Qual é a idade do universo? A ciência ainda não tem a resposta definitva para essa pergunta e, mais uma vez, um grupo de pesquisadores surge com um número que questiona o consenso anterior.
Cientistas medem a idade do universo considerando a velocidade com que as estrelas se movem, utilizando para isso a constante de Hubble, um dos valores cosmológicos mais relevantes. Acontece que a constante de Hubble não é um valor determinado e varia conforme algumas estimativas. Até por isso, alguns pesquisadores preferem se referir a ela como parâmetro de Hubble.
A idade mais aceita é de um universo com 13.9 bilhões de anos, baseada numa constante de Hubble de valor 70, que foi calculada tendo em referência dados do satélite WMAP coletados em 2006.
Já o valor apresentado pelos autores no mais recente estudo, publicado pela revista Science, é de 84, o que levaria a um cálculo de 11.4 bilhões de anos, ou seja, o universo seria 2 bilhões de anos mais jovem.
Como o universo rejuvenesceu?
Inh Jee, pesquisadora do Max Plank Institute na Alemanha, é a principal autora do estudo, que utilizou uma nova maneira para definir esse número controverso. Ela e seu time realizaram uma cuidadosa análise usando lentes gravitacionais formadas quando a luz vinda de objetos distantes e brilhantes, como quasares, se curva em torno de um objeto maciço, como uma galáxia, localizado entre o receptor e o emissor.
Essa abordagem é uma das poucas que levaram a um número da constante de Hubble bastante divergente nos últimos anos, reabrindo um debate astronômico que não tinha discussões muito acaloradas há algum tempo. Em 2013, uma equipe de cientistas europeus examinou as sobras de radiação do Big Bang e declarou a taxa de expansão mais lenta: 67. Em março de 2019, o astrofísico vencedor do Prêmio Nobel Adam Riess, do Instituto de Ciências do Telescópio Espacial, usou o supertelescópio da NASA e apresentou um valor de 74.
O cálculo de Jee e sua equipe, no entanto, tem margem de erro bastante alta, assim, é possível que esse “rejuvenescimento” do universo não se sustente de fato.
Avi Loed, astrônomo de Harvard sem qualquer envolvimento com o estudo, disse que foi uma maneira interessante e única de calcular a taxa de expansão do universo, mas por conta dessa grande margem de erro será necessário coletar mais informações para corroborar sua eficácia. “É difícil ter certeza de suas conclusões se você usa uma régua que não entende completamente”, diz ele.
Sorte que não precisamos fazer festa de aniversário para o universo, ou teríamos problemas na hora de comprar a velinha certa para colocar no bolo.