Os signos do zodíaco são um tema que, em qualquer roda de conversa, rendem boas discussões e dividem opiniões. Alguns acreditam, outros não; mas a maioria das pessoas, em algum momento da vida, já teve curiosidade sobre o assunto (mesmo que bem pouquinho).
Quem nunca fez ou ouviu a clássica pergunta “qual é o seu signo?” que atire a primeira pedra. Muitos consideram a resposta um divisor de águas na hora de começar uma amizade ou até mesmo uma paquera. Termos como ascendente, lua, sol, paraíso e inferno astral são até comuns, mas será que sabemos como de fato surgiu o horóscopo?
O começo de tudo
Desde a antiguidade, o céu e seus detalhes eram uma curiosidade entre os seres humanos, que se perguntavam o que aqueles pontos brilhantes significavam. Com o passar dos anos, foram atribuídas às estrelas diversas funções, e a primeira delas surgiu com o homem pré-histórico a partir da evolução da agricultura e do planejamento da atividade de plantio.
Tempos depois surgiu a necessidade de locomoção no escuro do deserto. Pelo o que se sabe, o local em que essas caminhadas começaram foi entre os rios Tigre e Eufrates, localizados na Mesopotâmia. As pessoas que se aventuravam deserto adentro notaram, pela observação do céu estrelado, que alguns pontos luminosos eram praticamente “fixos”. Assim, “ligaram” os pontos para não se perderem durante as viagens, e esse exercício quase geográfico acabou gerando imagens que lembravam animais e até seres lendários.
Todo esse esforço não foi em vão, afinal ainda utilizamos as estrelas para localização. É claro que temos métodos mais modernos que nos levam até nosso destino com maior precisão, mas quem não tem um celular na mão e sabe o mínimo sobre constelações pode tentar se virar desvendando o céu.
O zodíaco
O horóscopo, como o conhecemos, nasceu no século V a.C. Com uma mistura de filosofia grega, conhecimento matemático egípcio, influências da astrologia milenar da Babilônia e um pouquinho de Elemento X surgiu a ideia de zodíaco. Essa palavra, que em grego significa círculo de animais, indicava o grande cinturão celeste que marcava o trajeto do Sol naquele tempo. Cada uma das 12 constelações por onde o astro passava representava um signo, no fenômeno chamado eclíptica.
Pouco tempo depois surgiu a ideia de horóscopo individual e dos mapas astrais. Analisando a data e a hora exata que uma pessoa nasceu, dizem os astrólogos, é possível traçar sua personalidade e até ter revelações sobre o futuro. Além disso, no início da Era Cristã, foram atribuídas ao perfil de cada signo características relacionadas às estações do ano. “Outras influências, como a simples observação do temperamento de pessoas nascidas em um mesmo período, também interferiram nas características que cada signo apresenta atualmente”, afirma a astróloga Bárbara Abramo.
Os signos e a astronomia
Na antiguidade, havia uma correspondência exata entre a astrologia e a astronomia. Com o passar dos séculos, no entanto, a trajetória do Sol sofreu alterações devido a um fenômeno chamado precessão. A partir disso, a tal correspondência acabou se tornando um tanto imprecisa.
A Terra gira, todos sabemos disso. Mas o que nem todos sabem é que ela faz um movimento cônico, semelhante ao de um peão — a diferença é que nosso planeta demora 25,8 mil anos para completar uma volta. A Terra tem um ângulo de inclinação constante, mas a direção para qual ela “aponta” muda com esse movimento. À medida que a Terra “aponta” para outro local, o lugar do Sol varia em relação às estrelas fixas, afinal o movimento do astro sofre influência direta da translação terrestre.
Hoje, por exemplo, quando a primavera começa, o Sol está passando pela constelação de Peixes, e não pela de Áries, como era na antiguidade. Inclusive, devido a esse fenômeno, existem constelações na rota do Sol hoje em dia que sequer fazem parte do horóscopo.
O que a Astrologia diz?
“A astrologia distingue o que é constelação e o que é signo”, segundo o astrólogo Oscar Quiroga. “As constelações nunca foram referência para cálculo astrológico, pois o espaço que ocupam no céu é irregular. Já os signos são espaços regulares e virtuais que acompanham a eclíptica perfeitamente”, explica. Segundo o astrólogo, o cosmos e as pessoas são feitos da mesma substância e têm um relacionamento mútuo — que é exatamente o que a astrologia estuda.
Mas não podemos dizer que o horóscopo ficou totalmente para trás: ele acompanhou algumas mudanças astronômicas. “É o caso de inovações relativamente recentes na escala histórica, como a descoberta dos planetas Urano, Netuno e Plutão, que trouxeram novos elementos à interpretação astrológica do céu”, explica David Pingree, historiador da Universidade de Brown, nos Estados Unidos.
Os signos e a mitologia
Quais são as histórias gregas mitológicas por trás do horóscopo?
Áries
O filho do rei Atamas, Frixo, estava prestes a ser assassinado pela madrasta. Na hora H, ele foi salvo por um carneiro com lã de ouro enviado por sua mãe. O animal foi sacrificado e teve sua lã (o velocino de ouro) enterrada no pomar de Ares, o deus da guerra.
O nome áries significa carneiro, em latim, e é daí que vem o aríete, o instrumento de guerra que serve para arrombar portões e geralmente traz uma cabeça de carneiro na ponta.
Touro
O período de Touro coincidia com a primavera há 4 mil anos, sendo o primeiro signo do zodíaco. Ele foi originado de um mito grego no qual Zeus, chefe dos deuses, assumiu a forma animal para atrair a princesa Europa.
O touro também é uma figura importante nos calendários das civilizações mesopotâmicas por simbolizar a fertilidade. Não é à toa que esse foi o primeiro signo reconhecido, e na época da primavera, quando a natureza começa a renascer após o inverno.
Gêmeos
Castor e Pólux, filhos de Leda (rainha de Esparta), embora fossem gêmeos tinham pais diferentes. Castor, filho do rei de Esparta, era mortal; já Pólux, filho de Zeus, era imortal. Eles eram grandes amigos e juntos lutaram na Guerra de Troia, então quando Castor morreu durante o combate Pólux ficou perturbado. Zeus, então, decidiu tornar Castor imortal eternizando os irmãos na constelação de Gêmeos.
Câncer
Em latim, a palavra significa caranguejo, uma das 12 criaturas mortas por Hércules. A esposa oficial de Zeus, Hera, teria enviado a criatura para enfrentar e assassinar o herói. O animal foi morto, mas sua coragem foi eternizada em uma constelação.
Leão
E Hércules ataca outra vez! O leão também entrou para a lista vermelha do herói, que não só estrangulou o bicho com as próprias mãos como também fez um manto com sua pele. Em homenagem a essa vitória, Zeus desenhou o animal no céu.
Virgem
Essa constelação, para os romanos, representava a deusa da justiça, Virgo, que ficou doente devido à mania humana de começar guerras. Segundo a história, ela foi o último ser celestial a subir para a morada dos deuses. Minerva, deusa da sabedoria, teria desenhado uma imagem no céu em sua homenagem.
Libra
Segundo os romanos, o signo representava a balança usada por Virgo para pesar a alma dos seres humanos. A depender do resultado, o destino final era o paraíso ou o mundo subterrâneo.
Escorpião
Ártemis era uma grande amiga do gigante Órion, mas essa relação gerava muito ciúmes em seu irmão, Apoi. Para dar um fim à amizade, Apoi enviou um escorpião para morder o gigante. Zeus, em memória de Órion, colocou a imagem do animal no céu.
Sagitário (Arqueiro)
Segundo a mitologia grega, Chiron era o centauro mais sábio de todos. Sua morte aconteceu quando foi acidentalmente atingido por uma flecha de Hércules. Assim como os demais, Zeus o homenageou com uma constelação.
Capricórnio
Na história grega, o animal que representa o signo é uma cabra com rabo de peixe. Para fugir do titã Tifon, o deus da natureza, Pan, pulou na água e morreu porque não conseguiu se transformar completamente em peixe, já que metade do seu corpo ficou acima da superfície.
Aquário
O mês de aquário correspondia, no Oriente Médio, ao período de chuvas. Foi assim que surgiu o simbolismo do signo: um homem virando seu jarro de água.
Peixes
Segundo os gregos, Afrodite, a deusa do amor, e seu filho, Eros, teriam se transformado em peixes para fugir do titã Tifon, que não suportava água — assim como fez o deus Pan. Para lembrar essa fuga, Atena, deusa da sabedoria, criou uma constelação.