História e origem do karaokê
Você provavelmente sabe que Karaokê ( カラオケ ) é uma palavra japonesa. É uma mistura de duas palavras – kara (“vazio”) + oke de “okesutura” (abreviação de “orquestra”). Se trata de um passatempo muito apreciado no Japão, onde cantores amadores cantam junto com uma música gravada instrumental. O Karaokê surgiu na década de 70 e passou por muitas evoluções nessas 40 décadas.
Mas qual o motivo para o karaokê ser tão apreciado para o povo japonês? O karaokê dá oportunidade às pessoas de se sentirem como cantores profissionais, mesmo que acompanhados de um microfone e com uma ajudinha de uma “orquestra eletrônica”.
Acredita-se que tenha nascido do desejo das pessoas de cantar, e só quem conhece o Japão de perto, consegue imaginar o quão enraizado e grande é o vínculo dos japoneses com esse tipo de passatempo musical.
Karaokê nos anos 70
Inoue Daisuke era um cantor popular na época e tocava frequentemente em uma cafeteria chamada Utagoe Kissa. No início dos anos 1970, ele criou a primeira máquina de karaokê, devido à insistência dos seus clientes em querer uma versão instrumental de suas músicas, para que pudessem cantar em casa.
Inoue reconheceu o potencial desse tipo de mercado e assim criou a primeira máquina de karaokê, que custava 100 ienes por cada música, o que era caro na época, já que com essa quantia dava para pagar um almoço. Além do preço, muitos acharam que essa máquina podia acabar com o encanto dos shows ao vivo.
No início, Inoue não quis vender essas máquinas, reservava-se em apenas alugá-las para os interessados em sua maioria hotéis, bares e restaurantes. Essas empresas não estavam interessadas na música em si, e sim interessadas em investir em algo que atraísse mais clientela e dinheiro aos seus estabelecimentos.
Esse novo tipo de entretenimento tinha como objetivo a socialização e uma forma de incentivar as pessoas a beberem mais.
Em outras palavras, no início, o karaoke pelo ponto de vista comercial, não era a atração principal. Era simplesmente um truque para incentivar as pessoas a gastarem mais com bebidas nos bares e hotéis.
O único problema foi que Inoue Daisuke não patenteou a máquina … e, portanto, acabou perdendo a chance de se tornar um dos homens mais ricos do Japão! Apesar que em muitas ocasiões, Inoue disse que não se arrepende de não ter patenteado sua ideia.
Em 1999, Inoue foi nomeado pela revista Time como um dos asiáticos mais importantes do século 20, além de ter ganho o Ig Nobel da Paz em 2004.
Quem acabou levando a fama foi um inventor filipino chamado Roberto del Rosario, que desenvolveu um sistema de karaokê em 1975 (quatro anos após Daisuke Inoue ter inventado o sistema) e o patenteou nos anos 80. Roberto del Rosario chamou seu sistema de “Minus-One”, embora detenha também a patente do modelo básico que chamamos de “máquina de karaokê“.
Karaokê nos anos 80
Com as inovações tecnológicas com o decorrer dos anos o karaoke acabou se tornando em uma grande indústria de entretenimento. No entanto,como a maioria das casas japonesas eram de madeira, grudadas umas nas outras e com péssimo isolamento acústico, havia o problema do barulho, que consequentemente incomodava os vizinhos dos estabelecimentos que tinham Karaokê.
Esse problema foi resolvido com o karaokê Box (カラオケボックス) em 1984, construído em um campo de arroz em Okayama, região de Kansai. Os Karaokês Box são salas privadas, disponíveis em vários tamanhos, dependendo da quantidade de pessoas, com isolamento acústico, onde as pessoas se reúnem para cantar.
Nessas salas de karaokê, os clientes tem também a opção de pedir comidas e bebidas a partir de um menu, para degustarem enquanto cantam. Com o investimento bem sucedido, os Karaokê Box foram sendo construídos também nas zonas urbanas, se tornando muito populares em todos os setores da população.
O Karaokê Box também facilitou o desempenho dos tímidos diante do microfone, já que as instalações em bares e hotéis eram colocados em uma área comum e os cantores tinham que cantar na frente de uma platéia, que obviamente incluía estranhos. Isso fazia com que muitos deixassem de cantar em virtude da timidez.
Nesta época já haviam mais de 100 mil deles espalhados pelo Japão. A máquina de karaokê em si mudou muito, também, na qual somente no final dos anos 80, que os cantores começaram a usar karaokê usando a tecnologia laser Disc, substituindo a antiga fita cassete. Os livros com as canções também foram substituídos pelo monitor de TV, onde era possível acompanhar a música observando a letra na tela.
Karaokê nos anos 90
Nos anos 90, surgiu as primeiras máquinas interativas Tsuushin karaokê, que permitia selecionar músicas a partir de um controle remoto. Nessa época, o Karaoke atingiu o auge de sua popularidade no Japão e subiu de 280 mil a 350 mil karaokês, onde cerca de US $ 10 bilhões de dólares por ano.
Foi na década de 90 também que ocorreu o boom internacional e o Karaokê se espalhou no exterior, primeiramente na Coréia do Sul e China, depois o Sudeste Asiático, e em seguida, EUA e Europa. Hoje em dia, o fenômeno Karaokê é conhecido no mundo todo, inclusive no Brasil, embora as salas privadas (Karaokê Box) sejam raras de encontrar. Pelo menos eu não conheço nenhuma…
Bem que eu queria que os Karaokê Box fizessem sucesso por aqui, pois é um passatempo prazeroso, mesmo para quem não sabe cantar nada. É uma ótima maneira de tirar o estresse na companhia dos amigos, além de ser uma forma de entretenimento que agrada pessoas de qualquer sexo, idade e nível social.