Nos últimos anos a cultura sul-coreana vem conquistando muito espaço no ocidente, principalmente no campo musical. Nos quadrinhos (chamados de “manhwa”) não poderia ser diferente e, através de aplicativos e serviços de quadrinhos digitais, muitos artistas sul-coreanos têm criado suas histórias e alcançado números absurdos de visualizações. Tower of God é um dos manhwas coreanos mais lidos em plataformas digitais, então não foi tanta surpresa assim quando anunciaram um anime baseado na história. Mas o que esperar dessa nova série?
Do manhwa coreano para anime japonês
Tower of God é um manhwa criado pelo autor Lee Jong-hui (mais conhecido pelo apelido SIU, uma abreviação do nick “slave in utero”) cujo início se deu em 2010. A história foi disponibilizada gratuitamente na plataforma de quadrinhos digitais Webtoon e até hoje, com centenas de capítulos já publicados, aparece em destaque nos rankings internos.
Ao contrário de um quadrinho tradicional, em que temos a história dividida em várias páginas que precisam ser viradas, Tower of God segue um formato mais cômodo para a visualização em tablets e celulares: a leitura é sempre rolando a página para baixo, como se fosse impressa em um rolo gigantesco.
Embora os manhwas tomem emprestados vários elementos dos mangás japoneses, como a estética e forma de contar as histórias, os quadrinhos disponibilizados nesses sites costumam ser totalmente coloridos e trazer uma leitura da esquerda para a direita, assim como no ocidente.
Mas vamos de história: em Tower of God temos Bam, um jovem sem memória habitando um local isolado embaixo da tal torre do título. Ele conhece Rachel, uma garota que lhe apresenta o funcionamento deste mundo fantástico e com quem cria fortes laços de amizade. Um dia, porém, Rachel entra na torre e Bam parte em uma jornada para reencontrar sua amiga. A tarefa não é fácil, pois cada andar da torre traz um desafio perigoso e que pode custar a vida de quem for lá. No entanto, a recompensa pode valer a pena: quem chegar ao topo da torre, terá um desejo realizado.
O protagonista desmemoriado é a oportunidade ideal para o autor ensinar aos leitores o funcionamento do mundo, afinal Bam precisa ouvir toda hora explicações dos demais personagens, como o misterioso Khun ou o monstro impulsivo Rak. Com o passar dos capítulos, também descobrimos mais sobre as propriedades da Shinsu, um elemento mágico que rege as regras da torre, capaz de assumir várias formas e densidades dependendo do andar ou do usuário. Sem muita surpresa, o protagonista tem uma certa facilidade com o elemento.
O estilo da história não é muito diferente de um Hunter x Hunter da vida, inclusive há muitas semelhanças entre a escalada da torre de Tower of God com alguns arcos do mangá de Yoshihiro Togashi: as provações encaradas pelos personagens são bem parecidas com o estilo dos desafios do Exame Hunter. A comparação não é necessariamente um demérito, pois Tower of God propõe desafios com regras muito interessantes.
Uma das provas do começo da série mostra o time do Bam tendo 10 minutos para escolher uma porta correta entre dezenas de portas erradas. Os personagens precisam pensar nas regras propostas pelo examinador para chegar à vitória do desafio, sempre analisando as pistas e às vezes agindo de acordo com o bom e velho instinto. Ao final, os desafios são baseados em comportamentos comuns aos humanos, falando mais sobre os personagens do que eles mesmos gostariam.
Um anime de visual interessante
Tower of God tem mais de um bilhão de visualizações no Webtoon e seus 474 capítulos estão divididos em 3 temporadas distintas. O anime foi feito para abocanhar parte desse público e para apresentar a série a novas pessoas. O anúncio de Tower of God aconteceu na metade de 2019 e conta com produção da TMS e coprodução da Crunchyroll, responsável pelo streaming.
O anime tem uma estética interessante. Embora siga um estilo de animação mais próximo de um anime japonês (inclusive o traço original no começo do manhwa estava longe da qualidade dos capítulos mais recentes), é na colorização que vemos uma diferença. Há uma técnica para fazer Tower of God parecer a pintura digital feita pelo autor SIU, mas ainda dando uma camada de elegância. O traço menos firme também contribui para deixar o efeito mais bonito.
As cenas de luta estão bem animadas, e muitas das coreografias de combate são diferentes das do manhwa. Houve também o cuidado de deixar o anime melhor explicado para o público, então alguns desafios ganharam demonstrações de regras mais visuais. No manhwa, o desafio da coroa do terceiro episódio é demonstrado apenas com balões de texto, já o anime criou um esquema com os personagens em versão chibi ilustrando as regras, bem mais fácil de entender o desafio proposto pelo examinador.
Tower of God tem muitos elementos certeiros para conquistar os fãs de anime e mangá, mas talvez não atraia tanto otakus que já tiveram contato com séries de temática parecida. De qualquer forma, vale a pena dar uma conferida mesmo que seja para conhecer um dos quadrinhos mais lidos da atualidade e admirar a animação.
A série está disponível no Brasil através da Crunchyroll, com legendas em português. A previsão de é que o anime tenha 13 episódios.