Se você tivesse a oportunidade de escolher o sexo do seu bebê, você escolheria?
Um grupo de cientistas japoneses desenvolveu uma técnica em que é possível separar os espermatozóides de camundongos portadores do cromossomo X daqueles que carregam o cromossomo Y.
Com a separação dos espermatozóides, o mundo está cada vez mais perto de controlar o processo de fecundação caso o objetivo seja gerar um filhote fêmea (XX) ou macho (XY).
O estudo, que foi publicado na revista acadêmica Public Library of Science na última terça-feira (13), marca um avanço inédito nos trabalhos sobre reprodução.
Segundo os pesquisadores, a repercussão desse experimento promete simplificar a seleção de sexo para aqueles casais que optam pela fertilização in vitro ou pela inseminação artificial.
Anteriormente, separar os espermatozóides X e Y era considerado uma tarefa complexa. No entanto, o artigo escrito por Masayuki Shimada e seus colegas da Universidade de Hiroshima apresenta um tratamento químico que é simples e não afeta a qualidade dos espermatozóides.
A técnica foi testada em camundongos, mas, de acordo com os pesquisadores, já pode ser aplicada em outros mamíferos.
“Em uma fazenda de leite, o valor de uma vaca leiteira é muito maior do que o de um boi. No caso da produção de carne bovina, a velocidade de crescimento é muito maior nos machos após a castração do que nas fêmeas”, destacou Shimada em seu artigo.
No entanto, o pesquisador salientou que o uso do método em humanos envolve “questões éticas significativas”. Segundo ele, o estudo não se debruça sobre esse aspecto.
Entenda melhor o procedimento
Embora já existam métodos que podem ser usados para classificar os espermatozóides, eles são baseados no tamanho dos cromossomos X e Y e costumam custar muito caro, já que dependem de grandes tecnologias.
Porém, o estudo mais recente é baseado nas diferenças das expressões genéticas de cada um dos espermatozóides. Para a equipe, esse método seria muito mais simples e barato.
No artigo, Shimada explica que os cromossomos X possuem muito mais genes do que os cromossomos Y e podem produzir diversos tipos de proteínas diferentes.
O que os cientistas fizeram foi analisar aquilo que diferenciava um cromossomo do outro. Nisso, eles descobriram receptores que conseguiam se ligar a substâncias específicas.
Foi então que a equipe decidiu estudar um pouco mais a fundo dois desses receptores, os chamados TLR7 e TLR8. Para isso, eles usaram um medicamento conhecido como Resiquimod.
A primeira descoberta foi a seguinte: ao expor o espermatozóide a uma mistura que continha o medicamento, a velocidade dele diminuía.
Depois, eles perceberam que o remédio também reduzia a porcentagem de espermatozóides que, quando colocados em um tubo de ensaio, nadavam em direção a uma camada rica em nutrientes.
No fim das contas, descobriu-se que o Resiquimod estava afetando especificamente o espermatozóide portador do cromossomo X. Porém, o medicamento não afetou a capacidade do gameta em fecundar o óvulo.
Ou seja, ao inserir o medicamento, o método foi usado para diferenciar os cromossomos de machos e fêmeas sem prejudicar a capacidade do esperma de cumprir a sua função de fecundação.