxas de reincidência tem sido altas e por este motivo os guardas tem sido treinados para banha-los e ajudá-los a se vestir.
Kodokushi: Morte solitária
Kodokushi (孤独死), que significa literalmente “morte solitária” e abrange especialmente pessoas da terceira idade (mais de 65 anos). Com a baixa natalidade há menos jovens para cuidar de seus entes idosos e muitos deles acabam morrendo sozinhos em casa.
Muitas vezes, a morte só é descoberta muito tempo depois pelos vizinhos por causa do mau cheiro. Alguns idosos avisam seus vizinhos para ficarem atentos aos sinais que podem indicar que morreram, como não abrir as cortinas pela manhã, por exemplo. “Se estiver fechado, significa que morri“, disse Chieko Ito, de 91 anos, referindo-se a uma tela de papel na janela.
Um relógio do juízo final conta os segundos até a extinção
Um Relógio do Juízo Final foi desenvolvido por Hiroshi Yoshida e Masahiro Ishigaki, economistas da Universidade de Tohoku. Trata-se de um relógio que faz a contagem de crianças com idade inferior a 15 anos no Japão. Em abril de 2014, o relógio marcava um total de 16,32 milhões de crianças. No ano seguinte, o total caiu para 16,17 milhões.
Hoje, 27 de novembro de 2018, o relógio está marcando um pouco mais de 15,43 milhões de crianças. Como deu pra perceber, este relógio faz uma espécie de contagem regressiva para a extinção da nação japonesa. E agora vem a revelação bombástica: De acordo com esse relógio, restará apenas uma criança no Japão em 21 de outubro do ano de 3.546.
Tudo bem que ainda vai demorar um pouco para isso acontecer, 1.528 anos par ser mais exato. Mas de qualquer maneira é um pouco apavorante saber da existência dessa possibilidade. Será mesmo que um dia a nação japonesa pode desaparecer por completo?
Levando em conta que faltam mais de 1 milênio para isso acontecer, há tempo suficiente para tentar reverter a situação. Existem muitos fatores que precisam ser revistos. A falta de equilíbrio entre as horas laborais e de lazer, a suposta falta de interesse por sexo e o casamento cada vez mais sendo colocado em segundo plano são alguns dos desafios a serem vencidos.
Conclusão
Não podemos negar que o aumento da longevidade é uma das maiores conquistas da humanidade. Isso indica que as pessoas estão vivendo mais graças às melhorias em relação ao saneamento básico, saúde, avanços médicos, educação e bem-estar econômico.
É notório no entanto que assim como o Japão, as sociedades em geral ainda não tem se preparado de forma efetiva para o impacto do envelhecimento. Esse preparo implica entre outras coisas, garantir amparo e proteção legal aos idosos, além de proporcionar a eles uma vida digna em reconhecimento por toda contribuição prestada ao longo de suas vidas.
Fonte: Japão em Foco