Uma talentosa jovem se liberta de uma mãe excessivamente protetora, explora sua sexualidade e constrói seu próprio e promissor rumo no mundo.
Até então, nada fora do normal. Mas, em “37 Seconds”, a diretora japonesa Hikari decidiu abordar um assunto que, segundo ela, o público de seu país reluta em aceitar. Sua protagonista, interpretada pela atriz iniciante Mei Kayama, tem paralisia cerebral.
“Toda cultura tem algo sobre o qual não gosta de falar”, disse Hikari. “Pessoas com uma deficiência e sua sexualidade são definitivamente algo do qual as pessoas não falariam no Japão”.
O filme, um dos cerca de 400 sendo exibidos no Festival de Cinema de Berlim, tem sido bem recebido pelo público, cativado pela interpretação de Mei da jovem de 23 anos Yuma Takada, uma talentosa artista que tenta fazer nome na indústria do mangá.
Um compreensivo editor (Yuka Itaya) diz a Yuma que sua arte tem qualidade técnica, mas reflete sua falta de conhecimento do mundo. Criticando sua representação do sexo como não convincente, ele diz que a jovem em uma cadeira de rodas deve perder sua virgindade e então retornar.
Caso o filme fosse trabalhado com menos habilidade, uma premissa do tipo poderia ter um resultado grosseiro. Mas, a interpretação de Mei de uma ambiciosa jovem que se joga na noite de Tóquio apesar das temerosas objeções de sua mãe (Misuzu Kanno) é por vezes hilária e terna.
“Acho que, com esse tipo de filme, frequentemente quando se vai longe demais, ele se torna muito dramático”, disse Hikari.