Existem muitas diferenças culturais entre o Brasil e o Japão. São tantas as diferenças que poderíamos passar o dia todo escrevendo sobre isso. Essa distinção em tantas esferas faz com que muitas pessoas tenham curiosidade em relação à Terra do Sol Nascente.
Vamos conferir abaixo algumas diferenças mais impactantes em relação a esses dois países tão etnograficamente diferentes. Tenho certeza que vai se surpreender com muitos deles e sentirá vontade de conhecer esse país tão especial que é o Japão!
1. O idioma
Um dos aspectos que mais chamam a atenção no Japão é o idioma. A língua oficial japonesa é o “Nihongô” e existem três tipos de escrita: Hiragana, Katakana e Kanji. Existem muitas diferenças entre o português e o japonês, a começar por suas estruturas gramaticais, o que faz com que muitas pessoas sintam dificuldades de aprender o nihongo.
Mas com muito estudo e dedicação é possível aprender a língua japonesa e suas singularidades. Pode parecer complicado no início, mas com o passar do tempo, conseguimos assimilar esse idioma tão fascinante. Experimente! Você não vai se arrepender!
2. Andar com sapatos dentro de casa
No Japão, não é costume as pessoas entrarem em casa com os calçados. Estes são deixados na entrada das casas, em um local chamado “genkan”. Na verdade, dentro das residências, assim como em outros locais como empresas, colégios e hospitais, as pessoas costumam usar “suripa”, uma espécie de chinelo especial utilizado somente nessas situações.
Segundo os japoneses, tirar os sapatos antes de entrar dentro de casa auxilia não só na limpeza, como também na “higiene física” e “espiritual” do ambiente. Já no Brasil, não é comum encontrarmos pessoas que adotam esse hábito, salvo exceções, é claro.
3. Cumprimentos japoneses x brasileiro
No Brasil, temos o costume de cumprimentar as pessoas com aperto de mão ou beijinhos no rosto. Já no Japão, a forma mais usual de cumprimento é curvando-se. Essa prática é chamada de ojigi (お辞儀). Aliás, esse hábito se estende para diversas esferas além de uma simples saudação, incluindo pedidos de desculpas e agradecimentos.
Esse costume está tão enraizado na cultura japonesa que é comum vermos os nativos curvando-se inclusive quando não estão cara a cara com o ouvinte, como ocorre quando estão conversando no telefone por exemplo. Interessante não é mesmo?
4. Talheres ocidentais x Hashi
Enquanto que no Brasil, usa-se talheres ocidentais, usados em boa parte do mundo, no Japão usa-se um par de hashis, algo comum em diversos outros países asiáticos como China, Coréia e Taiwan. Os alimentos, com exceção do macarrão, são cortados em tamanhos que podem ser facilmente segurados, dispensando o uso da faca e do garfo.
Existe uma série de etiquetas envolvendo o uso do hashi. Alguns deles são: Não deve-se cruzar um hashi sobre o outro e nem perfurar alimentos com ele. A comida também não deve ser passada de um hashi para outro, pois isso remete a uma prática que ocorre em funerais.
5. Xintoísmo/Budismo x Cristianismo
As principais religiões do Japão são o Xintoísmo e o Budismo. Para a maioria dos japoneses, essas duas religiões se complementam e por isso costumam seguir as duas simultaneamente através de ritos e cerimônias.
O Cristianismo chegou ao país apenas em 1549 através dos portugueses, no entanto, é seguida apenas por 1% da população, ao contrário do Brasil, onde a maioria da população se declara como cristão, uma vez que nosso país recebeu forte influência dos portugueses e outras nações europeias.
6. Trajes ocidentais x quimonos
No Brasil costuma-se usar roupas ocidentais no dia a dia, enquanto que no Japão ainda vemos com certa frequência, pessoas vestidas com trajes típicos do país, Esses trajes típicos são comumente chamados de quimono.
No entanto, existem diferenças entre eles. No verão, por exemplo, usa-se o “Yukata” em festividades, por ser confeccionado com um tecido mais leve. Já no inverno, os japoneses costumam usar o “Gofuku”, geralmente de seda e com bordados, especialmente em casamentos e cerimônias mais formais.
7. Culinária Japonesa x brasileira
A culinária japonesa baseia-se em alimentos bem diferentes a que estamos acostumados no Brasil. Se no prato de um brasileiro não pode faltar a famosa dobradinha arroz e feijão, na mesa dos japoneses não falta peixes, frutos do mar, algas marinhas como wakame e nori, derivados da soja como tofu e shoyu, além de caules subterrâneos como bardana, gengibre e wasabi.
O chá verde também é muito presente no dia a dia dos japoneses, além de ser um ingrediente muito usado na confecção de doces. Já o arroz, é conhecido por sua qualidade e é considerado a base da alimentação nipônica, sendo consumido até mesmo no café da manhã, junto com outros acompanhamentos, tais como misoshiru, natto, tsukemono e peixe grelhado.
8. Mochila escolar Japonesa x brasileira
No Japão, a mochila escolar que as crianças usam durante todo o ensino fundamental é padronizada, ao contrário do Brasil, onde normalmente os pais ou as crianças tem a liberdade de escolher o tipo de mochila que mais lhes agrada e troca-la a cada ano se quiser.
Essa mochila padrão japonesa é chamada de Randoseru (ランドセル) e a sua principal característica é a resistência. São projetadas para aguentar o impacto dos anos e é comum encontra-las intactas mesmo após o desgaste decorrente do uso e da exposição climática como sol, calor, chuva, vento, frio, etc….
9. Volante japonês x brasileiro
Outra coisa que chama atenção no Japão é o volante da direção dos carros ser do lado direito e transitarem pelo lado esquerdo das ruas, assim como na Inglaterra. Isso pode causar um pouco de confusão aos motoristas novatos estrangeiros residentes no país. Mas por que existe essa prática no Japão, uma vez que o Japão nunca foi uma colônia britânica?
Segundo dizem, a razão para isso remete ao período feudal, onde os samurais penduravam suas espadas no lado esquerdo da cintura e caminhavam à esquerda das vias, de modo que a direita ficava livre, a fim de evitar que as armas de dois transeuntes se colidissem, por acidente. Essa prática acabou estendendo-se ao tráfego de carros e posição do volante.
10. Funeral japonês x brasileiro
Por questões de logísticas e religiosas, a cremação é uma prática realizada e aceita por 98% dos japoneses, uma prática com influência budista, que foi trazida da China, a partir de 552 D.C. Em 1867, foi promulgada uma lei que tornava a cremação obrigatória para as pessoas que morressem de doenças contagiosas com o objetivo de controlar eventuais epidemias.
Isso contribuiu para que a cremação fosse difundida e aceita por todas as religiões no Japão, sem contar a falta de espaços para sepultamento devido ao pouco espaço territorial, que também foi levado em conta. Existe muitos rituais durante a cremação.
Por exemplo, os ossos são passados entre os enlutados com uma espécie de hashi usado somente para essa finalidade. Outro ritual é o Nokanshi, um ritual de preparação do corpo, mostrado no filme “A Partida”. Além disso, ainda existe o Tomobiki, uma superstição de origem chinesa relacionada aos dias desfavoráveis à realização de um funeral.