Hakusai Shosho, homenagem aos centenários japoneses
Como sabemos, o Japão é um dos países com mais centenários do mundo. Como forma de homenagear essas pessoas que chegaram a um século de vida, o governo japonês, desde 1963, promove uma festa onde os centenários são presenteados com uma taça de sake de prata, juntamente com um certificado assinado pelo Primeiro-Ministro, no dia do Keiro no Hi (Dia do respeito aos idosos) em setembro.
O único problema é que esse evento tem custado cada vez mais aos bolsos do governo japonês, já que o número de centenários, surpreendentemente vem aumentando desde 1963, data em que se iniciou o Hakusai Shosho. Na ocasião, apenas 153 centenários receberam o troféu e a homenagem.
Quase meio século depois, esse número saltou para 20 mil centenários e como esse número não para de crescer, a fim de reduzir os gastos devido ao “orçamento limitado” resultante ainda da crise econômica que abala o país, o governo resolveu diminuir o tamanho da taça, diminuindo seu diâmetro de 10,5 cm para 9cm.
Segundo um porta-voz do Ministério da Saúde, não houve grande diferença visual ao se tirar um pouco do diâmetro da taça, embora os custos tenham reduzido consideravelmente. Cada taça custa cerca de ¥ 7.500 cada uma, o que sairá aos cofres públicos, cerca de 150 milhões de ienes para os 20 mil homenageados.
Essa mudança no diâmetro da taça, que fará com o que seu peso reduza a 63 gramas de prata, 31 a menos do que antes, não agradou muito a crescente população de idosos no Japão, que interpretou essa atitude como um tapa na cara daqueles que ajudaram a levantar o país no pós guerra, tornando o país em ruínas na segunda maior potência econômica do mundo.
Japão, um país cada vez mais senil
A população japonesa é a que mais envelhece em ritmo acelerado no mundo. Cerca de 23% da sua população hoje é formada por pessoas acima dos 65 anos e estima-se que daqui 20 anos, um terço da população será idosa. Acredita-se que há hoje 37 mil japoneses com 100 anos ou mais, na qual 87,1%, são mulheres..
Por outro lado, a taxa de nascimentos caiu, fazendo com que a população cresça em ritmo cada vez mais lento e é bem provável que daqui duas décadas, a população deixe definitivamente de aumentar e comece a cair vertiginosamente.
Um dos motivos para esse acentuado aumento de idosos está na acentuada queda da fecundidade das japonesas, que cada vez mais inseridas no mercado de trabalho, acabam deixando a maternidade em segundo plano.
Juntando isso a estagnação da economia que o país vive e também aos casamentos cada vez mais tardios que a sociedade japonesa vive, o resultado é cada vez menos crianças nascendo no país.
Tem ainda o problema da nova geração de homens comedores de grama ou herbívoros, conhecidos como Soushoku Danshi. Esses novos homens não possuem ambições financeiras e amorosas. Muitos ainda se declaram assexuados e fogem a todo custo do estereótipo da macheza japonesa, da época dos samurais. Segundo estatísticas, 36% dos homens entre 16 e 19 disseram que não tinham “nenhum interesse” ou então que “desprezavam o ” sexo.
Okinawa, a terra dos centenários
Segundo as estatísticas, o local onde mais se concentra centenários no Japão é o arquipélago de Okinawa. São cerca de 58 em cada 100 mil habitantes.
Acredita-se que a principal chave para a longevidade dos okinawanos é a alimentação, que possui pouco açúcar, sal e gordura e basicamente é composta por tofu, peixes e vegetais, além da qualidade de vida e dos bons hábitos no geral.
Veja algumas dicas de como chegar lá:
Sendo assim, se depender dos okinawanos e do ritmo que as coisas andam no Japão, cada vez mais taças de pratas terão que ser produzidas a fim, de premiar os centenários. E apesar dos pesares é uma data que não se pode passar em branco, afinal chegar aos 100 anos de idade não é para qualquer um!
Curiosidades:
Jirouemon Kimura nascido em 19 de abril de 1897 era a pessoa mais velha do mundo, porém ele morreu aos 116 anos de idade, passando o título para Misao Okawa que nasceu em 5 de março de 1898 e portanto tem 115 anos de idade.Estatísticas em xeque
A credibilidade dessas estatísticas anda sendo bastante questionada após a descoberta de que algumas pessoas incluídas na contagem já estavam mortos ou desaparecidos. O ministério se baseia em registros residenciais para compilar as estatísticas e muitas famílias omitiam a morte do seu familiar centenário, para se apropriar da sua aposentadoria, na qual os que tinham mais de 100 anos ganhavam uma bonificação extra.Houve até casos de encontrar esses parentes mortos mumificados, escondidos pela sua família em suas próprias casas. Nesses casos, muitos que estavam declarados entre 120 e 150 anos, já estavam na verdade mortos. Isso é para vermos que no Japão também acontece casos bizarros como esse.