A privatização dos Correios, apoiada pelo governo, deixaria sob o comando das empresas privadas a parte lucrativa da instituição enquanto a deficitária continuaria sendo paga pelos brasileiros por meio dos impostos, afirmou o presidente da estatal, general Juarez Aparecido Cunha, durante uma audiência na tarde desta quinta-feira (05) na Câmara dos Deputados.
O setor lucrativo dentro da instituição é o de entrega de encomendas, os serviços postais, por outro lado, são os responsáveis pelo déficit — muito por conta da substituição do envio de cartas por mensagens eletrônicas. “Se parte dos Correios for privatizada, o interessado em adquirir vai querer a parte boa”, ressaltou Cunha.
Argumentos
Em 2018, 92% do lucro dos Correios ficou concentrado em 324 municípios, as outras mais de cinco mil cidades registraram um prejuízo que soma cerca de R$ 6,54 bilhões. “O Estado brasileiro ou o cidadão brasileiro que paga impostos vai pagar a conta dos demais municípios”, afirmou Cunha diante deste cenário.
Fábio Abrahão, representante da Secretaria de Desestatização do Ministério da Economia na audiência apontou o rombo no Postalis, fundo de pensão dos servidores, como mais um motivo para privatização. Abrahão ressaltou que acredita que “é possível manter o serviço postal, manter a universalização, e o mais importante, resolver esses déficits gigantescos que foram abertos”.
Cunha, por outro lado, questionou se além da questão financeira, quem é a favor da privatização calculou o custo social dos Correios, que distribui milhões de livros a todos os municípios.
Como conclusão, a audiência decidiu levar dois projetos de lei em tramitação na Câmera que poderiam garantir a continuidade dos Correios como empresa pública ao presidente da casa.