Desde os tempos da Grécia antiga, a humanidade tenta decifrar e compartimentar os tipos de personalidade como forma de conhecer os caminhos da mente humana. Até hoje, no entanto, a literatura científica nesse sentido não parece ter ganhado tanta relevância ou respaldo universal.
Os estudos psicológicos sobre personalidade feitos até aqui se mostraram controversos: aparentemente, os resultados ficavam restritos a pequenos grupos, sem que se pudesse replicá-los a um conjunto maior de indivíduos. Os testes desse tipo só encontravam seu lugar no território das publicações de autoajuda.
The Personality Project
Eis que surge um o Personality Project, um estudo da Northwestern University, uma universidade localizada em Illinois, EUA. Com tecnologias de machine learning e data science aplicadas a questionários respondidos via web, os pesquisadores conseguiram coletar os dados de 1,5 milhão de pessoas em todo o mundo.
Inicialmente, os mecanismos tradicionais de clusterização ou aglomeração dos dados identificaram 16 nichos distintos de personalidade. Contudo, no refino do que foi apurado os pesquisadores conseguiram restringir e peneirar a forma como os algoritmos recebem os dados; assim, chegaram a 4 tipos distintos: egocentrado, reservado, comum e exemplar.
A metodologia aplicada é a principal contribuição do estudo para a ciência
Essas são palavras de William Revelle, professor de Psicologia do departamento de Artes e Ciências da Northwestern University. Os dados dos questionários voltavam sempre confirmando um dos mesmos quatro tipos de personalidades, mostrando-se cada vez mais densos.
O quarteto tem bases em cinco características ou traços de personalidade amplamente aceitos e bem definidos: neuroticismo, extroversão, abertura de cabeça, afetividade e autoconsciência.
Neuroticismo é a tendência a vivenciar emoções negativas, tais como raiva, preocupação e tristeza, mostrando-se sensível nas relações interpessoais.
Extroversão é a característica que se evidencia quando a pessoa é comunicativa com tendência a dominar o ambiente; um apreciador das convivências sociais.
Abertura de cabeça ou mente aberta é a tendência de demonstrar abertura ao novo, sejam ideias, artes, valores, sentimentos ou comportamentos.
Afetividade é a tendência que se tem a concordar com os outros ou se deixar levar por ideias alheias, sem expressar opiniões próprias ou escolhas pessoais.
Autoconsciência é a tendência em seguir as regras, ser esforçado, pontual, batalhador e cuidadoso.
Com quais dos perfis você mais se identifica?
Veja abaixo uma breve descrição dos perfis encontrados e tente identificar com qual deles você faz correspondência.
Egocentrados
Pessoas egocentradas pontuam alto em extroversão e estão abaixo da média em abertura de cabeça, afetividade e autoconsciência.
Reservados
São pessoas emocionalmente estáveis, não neuróticas, porém pouco abertas. Também não são particularmente extrovertidos, mas tendem a ser mais agradáveis e possuir autoconsciência.
Comum
Indivíduos assim tendem a ser mais neuróticos e extrovertidos. É o tipo de personalidade mais comum entre as pessoas.
Exemplar
Essas pessoas pontuam alto em todas as características, menos em neuroticismo. Mostram-se grandes líderes e abertos a novas ideias.
Para validar a precisão dos resultados, os pesquisadores analisaram um grupo notoriamente pertencente a um dos nichos. Pegaram como amostra um grupo de adolescentes do sexo masculino, que sabidamente se comportam de maneira bastante egocentrada. Os resultados confirmaram que jovens homens predominam no grupo dos egocentrados, enquanto mulheres acima de 15 anos quase não são representadas nesse grupo.
Os pesquisadores estão otimistas de que tais resultados possam contribuir para uma melhor análise do perfil de candidatos para contratações nas empresas. Eles também estão tornando as informações e os dados da pesquisa públicos para que outros pesquisadores possam realizar análises independentes.