Já foram detetados mais de 72 mil fogos este ano na Amazónia, avança a agência de notícias britânica Reuters. Este número representa um aumento de 83 por cento em relação a 2018 e é o mais elevado desde que o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (o orgão brasileiro que se dedica à pesquisa e exploração espacial) começou a realizar registos oficiais.
As imagens de satélite captadas pelo INPE detetaram mais de nove mil fogos novos a deflagrar desde a passada quinta-feira, 15 de agosto, naquela que é a maior floresta tropical do mundo — considerada vital no combate ao aquecimento global. O fumo dos incêndios é tão intenso que pode ser visto do espaço — e a prova está nas fotografias captadas pela NASA a 11 e 13 de agosto.
Rodônia, Pará, Amazonas e Mato Grosso são os estados brasileiros atingidos pelos fogos na imagem. Na semana passada, foi declarado o estado de emergência no estado de Amazonas, o mais afetado pelas chamas.
A catástrofe aumenta as preocupações quanto às políticas ambientais do presidente brasileiro Jair Bolsonaro. As queimadas são usadas como uma técnica de “limpeza natural”, mas são ilegais nesta altura do ano pelo risco elevado de se espalharem. O governo do Amazonas não consegue confirmar se a origem dos incêndios deste ano está ligada às atividades de agricultura ou à desflorestação — os dados oficiais do INPE apenas serão consolidados em 2020.
Entretanto, o presidente do Brasil afirmou que os números avançados pela agência se baseiam em “mentiras” que prejudicam a imagem do país, avança o jornal brasileiro “Folha de S. Paulo”. Esta terça-feira, 20 de agosto, Bolsonaro defendeu-se das acusações que o responsabilizam dos fogos, ironizando que passou de “capitão motosserra” a “Nero”.
Questionado sobre a desflorestação, Bolsonaro afirma que vai esperar pelos próximos dados e que agora haverá “responsabilidade” na divulgação.
O ministro do ambiente brasileiro, Ricardo Salles, anunciou na passada quinta-feira, 15 de agosto, a suspensão do Fundo Amazónia na sequência da decisão da Noruega e da Alemanha de cortarem o financiamento a este organismo.
“O que o Brasil mostrou é que não quer mais parar a desflorestação”, afirmou Ola Elvestuen, ministro do clima e do ambiente da Noruega, que transferiu mais de 828 milhões de euros desde 2008, o ano de criação do fundo.