Visitar outras culturas é sempre uma aventura cheia de surpresas e conhecimentos. E para não dar bola fora, é bom dar uma estudada antes para saber como são os costumes locais.
Pensando nisso, pesquisadores da Universidade de Glasgow investigaram se as expressões de sentimentos básicos também variavam de acordo com a procedência de cada pessoa e descobriram: enquanto a expressão de dor é praticamente universal, a de prazer pode depender da cultura de cada pessoa.
A pesquisa, divulgada em setembro no Portal PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences, ou Anais da Academia Nacional de Ciências), comprovou que ocidentais e orientais manifestam dor de maneira muito similar, quase sem diferenças. Mas quando o assunto é orgasmo, a reação é bastante diferente.
Para chegar a esse resultado, os cientistas escolheram um set de 42 movimentos e os apresentaram para cerca de 40 mulheres e 40 homens para que avaliassem as expressões, que incluíam variações de sobrancelhas, olhos e bocas, entre outras. Apesar de praticamente todos os participantes concordarem que as expressões de dor e prazer são bem diferentes, a maioria afirmou que a sensação típica de dor envolvia recolher o rosto; já a do orgasmo ia no sentido contrário, puxando a cabeça para trás.
A dor pode ser caracterizada, então, por movimentos de abaixar as sobrancelhas e enrugar o nariz, segundo apontaram os participantes. Com relação ao êxtase, as pessoas de culturas ocidentais tendiam a escolher expressões faciais de olhos arregalados com bocas escancaradas. Enquanto isso, quem era culturas orientais selecionava rostos sorridentes, com sobrancelhas levantadas e olhos fechados. Os cientistas acreditam que as distinções podem ser explicadas pelas expectativas culturais em torno de expressões de excitação e contentamento.
A pesquisa contradiz estudos anteriores que afirmavam não existir diferenças entre as demonstrações. “Em ambas as culturas, as representações mentais de dor e orgasmo compreendem movimentos faciais opostos — enquanto a primeira é caracterizada por abaixamento de testa, rugas no nariz e bochechas, o segundo é representado pela face com movimentos que a expandem para fora. Por exemplo, sobrancelhas em ambas as culturas; abertura da boca e aumento de pálpebras entre os ocidentais”, apontam os pesquisadores.