Soldado de guerra desde os 20 anos, Hiroo Onoda lutou com tanta devoção que não percebeu quando a guerra acabou e continuou lutando. Se você está se perguntando como isso é possível, continue lendo a história deste homem corajoso e muito teimoso.
Em dezembro de 1944, Onoda foi enviado às Filipinas. Sua missão, descrita em nota por Major Yoshimi Taniguchi, era a de manter-se vivo. Um trecho da nota, em uma tradução livre, diz que “Isso pode levar três anos, pode levar cinco, mas aconteça o que acontecer, nós vamos voltar até você.”
Filipinas
Após chegar ao seu destino, Onoda viu a ilha onde estava ser invadida por tropas inimigas. Alguns oficiais se recusaram a cumprir as ordens de Onoda, que queria destruir o aeroporto e o porto locais. O lado positivo foi que isso fez com que as forças aliadas tivessem mais facilidade de chegar à ilha. Em seguida, a ilha foi totalmente conquistada por soldados japoneses, divididos em grupos e espalhados. Aos poucos esses soldados começaram a morrer, mas a pequena tropa de Onoda continuava com suas estratégias de guerrilha e sobrevivência.
Em outubro de 1945, Onoda e seus soldados ouviram alguém anunciando, aos gritos, que a guerra havia acabado, pedindo para que todos os soldados se apresentassem. Onoda pensou que o aviso era, na verdade, uma armadilha. Para ele, não fazia sentido que o Japão tivesse perdido tão rapidamente. Ele ainda nem sabia a respeito das bombas lançadas em Hiroshima e Nagasaki.
Folhetos, jornais e cartas
Após algum tempo, um avião sobrevoou a ilha e jogou alguns folhetos para informar aos possíveis soldados presentes que haveria mais uma tentativa de busca. Onoda, mais uma vez, desconfiou da veracidade das informações.
Depois da primeira distribuição de folhetos, mais alguns foram lançados, agora acompanhados de jornais, com notícias a respeito do fim da guerra, além de fotografias e cartas escritas pelos familiares dos soldados. Feito esse contato, alguns delegados de guerra chegaram a entrar na ilha, pedindo para que os soldados escondidos aparecessem, contando sobre o fim da guerra em alto-falantes.
Anos se passaram e a pequena tropa de Onoda, formada por quatro soldados, continuou escondida. Com o passar do tempo, mesmo vendo que outras pessoas estavam circulando livremente, usando roupas comuns, Onoda continuava a achar que se tratava de uma tentativa de sabotagem.
Encontro
Aos poucos, dois membros do grupo de Onoda saíram, restando ele e apenas mais um companheiro. Os dois viveram escondidos por mais 17 anos. Eles ainda acreditavam que, eventualmente, mais tropas inimigas apareceriam para confronto ou que o Japão pudesse enviar mais tropas para treinamento.
Após 27 anos de fuga, o parceiro de Onoda morreu durante uma briga com uma patrulha filipina. A morte deste soldado serviu de alerta ao governo japonês, que acreditava, até então, que todos os soldados que não retornaram estavam mortos.
O mais irônico vem a seguir: quem, de fato, encontrou Onoda foi um estudante que, em 1974, decidiu viajar para alguns lugares do mundo. Um de seus objetivos era encontrar um panda, o tenente Onoda e o abominável homem das neves. Parece piada, mas é verdade. Pelo menos o tenente ele encontrou.
Resgate
É claro que Onoda se recusou a acompanhar o estudante, afinal, seu comandante havia dito, há 29 anos, que voltaria para buscá-lo, independente do que acontecesse. O estudante voltou ao Japão e procurou o comandante Major Taniguchi , que enviou Onoda às Filipinas. Ele já estava aposentado e trabalhava em uma livraria. Taniguchi foi até Onoda e contou que a guerra, de fato, havia acabado. Ele estava finalmente liberado para voltar ao Japão.
Onoda ficou visivelmente revoltado ao analisar toda a situação e pensar no tempo que perdeu, escondendo-se de inimigos que nem mesmo existiam. Em nota, ele disse que se sentiu um tolo, que tudo à sua volta estava negro, como em uma tempestade.
De volta ao Japão, Onoda virou herói pela dedicação que demonstrou ter com o seu país. Ele também recebeu o pagamento relativo aos 30 anos de trabalho. Com o dinheiro, mudou-se para o Brasil, onde comprou uma chácara e se casou. Ele também escreveu um livro a respeito dos seus 30 anos de guerra.
Em 1984, Onoda voltou ao Japão, onde criou uma escola para ensinar técnicas de sobrevivência e independência aos jovens de seu país. Em 1996, ele retornou às Filipinas e doou US$ 10.000 para escolas locais. Em uma de suas frases mais famosas, Onoda diz: “Os homens nunca deveriam desistir. Eu nunca desisto. Eu odiaria perder.”