Quem não foi a Paris ainda provavelmente gostaria de conhecer a cidade considerada a mais romântica de todos os tempos. Quem já foi é bem capaz de querer voltar – ou não. Quando o assunto é viajar para a Cidade Luz, há quem desenvolva certo trauma da experiência. Esse trauma não só existe como tem nome: “Síndrome de Paris”.
A Exame publicou recentemente uma matéria a respeito de uma epidemia da síndrome de Paris, que estaria atingindo turistas chineses. A pergunta que fica é: o que acontece com esses turistas? A resposta é basicamente simples: choque de realidade. Depois de passarem anos idealizando uma cidade mostrada em grandes filmes, muitos turistas – especialmente os asiáticos – chegam a Paris e se decepcionam.
A verdade é que a imagem da Paris de Amélie Poulain, toda em tons de verde e vermelho, é comprada por muitas pessoas que esperam chegar à cidade e encontrar um lugar milagrosamente poético, seguro e visivelmente encantador.
Mas e não é?
Não que Paris não seja exatamente tudo isso, a questão é que você estará em uma cidade cheia de turistas, de moradores cansados de turistas e de pessoas que esperam tirar algum proveito de quem é turista. As escadarias da Sacre Coeur, por exemplo, são cheias de pessoas que fazem de tudo para que você compre alguns souvenirs.
Se você resolver usar o transporte público e optar pelo metrô, é bem provável que ele esteja cheio nos horários de pico, como qualquer outra cidade normal.
A Síndrome de Paris não é apenas uma decepção dos turistas chineses com a cidade, é um sinal de que a Economia do país pode ter prejuízos, afinal muitos chineses saem de lá dizendo que nunca mais na vida retornarão à capital francesa. Duvida?
Vamos aos dados, então: pelo menos 1 milhão de chineses vão a Paris todos os anos; o turismo na França é responsável por 7,2% do PIB do país. Com o número de turistas chineses ficando cada vez menor, é normal que o país se sinta relativamente ameaçado.
Perfil
Além de contribuírem com o turismo, os chineses são conhecidos por fazerem compras de artigos de alto padrão no país, como bolsas da Louis Vuitton, produtos da Chanel e da Hermès. Além disso, esses visitantes carregam grandes quantidades de dinheiro em espécie e, por isso, são alvos frequentes de furtos.
De acordo com o psiquiatra Michel Lejoyeux, do hospital Bichat, questões como a emoção de estar em um país que fala outro idioma, usa outra moeda e provoca sensações novas acabam fazendo com que os turistas se sintam perdidos, desorientados.
A mesma decepção foi registrada por um grupo de visitantes japoneses há alguns anos. Os caras chegaram a Paris e, depois de conhecer vários pontos turísticos, começaram a surtar e entrar em desespero. Isso acontece justamente pela tendência de achar que a cidade é a mais linda e perfeita do universo. Ela até pode ser linda e perfeita, mas apenas se o seu conceito de “perfeição” não incluir a ausência de defeitos.
Chega de choro
O problema, que pode até parecer meio fútil em um primeiro momento, é fruto da combinação entre expectativa e falta de informação. O erro maior é achar que Paris é exatamente a cidade retratada em “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain” ou, quem sabe, “Meia-Noite em Paris”.
É o mesmo que você achar que o Rio de Janeiro da vida real é o mesmo Rio de Janeiro retratado nas novelas de Manoel Carlos. Não é. O melhor a fazer é, antes de comprar sua passagem, aprender um pouco a respeito do país e saber que estar lá vai ser uma experiência rica em emoções novas.
Aproveite também para não dar banca de turista e evite andar com sua câmera no pescoço ou com o celular na mão o tempo todo. Se puder, faça um cartão de crédito internacional – é bem melhor do que levar muito dinheiro em espécie. Outra coisa: você sabe que a Torre Eiffel é o ponto turístico mais visitado do mundo. Não espere subir até o topo sem encarar uma fila relativamente demorada. Idem para qualquer outra grande atração, como o Museu do Louvre.