Nascemos sem pelos e, muitas vezes, sem cabelos. São eles, os pelos e os cabelos, que marcam algumas fases da vida: surgem na puberdade, fogem na velhice e, no intervalo entre uma coisa e outra, geram lucro para a indústria de aparadores, ceras, aparelhos a laser, barbeadores, descolorantes e salões de depilação.
Além do lucro, provocam tabu. Em homem, tudo bem existir pelo: dentro do nariz, dentro da orelha, no peito, na região genital, no bumbum, nas pernas, nas axilas, nos braços, nas mãos. Com as mulheres, a coisa é diferente, e aquelas que buscam manter a cabeleira, natural a todos desde que o mundo é mundo, são criticadas, chamadas de desleixadas muitas vezes. São, não: eram.
Na verdade, o conflito de ideias, opiniões e adesões ainda não decidiu se o lugar do verbo é no presente ou no passado. Bom, na verdade, é lembrar que quem tem mesmo que decidir alguma coisa são as moças, cada uma delas individualmente. Pode depilar? Claro que pode! Pode não depilar? Pode também. Pode fazer em forma de coraçãozinho, baleia do Twitter, bigode do Titio-Avô. Pode!
Moda
Aliás, se há pouco tempo (um século em termos históricos é pouco tempo), uma crise na venda de barbeadores começou a incentivar mulheres a depilarem suas pernas, hoje o hype é diferente, e cada vez mais elas estão aproveitando a oportunidade de decidir o que preferem.
Um estudo recente avaliou os padrões de depilação de 3,3 mil mulheres com idades entre 18 e 64 anos – só o fato de a faixa etária ter sido tão abrangente já é um diferencial, pois os resultados permitem comparações recentes nesse sentido.
A observação mais óbvia feita pela pesquisa foi a de que, de fato: mulheres mais jovens são as que mais depilam a região pubiana, até mesmo porque a depilação íntima completa é uma opção relativamente nova.
Corta tudo
Com a pesquisa, descobriu-se que as mulheres entre 25 e 34 anos têm 83% menos inclinação a depilar totalmente a região pubiana, em comparação com as que têm entre 18 e 24, e que esse percentual é de 96 no caso das mulheres com idades entre 55 e 64 anos.
Além do mais, a depilação total é 50% mais comum entre mulheres brancas, de acordo com a pesquisa. Entre outros fatores que podem dizer se uma mulher vai ou não se depilar está também o nível educacional: as que vão à faculdade tendem a depilar 3,4 vezes mais do que as que não têm um diploma do Ensino Médio. O mesmo vale para a renda salarial: as mulheres que ganham mais de US$ 100 mil por ano se depilam mais do que as que ganham menos de US$ 50 mil durante o mesmo período.
Entre os métodos usados pelas moças, a raspagem com um barbeador é o mais comum (é usado em 61% dos casos). Das entrevistadas, 12% afirmaram usar depiladores elétricos; 17,5% dizem aparar com a tesoura e apenas 4,6% apostam na depilação com cera.
Por quê?
A pesquisa foi além de apenas descobrir o tipo de depilação das entrevistadas. Outra pergunta feita foi: por que vocês se depilam/ou não se depilam? Entre as respostas dadas está o fato de que fazer aquela manutenção frequente nos pelos púbicos facilita algumas posições sexuais. Além do mais, as preferências dos parceiros também têm muita importância para a mulherada: 96% das mulheres disseram que se depilam por causa de seus companheiros ou companheiras.
Além do mais, 40% das entrevistadas já precisaram ir ao médico em decorrência de algum problema provocado pela depilação. Ainda assim, as mulheres afirmam que se sentem mais sensuais se estão depiladas e, para a autora do estudo, Dr. Tami Rowen, não há nada de surpreendente aí, até mesmo porque a depilação se tornou um fator cultural.
É mais higiênico mesmo?
Das entrevistadas, 60% afirmaram que fazem a depilação com propósitos também de higiene, mas a verdade é que depilar a região pubiana não torna a pessoa mais limpa. “Pelos têm um propósito”, explica Rowen. No caso da região genital, eles servem como proteção de tecidos importantes e realmente delicados. Ela diz também que algumas mulheres têm a região dos grandes lábios muito sensível, e que remover os pelos do local pode provocar cortes e lesões.
Em seu consultório, a médica já viu casos que incluem cortes, abscessos, queimaduras, inflamações nas raízes do pelo e outros problemas que a depilação pode provocar. No caso das mulheres com a pele dos lábios vaginais sensível, remover o pelo pode deixar a região com ardência, irritação e muita coceira.
A lição disso tudo? Não há uma fórmula mágica que garanta que a remoção dos pelos vai acontecer sem danos à pele da mulher. O que a médica e pesquisadora recomenda é evitar realizar procedimentos definitivos na região e, claro, pensar em outras alternativas de depilação caso surja algum problema de saúde.