O medo do esquecimento é o que levou esse jovem artista japonês a revelar suas memórias nas folhas das árvores caídas e com o sol como seu único aliado. Longe da perfeição fria do papel brilhante, poucos elementos da natureza nos mostram com tanta precisão a implacabilidade da passagem do tempo quanto as folhas secas caídas das árvores.
Talvez seja por isso que o fotógrafo Hiro Chiba decidiu usar esses elementos para capturar as imagens de seu trabalho, ajudado apenas para essa tarefa pela luz solar. Raramente conseguimos aproveitar uma maneira de imortalizar as memórias como esse artista japonês faz. Poucas criações são ao mesmo tempo tão frágeis, poéticas e melancólicas.
A técnica com a qual ele trabalha magicamente ao revelar as imagens é chamada “cloroplastia”. Alguns anos atrás, o fotógrafo vietnamita Binh Danh fez um trabalho semelhante, imprimido em folhas de árvores, fotos da guerra que foi travada na década de 1970 em seu país.
“No Japão, ninguém fez isso. Então eu tive que me aperfeiçoar multiplicando tentativas e erros.”, diz Hiro Chiba
Para atingir tal nível de perfeição, o fotógrafo Hiro Chiba de 28 anos precisa nada menos do que uma folha exposta ao sol (e sem o menor uso de química, exceto para preservar a imagem). O artista usa o o poder dos fótons que deixam impressões no mundo vegetal. Requer um grande domínio técnico, mas, para o artista, o essencial está em outro lugar.
“As fotografias impressas em papéis modernos são perfeitamente realistas e coloridas. É perfeito demais. Com isso, nem preciso usar minha memória para compensar a falta de imagem. Eu não quero criticar a foto no papel mas, quando vejo uma foto perfeita, só me lembro da imagem sem que ela estabeleça um vínculo com a memória.” duz Hiro Chiba.
Segundo Hiro Chiba “A memória não guarda todos os detalhes, e é isso que a deixa tão bonita e cheia de nostalgia”
De fato, suas criações não tentam se aproximar da realidade, mas estarem mais próximas do modo como nossa memória nos dá essa realidade. Elas nos passam melancolia e nos fazem refletir sobre a fragilidade da memória e a brevidade da nossa existência.
Ficamos inspirados com a forma como artista tenta congelar o tempo através de suas obras, deixando uma marca na natureza morta para transcender além de nossa memória.
“Essa maneira de criar é perfeita para mim. A imagem na folha carece de cor, detalhe e textura. Isso é o que lhe dá tanta nostalgia. “
Para muitas pessoas, suas criações podem parecer apenas clássicos monocromáticos, mas são na verdade o resultado de um processo delicado que leva várias semanas.
Com o passar do tempo, a fotografia gradualmente perde seu mistério (e a explosão de smartphones e redes sociais não ajuda). Felizmente, com um passo de ousadia como o de Hiro Chiba, a oitava arte finalmente retorna com sua parcela de magia.
“Quando encontrei este modo de criar, percebi que isso me permitia expressar coisas que eu não conseguia expressar através da escultura.”
Muito legal né? Para conhecer melhor o trabalho de Hiro Chiba, acesse seu site oficial (http://hirochiba.com/) e sua página no facebook (https://www.facebook.com/pg/Hirochiba89)