Paciência, compreensão, fidelidade ou zelo? Nenhum deles. O que pode manter o seu relacionamento vai surpreendê-lo!
Não é o amor que segura uma relação. O segredo é outro.
Evidentemente, nenhuma relação sobrevive sem amor, pelo menos não de uma forma saudável. O amor é a razão e a base de qualquer envolvimento a dois. É no amor que uma relação é construída. Por ele e por todas as dádivas desse sentimento tão sublime que permanecemos juntos.
Entretanto, presenciamos todos os dias muitas relações terminando, mesmo com amor.
Então, afinal, qual será esse misterioso ingrediente salvo-conduto do apreço?
Não é fidelidade, nem paciência, compreensão ou zelo. A maior dádiva de quem ama é a renúncia.
Isso mesmo! Acontece quando a gente releva um erro, em vez de apenas ter paciência, e compreende o outro em sua contradição a nós.
Quando a gente olha por ele, renunciamos a nossa razão, a nossa verdade, o nosso bem-estar, nem que seja por um instante. E, mais do que tudo, ser leal é renunciar a milhares de possibilidades em nome da felicidade do coração do outro.
Estar com nossa cara-metade é renunciar o tempo todo. Outras companhias, outros encontros, outros momentos. Interagir com quem amamos é abrir mão de muitas ideias, de muitas vontades e até de comportamentos ou posturas. Porque é preciso que haja dentro do coração uma negociação de valores, onde o que não é tão importante para a gente ou faz mal para a relação deve ser abdicado em função do bem maior: o laço de amor.
Quando compramos uma rosa, abrimos mão do nosso tempo, do nosso dinheiro e de qualquer outra direção que não seja para a pessoa para a qual vamos entregá-la.
Corremos ainda o risco de nos espetar em seus espinhos pela carinhosa surpresa de causar contentamento, riso. E isso é renunciar por amor.
Quando aprendemos a lidar com nossos defeitos, brigamos contra eles e até procuramos ajuda para melhorar, estamos renunciando a nós mesmos. Desistimos de uma parte de nós, a negativa, para manter a chama do amor, jogamos fora aquilo que temos de pior para mantermos o melhor em nossa vida. E acaba sendo uma renúncia por nós mesmos também porque diretamente beneficia a todo relacionamento. Outras vezes, somos nós que deixamos para lá erros e defeitos do nosso amor, desde que dentro dos limites da nossa alma.
Isso não quer dizer que devamos abandonar tudo que temos ou somos para manter uma relação. Não é isso.
Mas existe um momento em que vontades, sentimentos e comportamentos entram em contradição na vida a dois e é nesse ponto que um ou outro, os quem sabe os dois, deve renunciar um pouco de si para manter o equilíbrio e principalmente o maravilhoso encaixe do amor, onde a personalidade de cada um permanece compatível ao sentimento lindo que nutrem um pelo outro.
E vale muito a pena! É uma troca muito injusta de tão vantajosa, porque o afeto é muito maior do que qualquer defeito que temos, porque os gestos que fazem a relação permanecer grande podem ser muito pequenos. Desistências que pouco doem nos proporcionam o extraordinário prazer de manter-se apaixonado.
Outras desistências podem doer mais e ainda serem as melhores escolhas, porque renunciar na relação a dois é substituir qualquer coisa pelo amor.
E, então, no fim das contas, depois de abdicar tanto, a única renúncia incabível é a do carinho do outro.
Porque nada vale a desistência de um amor verdadeiro, porque, afinal, não há tantas oportunidades para o amor, quanto para o resto. Ainda mais nos dias de hoje.