Conheça os bastidores do maior acidente aéreo ocorrido no Japão!
O Voo 123 da Japan Airlines era pra ser um voo doméstico como qualquer outro. Porém, o percurso entre Tóquio e Osaka foi palco do maior acidente aéreo do Japão e o segundo maior do mundo, atrás somente do desastre aéreo de Tenerife. No dia fatídico de 12 de Agosto de 1985, o Boeing 747-SR146 mudou a sua rota, colidindo-se no Monte Takamagahara, localizado a 100 km de Tóquio.
O desastre causou a morte de 520 pessoas (15 tripulantes e 505 passageiros). Milagrosamente, 4 pessoas sobreviveram, todas do sexo feminino. Entre elas estavam a comissária de bordo Yumi Ochiai, de 26 anos e três passageiras: Keiko Kawakami, de 12 anos, Hiroko Yoshizaki, de 34 anos e sua filha Mikiko Yoshizaki, de 8 anos.
Outras pessoas sobreviveram à queda do avião, mas acabaram morrendo antes que as equipes de socorro chegassem ao local. Entre os passageiros que morreram estava o famoso cantor Kyu Sakamoto, além de centenas de turistas que viajavam para Osaka para participar do Festival Obon.
Os Bilhetes de Despedida
O Boeing 747-SR146 decolou do Aeroporto Internacional de Haneda em Tóquio às 18:12. Cerca de 12 minutos após a decolagem, o avião apresentou os primeiros problemas, causando uma descompressão explosiva na parte traseira da fuselagem que resultou na perda do estabilizador vertical.
Por causa disso, ocorreu despressurização da cabine, danificando severamente as quatro linhas hidráulicas da aeronave. Foram 32 minutos até que o avião colidisse na encosta da montanha Takamagahara, tempo suficiente para que alguns passageiros escrevessem bilhetes de despedidas para suas famílias
Entre os bilhetes encontrados estavam a do cantor Kyū Sakamoto dirigido à sua esposa e alguns outros publicados pela imprensa japonesa como a de Hiroshi Kawagushi, 52 anos: “A meus três filhos: tomem conta de sua mãe. O avião está caindo e vem uma fumaça branca da parte de trás. Podemos ter apenas mais cinco minutos. Nunca mais quero entrar em um avião“.
Outro bilhete dirigido ao seu filho mais velho dizia: “Não há esperança. Foi uma vida feliz para mim. Tsuyoshi, tome conta de todos. Deus nos ajude. Adeus“. Outro bilhete encontrado entre os destroços foi escrito às pressas em um saco de papel higiênico e era do passageiro Massakatsu Tanigushi, de 40 anos. O bilhete era para sua esposa e dizia assim: “Machiko tome conta dos garotos”.
O Resgate dos Sobreviventes do Voo 123
As buscas só poderiam ser feitas no dia seguinte ao desastre por causa da localização e escuridão, que impediam o pouso dos helicópteros de resgate. Quatro pessoas foram recuperadas com vida, mas não se sabe quantas pessoas sobreviveram ao impacto inicial. Provavelmente o número de sobreviventes seria bem maior se o resgate não tivesse demorado tanto.
As quatro sobreviventes estavam sentadas no fundo da aeronave. Segundo o relato de Hiroko Yoshizaki, sua sobrevivência se deu graças à sua filha Mikiko, de 8 anos. Ela estava quase desfalecendo quando sua filha gritou: “Não dorme mãe! Fique acordada ou você vai morrer! Eu estou com fome, mãe!”.
O marido de Yoshizaki e seus outros dois filhos morreram no acidente. Depois do resgate, ela contou que alguns passageiros desmaiaram e muitos entraram em pânico quando o avião começou a perder o controle.
Depois da colisão, ela perdeu a consciência e quando voltou a si, tocou em seu marido e sua outra filha, Yukari, de 7 anos e percebeu que eles estavam gelados e sem vida.
Mikiko, sua outra filha, estava presa com o cinto de segurança em seu assento e passou a noite toda conversando com a mãe para mante-la acordada, até que pela manhã, cerca de 16 horas após o acidente, fossem socorridas pelas equipes de resgate que as levaram de helicóptero para o hospital.
Yumi Ochiai, comissária de bordo e uma das quatro sobreviventes contou após o resgate que ouviu o som do helicóptero, mas perdeu a consciência logo depois. Quando acordou, ouviu gritos e gemidos de crianças e outros sobreviventes, que aos poucos foram desaparecendo durante a noite até ficar silêncio total.
Já Keiko Kawakami, de 12 anos foi encontrada presa nos galhos de uma árvore e milagrosamente não teve ferimentos graves. Ela contou em depoimentos que logo depois da queda do avião, pediu ajuda a seu pai, Eiji, que respondeu que não poderia ajuda-la por não conseguir se mexer.
Passado um tempo, Keiko perguntou à sua irmã Akiko, de 7 anos, o que o pai estava fazendo e a irmã teria respondido: “Papai e mamãe estão frios”. Assim como seu pai e sua mãe, sua irmã Akiko morreu naquela mesma noite.
Desespero dos amigos e familiares
O fato de quatro pessoas terem sobrevivido a uma catástrofe como essa foi considerado um verdadeiro milagre e deu esperanças aos cerca de 2.000 familiares e amigos dos passageiros, que foram até o local em busca de notícias de seus entes queridos. Porém, ninguém mais foi encontrado vivo.
Alguns parentes, desobedecendo ordens da polícia, subiram a montanha, como no caso de Yoshiaki e Kuniko Miyajima. O corpo do filho Takeshi, de 9 anos não havia sido encontrado, mas os pais rezaram sobre os restos do que parecia ser o assento 12-K, que seria o assento designado à Takeshi.
Realmente foi um trágico acidente aéreo, que neste ano de 2016 completa 31 anos. Difícil imaginar o que as pessoas sentiram durante os 30 minutos de terror que passaram dentro do Boing 747-SR146, embora a gente saiba que trata-se de um sentimento que ninguém gostaria de passar na vida.
Se você quer saber sobre o acidente aéreo do Voo 123 da Japan Airlines, de forma mais detalhada, acesse o site Desastre Aéreo.net.
Mais curiosidades sobre o voo 123 da Jal
* A JAL pagou cerca de ¥ 780.000.000 para os familiares das vítimas, como forma de “condolências”, apesar de não assumir a culpa pelo acidente.
* Yasumoto Takagi, presidente da JAL, assim como outros funcionários da empresa, pediram demissão após a conclusão da investigação.
* A causa do acidente, segundo relatórios oficiais se deu por causa de “Tail Strike” em 1978 que danificou a cauda da aeronave. Acredita-se que o reparo não foi feito devidamente, acarretando na tragédia. O engenheiro da Boeing, responsável pelo reparo, se suicidou para se “desculpar” pelo ocorrido.
* Há quem acredite em conspiração como sendo a causa do acidente. Existe até um blog japonês que difunde essa ideia chamado “Nihon no Kuroikiri” (Névoa Negra Sobre o Japão), cujo autor se denomina como Miroku. No blog, ele diz “Minha investigação ainda está em andamento, mas quero que junto comigo, os leitores encontrem a verdade escondida por trás do acidente”.
Fonte: Japão em Foco