Primeiro passo matinal: escolher entre uma roupa social ou permanecer de pijama. Depois de 20 dias de quarentena observo, ao acordar, a mesma preferência: um moletom. Penso: não vou ver ninguém, é mais confortável, mais fácil de lavar e não precisa passar.
Segundo passo: exercitar os neurônios. Escolhi como estratégia, para animar o meu dia a dia, relembrar os anos em que morei na China e dei aulas no Japão. O coronavírus 19 tem que ter alguma utilidade. Por exemplo, servir para rememorar o que eu aprendi na década de 90, as dificuldades e, especialmente, a solidão linguística. O cantonês é muuuuito difícil.
Quando cheguei no Japão, tinha um sonho antigo: conseguir um quimono usado por japonesas do tempo da minha avó. Queria um objeto com história, afinal sou historiadora, sonhava com um quimono repleto de memórias japonesas.
Contei o meu sonho para o professor japonês e amigo, responsável pelo convite para dar aulas em Tóquio. Ele conseguiu, falando com familiares, reencontrar em um baú antigo vários quimonos e separou dois deles usados pela sua falecida mãe.