Nem sempre os amigos estão por perto para ajudar e dar aquelas dicas preciosas se o look ficou bom ou não, mas isso pode não ser mais um problema. Um novo sistema de inteligência artificial é capaz de olhar a foto de uma roupa e sugerir opções de combinações que podem deixá-la mais elegante, como usar uma blusa sem mangas ou uma de mangas longas.
A professora de ciências da computação da Universidade do Texas em Austin Kristen Grauman diz que a ferramenta funciona como um amigo dando um feedback sobre o visual. Ela já tinha uma pesquisa anterior que se dedicava ao reconhecimento visual da inteligência artificial. “Também é motivado por uma ideia prática de que podemos trabalhar com uma determinada roupa fazendo pequenas alterações para que ela fique um pouco melhor”, destaca.
Inteligência artificial e moda combinam
Batizada de Fashion ++, a ferramenta criada por meio de inteligência artificial utiliza sistemas de reconhecimento visual para realizar análises das roupas que estão em uma imagem. Características como cor, padrão, textura e forma são examinadas. Depois de feita a análise, a Fashion ++ oferece diversas roupas como alternativa ao usuário.
O treinamento da ferramenta incluiu mais de 10 mil imagens de roupas compartilhadas publicamente em sites voltados aos entusiastas da moda. Para a estudante Kimberly Hsiao, encontrar imagens de roupas da moda foi fácil, o desafio é encontrar fotos fora desse padrão atual. A solução encontrada pela estudante foi misturar as imagens criando assim padrões “menos fashion” para treinar o sistema sobre o que não vestir. “À medida que os estilos de moda evoluem, a inteligência artificial pode continuar aprendendo com novas imagens tão abundantes na internet”, destaca.
Ferramenta precisa de ajustes
Mas nem tudo são flores. O sistema de inteligência artificial pode acabar enviesado pelos conjuntos de dados fornecidos, como no caso da Fashion ++. Os looks vintage, por exemplo, são apontados pelos pesquisadores como os mais difíceis de reconhecer como elegantes, porque as imagens na internet são mais escassas, uma vez que ela foi amplamente usada a partir da década de 1990. Outro ponto é a dificuldade em ampliar para outros estilos de roupa além dos norte-americanos, que também são mais facilmente encontrados na grande rede.
Outro desafio é considerar os tamanhos e formas que podem afetar e muito as escolhas de moda. A inteligência artificial consegue ler os padrões e características, mas ainda falha nessas particularidades que influenciam diretamente. Após desenvolver a ferramenta, as pesquisadoras trabalham para permitir que a inteligência artificial consiga detectar as diferentes formas corporais, fazendo com que as recomendações feitas por ela sejam ainda mais personalizadas. “Estamos examinando a interação entre como o corpo de uma pessoa é modelado e como a roupa seria adequada para ela. Estamos empolgados em ampliar a aplicabilidade a pessoas de todos os tamanhos e formas corporais, realizando essa pesquisa ”, diz Grauman.
O artigo desenvolvido por Grauman e Hsiao foi apresentado na Conferência Internacional sobre Visão Computacional em Seul, na Coreia do Sul.