Aqueles que jogavam videogame nos anos 1990 poderiam carregar em si quase uma total certeza de que a origem desses aparelhos era japonesa.
A realidade, entretanto, é outra. Como foi o caso de muitos outros itens tecnológicos da vida moderna, os primeiros videogames surgiram nos Estados Unidos, na década de 1940.
Estes aparelhos ainda rudimentares usavam na época o que era a tecnologia de ponta dos tubos de raios catódicos, a principal peça das famosas televisões de “caixa” antes do aparecimento das telas de LED que hoje ocupam nossas casas.
Esse tipo de engano é facilmente explicado pelo domínio dos consoles japoneses a partir da década de 1980. O mercado americano de videogames já havia sofrido dois duros golpes, em 1977 e em 1983, devido ao excesso de oferta de jogos e de consoles nas lojas.
Quem conseguiu recuperar e colocar os videogames de volta à pauta foi a japonesa Nintendo, por meio do seu Entertainment System que também leva o nome de NES ou, em casas brasileiras, “Nintendinho”.
O acesso ao videogame no Brasil nas duas décadas anteriores aos anos 2000 era limitado. No entanto, era difícil desviar a atenção deste mundo uma vez que a cobertura da mídia impressa e televisiva sobre o então mercado de nicho que crescia a níveis astronômicos ano após ano, tanto em solo nacional como lá fora, era intensa.
Acabou que a Nintendo não ficou sozinha na briga. A empresa japonesa ainda manteve seu trono por anos a fio, graças aos seus consoles e também a jogos próprios como Super Mario e The Legend of Zelda.
Este último serve até hoje como fonte de inspiração para outros videogames de aventura, como a famosa série The Witcher, e também para jogos como Forest Prince, disponível em plataformas de cassino online.
Sua primeira concorrente foi a também japonesa Sega, cujo auge veio no lançamento do Mega Drive, em 1988. Entretanto, no Brasil, seu videogame mais famoso foi o “primogênito” Master System, console criado em 1985 e até hoje distribuído pela Tec Toy.
O sucesso do Master System e consequentemente da Sega no Brasil se explica em boa parte pela questão econômica. Uma vez que o Master System era um sistema mais barato de se adquirir em comparação ao “Nintendinho” – e até ao seu “irmão mais novo”, o Mega Drive – mais pessoas tinham acesso ao console. Seus cartuchos também eram mais baratos, tanto para compra quanto para aluguel, deixando-o ainda mais em conta.
Mais adiante, uma outra empresa japonesa, a Sony, quis entrar na disputa. Ironicamente, o motivo foi de certa forma um erro de cálculo da Nintendo, uma vez que a ideia inicial da sua futura concorrente era lançar uma peça opcional para o Super Nintendo para que o aparelho pudesse rodar CDs em vez dos tradicionais, e bastante limitados, cartuchos.
Esse periférico levava o nome de PlayStation, o mesmo do console que bateria de frente com o Nintendo 64 e o Sega Saturn pela preferência do consumidor.
Nos tempos de hoje, o mercado – e a disputa – já mudou bastante. A Sega tomou uma série de decisões equivocadas que, em 2001, a obrigaram a abandonar de vez o mercado de consoles. Ao mesmo tempo, a Sony teve que se desfazer de alguns dos seus setores-chave em outros mercados, como o de aparelhos eletrônicos, para manter viva sua diretoria de jogos.
No meio disso tudo, surgiu a americana Microsoft para clamar por um pedaço da enorme torta que é o mercado de Videogames. E a Nintendo passou também por seus altos e baixos, alternando entre decisões inteligentes (Wii) e não tão inteligentes (Wii U) ao longo dos anos.
Ainda assim, o momento atual do mercado de videogames para as empresas japonesas é positivo, principalmente para jogos.
Em tempos recentes, vê-se o renascimento no interesse de várias franquias clássicas lançadas por gigantes como a Nintendo e outras que já foram enormes, como a Capcom e a Square Enix, enquanto as empresas ocidentais perdem seu tino de comunicação com o público.
Talvez seja cedo para dizer que essas empresas conseguirão mais uma vez dominar o mercado, como fizeram nos anos 1990, mas não dá para falar que, caso isso um dia aconteça, será uma grande surpresa.