Tóquio não deve conseguir cumprir a meta de igualdade de gênero nos postos de gerência esportiva. Pelo menos foi o que revelou uma pesquisa interna feita pela agência de notícias Kyodo News. De acordo com a agência, apenas 16% dos postos conseguiram manter aquilo que se pode chamar de igualdade de gênero. Todos os outros corpos entrevistados ficaram aquém daquilo que foi proposto pela própria organização olímpica.
A meta estabelecida pelo governo de Tóquio era de que até esta época, mulheres ocupariam cerca de 40% dos postos de gerência esportiva. Ou seja, um número muito distante que não deve ser alcançado sequer no próximo ano. Ainda de acordo com a agência, foram feitas entrevistas em 59 comitês executivos que trabalharão de forma direta ou indireta nos Jogos Olímpicos. São 60 os órgãos diretivos. Ou seja, um deles se recusou a responder.
Dos 1,089 cargos que fizeram parte da pesquisa, as mulheres ocupavam apenas 175. Ou seja, apenas 16,1%. O número chama atenção porque revela que ainda falta muito para alcançar a suposta igualdade. Entre todas as 59 organizações pesquisadas, apenas três bateram a meta dos 40%.
As três foram: a Federação Japonesa de Natação para Pessoas com Deficiência Intelectual (55,6%), a Associação Japonesa de Equitação para Pessoas com Deficiência (50%) e a Associação Japonesa de Para-Tênis de Mesa (40%), alcançaram a meta. Ou seja, a grande maioria das organizações passou longe de atingir a meta de igualdade de gênero prometida pelos japoneses.
Números alarmantes
Os números deixaram os organizadores dos Jogos de Tóquio com uma certa preocupação. Se por um lado, apenas três organizações bateram a meta, em 5 delas não há nenhuma mulher trabalhando. Uma delas é a Associação de Surfe do Japão.
Ainda de acordo com a agência de notícias, 70% das organizações admitiram que a questão da igualdade de gênero é de fato um problema. Boa parte delas se comprometeu a mudar essa realidade nas organizações. Vale lembrar que a Olimpíada de Tóquio vai ser a de maior igualdade de gênero da história. Pelo menos esta é a expectativa do Comitê Olímpico Internacional (COI).
Os organizadores estão tentando equilibrar as ações entre homens e mulheres nas arenas esportivas. Mas parece que nos cargos de gerência a expectativa segue o caminho contrário. Em entrevista para a Kyodo News, a ex-judoca japonesa Kaori Yamaguchi falou sobre a pesquisa.
“As organizações ficaram cientes de que precisam de membros do conselho feminino. Mas não basta ficar ciente. Eles precisam nomear as mulheres. Se eles dizem que não há uma pessoa certa, é óbvio que não estão procurando da maneira correta”, disse ela. “Ainda temos que lidar com assédio e violência no mundo esportivo. As organizações precisam trabalhar para evitar esses problemas e não para exacerbá-los.”