Este é um conceito japonês antigo, mas em uso até hoje por lá, que diz respeito a criar seu próprio meio de se dar bem frente aos problemas e procurar modos de ser sempre feliz, com adversidades no caminho e tudo. Quem o expandiu para o mundo ocidental foi o neurocientista japonês Ken Mogi, autor do livro “Ikigai – Os cinco passos para encontrar seu propósito de vida e ser mais feliz” e professor adjunto do Instituto de Tecnologia de Tóquio.
Ele conta que “o ikigai torna a vida sustentável e as pessoas, independentes, pois permite que cada um invente tenha seus mecanismos para encontrar a felicidade.”
Tradução precisa para a palavra ikigai não existe, mas Mogi encontrou uma explicação para o conceito: “a razão que lhe faz acordar todos os dias”.
Quando soube de tudo isso, o escritor espanhol Francesc Miralles decidiu se aprofundar no assunto durante um ano no Japão. Da experiência saiu o livro “Ikigai – Os segredos dos japoneses para uma vida longa e feliz”, co-escrito por Héctor García. “O ikigai é o motor da vida”, diz Miralles. “É graças a ele que ficamos felizes por estarmos vivos e por termos ocupações de que gostamos.”
Não tenho ideia do meu ikigai. É possível descobri-lo?
Claro que é! Na verdade, o ikigai já está dentro de você, mas não tem nada de mais não saber disso. É tanta coisa que a gente precisa fazer todos os dias que nada mais natural do que as questões mais profundas ficarem de lado. Está tudo bem!
Para descobrir seu ikigai, você precisa dar atenção a si e se conectar com seu interior.
Mogi recomenda que, em caso de desconhecimento, se comece devagar e simples. “Em uma caminhada pela manhã, notando a beleza de uma flor, de um casal passeando. Achando ótimo o café da máquina do trabalho e outras pequenas coisas do dia”, exemplifica.
Aqui também cabe trabalhar a autoestima. Miralles esclarece: “O ikigai é intimamente relacionado com os talentos naturais de cada um. Se você parar tudo por alguns minutos por dia, ele acabará se revelando e você poderá trazê-lo para sua vida, para seus dias. Transformá-lo em seu trabalho.”
Se estiver difícil, volte sua memória lááááá para a infância. “O ikigai, de certa forma, está relacionado à sua criança interior”, garante Mogi. Então lembre-se do que você gostava, o que lhe deixava feliz. A chave pode estar ali.
Ao mesmo tempo, faça uma relação do que NÃO lhe faz bem e comece a procurar os opostos para sua vida. Podem ser seus ikigais.
Um pouco da história do ikigai
A origem do ikigai está em Okinawa, um grupo de ilhas ao sul do Japão. A população local é centenária, com uma expectativa de vida acima da média. Ken Mogi, como bom neurocientista que é, desconfiou que a “fonte” do ikigai estivesse lá. Ele estava certo.
Em Okinawa, ele revela, relação com a longevidade é forte, pois as pessoas vivem tendo como guias os seus propósitos pessoais. Podem se dar o luxo de não seguir padrões estabelecidos pela sociedade, pressões pessoais ou profissionais externas. Que delícia se a gente conseguir pelo menos um pouco, né? Vamos nos esforçar!
Dicas para facilitar a inclusão do ikigai no cotidiano
Pedimos a Ken Mogi e a Francesc Miralles que nos dessem um caminho das pedras para conseguirmos nos conectar melhor ou de forma mais rápida ao nosso ikigai. Eles listaram os pontos centrais:
Seja dono e proprietário de suas ações
Não deixe que os outros definam como você deve fazer suas atividades e viver sua vida. Siga seus instintos em todas as decisões: isso deixa a mente mais leve e os dias, mais tranquilos.
Evite agir de forma automática
Questione o que parecer estranho. Por que cabe a você fazer algo? O que sairá de bom dessa ação? Vale a pena ir adiante?
Valorize-se
Se você já identificou seus talentos, use-os e agradeça os elogios com convicção. Seu desenvolvimento pessoal será mais rápido.
Não se compare a ninguém
Cada pessoa é única e tem seus próprios ikigais. Foque no seu. Comparar-se a outras pessoas vai atrasar seu processo de autopercepção e até lhe afastar de seu ikigai.