A palavra jeito vem do latim “jactus”, derivativo de “jacere”, que significa lançar ou atirar. O caráter de alguém é também entendido como jeito de lidar com a vida. O seu diminutivo, o jeitinho é um termo utilizado para descrever um estilo alternativo de contornar algumas adversidades.
Ao longo do tempo, o jeitinho brasileiro foi objeto de estudos, sobretudo, no campo da sociologia e psicologia. Assim, podemos dizer que o jeitinho brasileiro expõe o seu lado emocional positivo, apresentando uma abordagem informal para debelar qualquer questão.
É o jeitinho “único” de resolvermos as situações difíceis com aptidão, astúcia e acordo.
Entretanto, o lado negativo do nosso País foi herdado dos períodos de exploração, que se iniciou com os portugueses. O Brasil é o filho que não teve uma mãe afetuosa e nem um pai responsável com o futuro da família. Somos descendentes da prática de abusos do português em relação à índia e do senhor da casa grande contra a escrava.
Então, as relações patriarcais substituíram o ser pelo ter, impondo a trapaça e o embuste para usurpar o poder e a riqueza. É nesse contexto, que o jeitinho brasileiro ganhou um sentido depreciativo.
A “malandragem” desse lado negativo está enraizada nas atitudes de certos brasileiros, que buscam levar vantagem em tudo. Eles são permissivos com atos antiéticos, como por exemplo: sonegar impostos, furar a fila, não respeitar os sinais de trânsito, jogar lixo nas ruas, ofender as minorias, danificar os bens públicos, maltratar e abandonar animais, etc, achando que isso não vai “dar em nada”.
Essa psicologia da “pilantragem” penetrou em órgãos públicos para fraudar os trâmites legais. Esse jeitinho perverso alimenta os malfeitos de políticos, empresários e funcionários para desviar os recursos públicos, que faltam na saúde, na educação e na geração de empregos.
Por outro, o jeitinho brasileiro se manifesta em nosso cotidiano o seu lado positivo, caracterizando-se pela cordialidade em detrimento da racionalidade, que está associado à criatividade em enfrentar os momentos ruins.
É como esse jeito descontraído, que o nosso povo se diferencia de cidadãos de outros países.
As desigualdades econômicas e a lentidão dos serviços públicos levam os brasileiros a solucionar as coisas que estão quebradas em casa ou faltando nas vilas e bairros. E ainda ajudam os parentes, amigos e vizinhos com o pouco que têm. É com esse jeitinho que a maioria das pessoas desta nação enfrenta a dureza da vida, sempre acreditando que há uma luz no fim do túnel.
Por isso, temos que exercer a nossa cidadania para impedir que o lado negativo do jeitinho brasileiro seja institucionalizado no Estado e na sociedade. Portanto, devemos ter uma postura ética em nosso dia a dia, ampliando cada vez mais a inventividade do lado positivo do jeitinho brasileiro, que contribui para construir um País melhor para todos.