A japonesa Juju Noda, 13, tem chamado atenção dos meios de comunicação e crítica especializada desde os onze anos por seu talento nas pistas, quebra de recordes e capacidade de vencer adversários do sexo masculino e mais experientes apesar de não ter idade para as grandes competições.
Ganhou seu primeiro carro de corrida dos pais aos 3 anos, aos 6 ao invés de conduzir um “junior kart”, já trabalhava com a versão maior, aos 8 atingia nas pistas 180 km/h, aos 9 já conduzia um Fórmula 4, e no ano seguinte já era capaz de dirigir um F3. Na próxima temporada participará na categoria U17 (sub 17) da Fórmula 3. Seu pai Hideki Noda foi piloto de Fórmula 1, Le Mans e Super GT e hoje a ensina em sua academia particular.
Uma de suas metas é competir na F1, a prova mais prestigiosa do esporte que só teve 5 mulheres competindo em toda sua história, nenhuma conseguiu pole position, pódios, vitórias e títulos, sendo que apenas a italiana Lella Lombardi conseguiu pontuar. Juju Noda fala ao Yahoo! Esportes sobre a pressão de ser um talento crescente nas pistas, suas expectativas, as dificuldades para mulheres, a relação com o pai mentor além das dificuldades de ser uma figura midiática e equilibrar tudo com a educação.
Yahoo! Esportes: Você começou a correr aos três anos de idade quando ganhou seu primeiro carro de corrida. Como avalia aqueles anos até o momento atual?
Juju Noda: É difícil avaliar o que fiz em vida. Aproveitei o tempo passado com minha família no automobilismo e gostei muito da competição. Gosto do desafio de pessoas acreditarem que é um esporte dominado por homens.
Seu pai, Hideki Noda, é um nome respeitado no automobilismo. Como é ser ensinada por ele e ter a influência dele em sua carreira?
Ele conhece automobilismo e o que é necessário para ser competitivo nas corridas. Seus apontamentos são muito precisos. Por outro lado, sempre estou sob pressão e as expectativas das pessoas (em geral) são um pouco maiores do que se espera de um jovem piloto, ainda assim é possível tirar proveito das circunstâncias.
Quais são as dificuldades de ser uma jovem adolescente em um esporte de maioria masculina?
Simplesmente força física que difere entre eles e eu. Se quer ter a mesma força de um homem é preciso treinar muito mais que eles. Ainda por cima, o peso da mulher geralmente é mais leve, porém você tem de carregar o lastro no carro (material pesado colocado na parte inferior do veículo) que tem o mesmo peso dos competidores homens. Mas uma mulher não consegue equiparar-se em músculos. Portanto, no final de tudo a regulamentação pede que mulheres se esforcem mais que homens nas corridas.
Você tem obtido muita atenção da mídia, não apenas no Japão – onde grava até comerciais –, mas também em países estrangeiros. Como lida com essa situação?
Realmente não sei. Apenas faço o que quero fazer, e fazê-lo da melhor maneira para alcançar meu objetivo. Mas sinto que algumas pessoas realmente torcem por mim e respeitam meus desafios. Creio que as ações dessas pessoas me ajudam a chegar mais longe.
Como equilibra sua vida escolar com seus compromissos nas pistas?
Não dou conta. Frequentemente é difícil fazer a escola entender o que faço. Antes, quando estava no Ensino Fundamental, o professor nem ao menos tentava entender minhas competições, portanto eu não pude aproveitar plenamente as aulas. Ainda mais quando se tem de treinar, participar de media training, trabalhar e outras atividades, você praticamente não encontra tempo para ir à escola.
Mas de fato é sua escolha sobre o que quer fazer e você deve decidir sobre sua própria vida. Os outros não responde pela sua vida. Entretanto, apesar do passado minha escola atual apoia minha atividade e sempre me recebem bem quando posso frequentá-la. Isto mudou meu modo de pensar e agora gosto da escola, especialmente quando estou entre amigos.
Japão possui grande tradição no automobilismo sendo sede do circuito de Suzuka e F1 e também é uma das principais economias do mundo. Como a cultura automobilística japonesa influencia sua carreira?
Sinceramente não posso dizer com profundidade. Precisaria estudar mais para responder esta pergunta. Mas há algo que me parece estranho quanto ao Japão, é o fato de montadoras japonesas apoiarem pilotos de fora de sua escola de automobilismo. É vergonhoso ver outros pilotos que são realmente talentosos, mas não possuem nenhum apoio de tais montadoras. Talvez eu esteja errada, mas é como vejo a questão.
Em 2017, você dividiu o palco com o piloto brasileiro de Formula E Lucas Di Grassi no Tokyo Motor Show. Brasil também é um país com tradição no automobilismo. O que sabe sobre a nação tropical?
Novamente, minha pouca experiência me permite falar pouco sobre isto. Mas escuto que automobilismo é muito popular no Brasil, porém não tanto quanto aqui no Japão. Por ser uma piloto, adoraria visitar o Brasil e correr aí para saber como é. Lucas foi muito atencioso e gostei de trabalhar com ele. Espero um dia correr com ele quando tiver idade suficiente para a Formula E.