Você já deve saber que a deficiência de vitamina D pode gerar uma variedade de problemas de saúde, como uma maior probabilidade de contrair infecções, de desenvolver depressão, sofrer perda de densidade óssea e de apresentar cardiopatias – para citar alguns. Além disso, a falta dessa vitamina – geralmente provocada pela baixa exposição aos raios solares – também está associada à perda de funções cognitivas e de memória em pessoas de mais idade, assim como ao surgimento de condições como a esquizofrenia.
No que diz respeito aos problemas mentais, apesar de existirem evidências de que a deficiência de vitamina D possa ser a responsável pelo seu aparecimento, já faz algum tempo que os cientistas vêm tentando descobrir como, exatamente, a sua falta afeta o cérebro. Nesse sentido, de acordo com Stephen Luntz, do site IFLScience!, Thomas Burne, um pesquisador da Universidade de Queensland, na Austrália, fez algumas descobertas bem interessantes.
Mais importante do que se pensava
Segundo Stephen, durante experimentos com ratinhos de laboratório, Burne notou que os animais com deficiência de vitamina D tinham suas redes perineuronais – estruturas relacionadas com a estabilização e conexão entre os neurônios – dramaticamente afetadas, especialmente na região do hipocampo, área situada nos lobos temporais do cérebro relacionada com diversas funções, como a memória e a navegação espacial, por exemplo.
Conforme explicou o cientista, as redes perineuronais aparentemente têm papel fundamental na formação de memórias e, nos ratinhos com deficiência de vitamina D, o pesquisador notou uma maior dificuldade de aprendizado – comparado aos animais com redes intactas e níveis de vitamina dentro do normal. Burne observou também que a parte esquerda do hipocampo dos ratinhos parecia ser menos afetada pela deficiência do que a direita, que está relacionada com a percepção da realidade.
Esse aspecto, aliás, poderia explicar a relação encontrada entre a eficiência de vitamina D durante a gestação e o diagnóstico de esquizofrenia, e evidencia que, segundo inúmeros estudos já apontaram e muitos cientistas suspeitavam, a vitamina D não é apenas vital para a boa saúde do corpo, mas é ingrediente fundamental para a saúde da mente.
Voltando às redes perineuronais especificamente, pesquisas anteriores sugerem que a vitamina D parece exercer uma função protetora sobre elas, prevenindo a ação de determinadas enzimas sobre essas estruturas. Também existem estudos que revelaram que as redes perineuronais podem interferir no aprendizado de novas ações, assim como a sua remoção parece ter efeito positivo em pacientes diagnosticados com o Alzheimer.
De acordo com Burne, como as redes parecem sofrer alterações em ratinhos adultos, ele espera que seja possível reconstruir essas estruturas e, dessa forma, desenvolver novos tratamentos para diversos problemas mentais.