O kare raisu é um dos pratos mais consumidos no Japão. Apesar de ter origem indiana, este prato adaptou-se esplendidamente ao paladar japonês!
A partir da Era Meiji (1868-1912), o Curry (Caril) foi introduzido no Japão através da culinária britânica. A princípio, este alimento foi adotado pela Marinha Imperial Japonesa para prevenir o beribéri, um distúrbio causado pela má alimentação. A partir da década de 60, sua popularidade aumentou drasticamente, a ponto de ser considerado um prato nacional.
No Japão, o caril é chamado de Kare (カレー) e está presente de diversas maneiras na culinária japonesa, incluindo pães e molhos. É composto de diversas especiarias que podem incluir açafrão-da-terra, cardamomo, coentro em grãos, gengibre, cominho, casca de noz-moscada, cravinho, pimenta vermelha, pimenta do reino, canela, entre muitos outros.
Pode ser encontrado em forma de pó ou tablete, sendo este último o mais usado no Japão. Uma das características do Karê é o sabor picante que varia de intensidade conforme sua classificação. Por este motivo, é considerado um alimento saboroso e versátil, pois ajusta-se facilmente ao paladar da maioria das pessoas, incluindo idosos e crianças.
Bom, já deu pra perceber que o Karê tem um lugar especial nos corações dos japoneses. E todos também conhecem a estreita relação que os nipônicos tem em relação à arte gastronômica. Por este motivo, trouxe para vocês alguns exemplos criativos de pratos de Karê representando alguns dos pontos turísticos mais famosos do Japão:
► Miyajima Karê: Uma das Três vistas mais famosas do Japão
Miyajima é considerada uma das três vistas panorâmicas mais bonitas do arquipélago. Localizada na província de Hiroshima, Miyajima também é conhecida pelo santuário de Itsukushima e seu icônico torii vermelho de 16 metros de altura. Durante a maré alta, o torii parece flutuar na água. Já na maré baixa, podemos caminhar até a estrutura.
Lá também se encontra o Daisho-in, um templo budista construído na encosta do Monte Misen, que é o ponto mais elevado da região com 530 metros. Devido ao seu significado religioso e cultural, o santuário foi designado como Patrimônio Mundial da UNESCO.
Para compor esse Karê, foram usadas cenouras para construir a base do portão torii sobre o molho, assim como nori para o telhado. Salsichas foram usadas para os dois cervos que estão sobre o arroz branco, assim como pedaços de cogumelo maitake para os chifres.
► Mt. Fuji Karê: Cartão Postal do Japão
O Mt. Fuji é, sem dúvida, um dos símbolos mais conhecidos do Japão. A montanha, ou melhor, o vulcão que se mantem adormecido há mais de 300 anos, foi designado Patrimônio Mundial da UNESCO em 2013. A montanha é a mais alta do Japão, com 3776 m e por este motivo pode ser apreciada de várias partes do Japão, especialmente Yamanashi, Shizuoka e Kanagawa.
A beleza dos cinco lagos ao redor da montanha, a temporada de escalada até seu cume durante o verão, as várias vistas panorâmicas, sem contar o misticismo que o cerca, fazem do Monte Fuji, um dos pontos turísticos mais importantes e visitados do Japão.
Para compor esse Karê foi usado uma grande quantidade de arroz (cerca de 1,5 kg!). Após recriar as encostas simétricas da montanha, foi colocado arroz branco no topo para simular a neve. O brócolis foi usado para representar as famosas plantações de chá em Shizuoka e os picles vermelhos e roxos para representar as flores da região de Yamanashi.
► Kamakura Karê: Uma tradição do norte do país!
Todos os anos, em fevereiro, os moradores da cidade de Yokote, na província de Akita celebram (há mais de 4 séculos) um festival chamado Yokote no Yuki Matsuri.
Nesse festival, os visitantes tem a oportunidade de se alojar dentro de iglus feitos a partir de neve compactada, originada das fortes nevascas que assolam a região durante o rigoroso inverno.
Além disso, milhares de mini Kamakuras iluminadas com velas são espalhadas pela cidade, dando a ela um ar poético e pitoresco. Durante essa época, Yokote se transforma em um mundo de fantasia e de conto de fadas, especialmente para as crianças locais.
Para compor esse Karê e recriar a atmosfera divertida desse festival, foi usado arroz branco para a cabana e caril branco para simular a neve ao redor. Para recriar o brilho de uma lanterna na entrada de uma cabana foi usado a gema de um ovo cozido. Para fazer a menina foram usados ovo de codorniz e salsicha. Já a azeitona, recriou uma churrasqueira de ferro.
► Kofun Karê: As tumbas imperiais com formato de fechadura
Kofun são tumbas imperiais localizadas na região de Kansai, especialmente Osaka e Nara. Se caracterizam por terem o formato de um buraco de fechadura, construídas entre os séculos 3 e 7 para abrigar os corpos da família imperial e outros membros da aristocracia japonesa. Devido ao seu contexto histórico, esses locais tornaram-se pontos turísticos da região.
O mais surpreendente de todos é sem dúvidas o Daisen Kofun, situado em Sakai, Osaka. Construído em meados do século 5, para enterrar o Imperador Nintoku, este túmulo possui 307 metros de largura, 486 metros de comprimento e 35 metros de altura.
Para compor esse Karê, foram moldados arroz nos formatos circular e triangular, que em seguida foram alinhados no centro do prato. Sobre o arroz, foi polvilhado salsa desidratada. Para recriar o verde luxuriante em torno do kofun, foi usado um colar de espinafre cozido e purê de batatas e o espaço que representa o fosso, foi preenchido com o molho curry.
► Takachiho Karê: Um Monumento Natural Nacional
O desfiladeiro Takachiho está localizado no sul do Japão, na província de Miyazaki, região de Kyushu. As impressionantes falésias vulcânicas, oriundas de uma erupção do Monte Aso e a cachoeira que desce em abundância pelo penhasco e podem ser vistas através de uma trilha ou de um passeio de barco através do rio Gokase, e são realmente de tirar o fôlego.
O local, que foi designado um monumento nacional cênico e natural em 1934, também é cercado de muitas lendas e mitos relacionadas à fundação do Japão. De acordo com a mitologia japonesa, Takachiho é a terra onde Ninigi desceu dos céus, enviado por Amaterasu, a deusa do sol. Lá se encontra o santuário Ama-no-Iwato, que segundo conta a lenda, está situada a caverna onde Amaterasu se escondeu até Ame-no-Uzume atraí-la para fora.
Para compor esse Karê, foi usado arroz com furikake para fazer os penhascos íngremes do desfiladeiro, decorados com raminhos de salsa e brócolis para recriar a vegetação. Para fazer os barcos, foram usados macarrões com formato de concha e os velejadores foram feitos com salsichas. Por fim, o prato foi preenchido com karê para representar o Rio Gokase.
Fonte: Japão em Foco