Não é de hoje que se comenta a invejável qualidade da pele das asiáticas. Sem manchas na pele nem rugas, com tônus e luminosidade que parecem quase irreais, elas viraram sinônimo de perfeição e logicamente atraíram o interesse da indústria cosmética, que de uns tempos para cá vem lançando produtos “roubados” do nécessaire delas – o mais famoso deles é o BB Cream.
Resolvemos ir além desse hype da saison e investigamos a fundo a rotina de cuidados como rosto das gueixas do século 21. Lição número 1? Elas gastam o dobro do tempo cuidando do rosto em casa do que eu e você.
São mais de seis etapas todo santo dia (de manhã e à noite), que incluem uma infinidade de produtos, regras rígidas de aplicação e automassagem. Para elas, a hora de cuidar da pele é como a cerimônia do chá: todos os detalhes são executados à perfeição, com normas seguidas à risca. Confira a seguir como trazer parte dessa sabedoria milenar para a sua rotina, com algumas adaptações necessárias ao nosso clima e estilo de vida.
Comece imitando a limpeza perfeccionista (que é bem necessária no Brasil por conta do clima quente e úmido), seguida de hidratação em exaustão. Para elas, hidratar nunca é demais. Branquinhas com orgulho, os cuidados com proteção solar beiram a neurose! Dica: quem tem pele oleosa – e já testou de tudo – deveria experimentar os protetores ultramatificantes made in Asia.
Por último, disciplina e prevenção são palavras-chave. Raramente cosméticos japoneses fazem promessas miraculosas, como sumir com rugas em três dias. Enquanto as ocidentais preferem soluções rápidas e drásticas, as orientais concentram suas energias (e tempo e dinheiro) na prevenção. Séruns clareadores e anti-idade, por exemplo, são usados antes que as manchas e rugas apareçam.
Quanto ao BB Cream, por mais multifuncional que seja – e esse é um dos motivos de seu sucesso por aqui –, não faz com que orientais pulem etapas. Elas costumam usá-lo no lugar da base ou como um primer antes da maquiagem, seguindo normalmente com sua rotina de hidratantes, protetor solar e outros produtos de tratamento.
Siga os seis passos seguintes duas vezes por dia e tenha você também uma pele de pêssego, e não de uva-passa.
1 – Demaquilante
O demaquilante preferido das orientais é em óleo, que tem o poder de retirar maquiagens extremamente pesadas e à prova d’ água, eliminando também os resquícios profundos de protetores solares super-resistentes e o excesso de óleo da própria pele. Não se assuste: os demaquilantes são enxaguáveis apenas com água e não costumam deixar resíduos gordurosos.
Modo de usar: o produto deve ser aplicado sobre a pele seca, massageando até o make ser dissolvido. Feito isso, com os dedos molhados, repita a massagem, criando uma emulsão de aspecto leitoso, que então deve ser enxaguada com bastante água.
2 – Espuma de Limpeza
Após o óleo demaquilante, uma espuma de limpeza irá remover resíduos, bactérias e células mortas, deixando a pele limpa de verdade. Atenção: a espuma deve ser rica e densa, de modo que a pele seja limpa sem que os dedos entrem em contato, evitando qualquer fricção e irritação.
Modo de usar: depois de aplicar 2 cm de produto sobre a palma da mão úmida, faça uma massagem com as pontas dos dedos até formar textura de chantilly. o próprio ato de prepará-la já é um pequeno ritual… a sequência óleo demaquilante + espuma é chamada de double cleansing.
3 – Loção
Passo mandatório na rotina japonesa de skincare, a loção não visa apenas limpar a pele (que já estará bem limpa depois do double cleansing). rica em ingredientes umectantes que hidratam e momentaneamente perturbam a função de barreira da pele, ela vai facilitar a penetração dos hidratantes e dos cremes de tratamento que vem a seguir.
Modo de usar: pode ser aplicada com as mãos – pressionando com as palmas para melhor absorção. Para uma experiência ainda mais oriental, use os magníficos algodões japoneses.
4 – Séruns
Essence é como os asiáticos chamam os séruns, líquidos concentrados em ingredientes que podem rejuvenescer, clarear manchas ou simplesmente hidratar.
Modo de usar: para obter benefícios que vão de ação antimanchas a antirrugas, muitas vezes as asiáticas aplicam mais de uma essência, técnica que chamam de “layering”.
5 – Emulsão
A etapa da emulsão costuma ser feita com um hidratante de aspecto leitoso, encontrado em diversas texturas. Os mais leves são para peles normais a oleosas; os concentrados para peles normais a secas.
Modo de usar: deve ser aplicado com os dedos, como um hidratante fluido. mas as japonesas muitas vezes costumam espalhar no rosto com a ajuda de um algodão.
6 – Finalizador
As orientais terminam a noite aplicando um creme finalizador. São potentes hidratantes ricos em ingredientes emolientes, como manteiga de karité, que formam uma barreira que “sela” os produtos aplicados anteriormente. Quem tem pele oleosa deve se limitar à etapa emulsão, ou aplicar o creme finalizador apenas nas áreas ressecadas. protetor solar: na rotina de cuidados matinais, a etapa seis é substituída pelo uso de um protetor solar poderoso. os preferidos das asiáticas são extremamente matificantes, que ajudam a anular um eventual excesso de brilho deixado pelos cosméticos previamente aplicados.
7 – Extras
Não satisfeitas com as seis etapas diárias para cuidar da pele, as orientais ainda recorrema truques – e produtos extras – para chegar à perfeição.
Pré-loção: sua função é evitar a desidratação que pode ocorrer durante a limpeza. use entre a espuma de limpeza e a loção.
Máscaras: as máscaras asiáticas não são cremes, e sim pedaços de tecido–e devem ser usadas algumas vezes por semana, geralmente à noite, após a loção e antes do sérum. Esse step garante hidratação e luminosidade extrema e imediata.
Suplementos Alimentares: os orientais têm uma visão holística dos cuidados com a pele que não se resume à aplicação de cremes. Linhas de suplementos alimentares estão por todos os lados. O consumo das ceramidas, que podem ser encontradas em shots, cápsulas e pó solto para ser adicionado a alimentos, contribui para uma melhor hidratação da pele e o fortalecimento de sua função de barreira protetora.
Peelings enzimáticos: em geral, as asiáticas têm pele sensível. os peelings enzimáticos substituem os cremes esfoliantes mais agressivos, proporcionando uma esfoliação mais delicada.
Massagens: movimentos faciais são muito importantes para as japonesas – e existem vários cremes específicos para tal finalidade, que vêm com ótimas bulas estilo passo a passo.
Onde encontrar
As principais marcas de cosméticos orientais são vendidas em perfumarias e lojas de departamento nos Estados Unidos e na Europa. A SK-II e AmorePacific estão disponíveis na Sephora e na Neiman Marcus, enquanto a Sulwhasoo e a Kanebo podem ser compradas na Bergdorf Goodman, em Nova York. Se estiver de passagem por Londres, você encontra itens da Astalift na rede de farmácias Boots. Outra opção é comprar na loja virtual japonesa Ichibankao, que entrega no Brasil e tem no estoque a maioria das marcas asiáticas. www.ichibankao.com
Tecnologia made in Asia
Você provavelmente ainda não reparou (a menos que seja viciada em ler rótulos), mas o creme da sua marca francesa favorita pode contar com as últimas tecnologias cosméticas desenvolvidas na Ásia – mais precisamente no Japão, na China e Coreia do Sul. Ciente de que cremes clareadores e antimanchas estão para o Japão assim como o relógio está para a Suíça, a Chanel se instalou no país para desenvolver a linha Le Blanc, atualmente vendida quase no mundo todo, inclusive no Brasil. Já a americana Estée Lauder desenvolveu num de seus maiores centros de pesquisa, o Estée Lauder Asia research, em Xangai, a linha CyberWhite Brilliant Cells.
Os produtos dessa coleção vêm conquistando as americanas que também querem uma pele mais homogênea e livre de manchas. Já a sueca Verso SkinCare, que acaba de desembarcar na Sephora dos Estados Unidos, conta com um ingrediente potente: o retinyl retinoate, um derivado da vitamina A similar ao ácido retinoico, que até pouco tempo atrás só estava disponível em produtos da marca sul-coreana Enprani. o ingrediente é tão inovador que ganhou diversos prêmios de ciência e tecnologia do governo da Coreia do Sul.