O empresário Carlos Ghosn, ex-diretor da aliança Nissan/Renault, resumiu como teve sucesso em sua fuga espetacular do Japão até o Líbano, onde se encontra atualmente.
Segundo o empresário, o segredo do plano se resumiu em dois pontos: rapidez, tanto no planejamento quanto na execução, e surpresa.
“Os japoneses não são rápidos. Precisam de preparação, planejamento e entendimento. Então, se você quer ser bem sucedido em uma fuga, tem que ser rápido e surpreendente. Planejar e executar muito rápido. O que foi feito”.
Ghosn revelou que todo o planejamento da fuga foi feito em dezembro de 2019, dias antes da concretização do plano, justamente para evitar que os japoneses desconfiassem de alguma coisa errada.
O empresário voltou a alegar inocência sobre as acusações que o levaram à prisão domiciliar em Tóquio e a criticar o tratamento que recebeu da Justiça japonesa.
“O complô foi japonês, mas a Nissan do Brasil ajudou a central para as pesquisas, para entrar na minha casa, retirar documentos. Mas não tinham uma tarefa estratégica ou de preparação”, comentou.
Decepção com Bolsonaro
Na entrevista ao Estado também sobraram críticas ao presidente do Brasil, Jair Bolsonaro que, segundo ele, não mostrou o apoio que considerava necessário para o caso.
“A posição do presidente foi influenciada pelo Ministro das Relações Exteriores (Ernesto Araújo), que disse para ele não aborrecer os japoneses. Foi a opinião que prevaleceu”, afirmou.
“É uma pena. Eu sou um cidadão brasileiro – e o cidadão brasileiro, frente aos japoneses, não conta muito”, concluiu, decepcionado.