O futebol, como a sociedade em geral, precisou se adaptar diante da pandemia do coronavírus. Em todo o mundo. Brasileiros em Portugal, Azerbaijão, Arábia Saudita e Japão contaram como tem sido a rotina após as mudanças causadas pela doença.
Não importa onde estejam, os relatos têm pontos em comum: todos estão em confinamento domiciliar, treinando apenas em casa, para manter minimamente as formas, enquanto aguardam a situação retornar à normalidade.
– Aqui em Portugal, a Liga Portuguesa já tomou algumas medidas, há uma semana que nós estamos sem treinamentos, os clubes cancelaram todas as atividades, os jogos foram cancelados também. Na próxima semana vai ter uma reunião com todos os médicos de cada clube, para definir o futuro do campeonato, porque faltavam dois meses e meio para acabar – afirmou Matheus Oliveira, meia-atacante do Sporting e filho do ex-craque Bebeto.
Confira os relatos:
Renato Augusto
Jogador do Shimizu S-Pulse, do Japão
“A gente está passando por essa fase difícil, é um problema mundial, está todo mundo sofrendo com esse coronavírus, e aqui no Japão não tem sido diferente. O campeonato está parado até o dia 3, mas ainda não tem previsão se será dia 3 mesmo a volta. Está sendo bem complicado, os treinos aqui continuaram mas a gente está tendo um controle, todo dia antes do treino a gente está tendo que medir a febre, se a gente sai para algum lugar a gente está tendo que marcar o lugar que a gente foi, o horário que a gente foi, o combate está sendo bem sério. Então, vamos seguir as recomendações dos médicos aí no Brasil, eu tenho familiares aí, tenho amigos também que estão preocupados, então esse combate é mundial, é de todos, e eu tenho certeza de que com a força de todos, com fé em Deus, logo, logo as coisas vão voltar ao normal e a gente vai estar voltando às nossas vidas normais, então vamos fazer com que a união dos seres humanos seja mais forte que esse vírus”
Vagner
Goleiro do Qarabag, do Azerbaijão
“As escolas estão todas fechadas há três semanas, os shoppings estão todos fechados, os restaurantes funcionam em horários restritos, a circulação pelas ruas aqui na cidade de Baku tem diminuindo muito, com algumas ruas interditadas. O governo acabou também de suspender os vistos de entrada, muitos voos foram cancelados e até suspensos. Então, vivemos dias receosos. Além disso, o Irã faz fronteira com o Azerbaijão, e o Irã tem um dos maiores casos de mortes por coronavírus, junto com a China e a Itália. Então têm sido tomadas as devidas providências. O campeonato está suspenso. Estamos em casa, aguardando segunda ordem para que possamos voltar ao trabalho. Nesse momento é muito importante ter uma conscientização dessa pandemia e pensar no bem estar de todos. Estou longe, e espero que o Brasil também tome as devidas providências, a gente vem acompanhando e torcendo para que essa pandemia, esse vírus não chegue tão forte no Brasil e que tudo possa correr bem. Tenho familiares, todo mundo aí, e torço e rezo para que isso passe logo e que possamos voltar a ter nossa vida normal em breve. Isso depende muito da nossa força, dos nossos cuidados e tenho certeza de que com a ajuda de Deus tudo vai se normalizar o quanto antes”
Maurine
Jogadora do Famalicão, de Portugal
“Quando eu soube que ia ter a paralisação eu fui logo ao mercado, comprei algumas coisas para evitar ter que ficar saindo de casa, porque não sabemos como a situação está aqui em Portugal. Então, quanto mais a gente evitar, melhor. Já faz quatro dias que estou em casa, tento me preparar de alguma forma aqui, fazendo alguns exercícios para não perder muito fisicamente, e espero que tudo isso passe o mais rápido possível para que nós possamos fazer o que a gente gosta. Estou na cidade de São João da Madeira, pelo menos aqui o pessoal não está em pânico, ainda tem gente circulando na rua, mas acredito que quanto mais rápido a gente se prevenir, evitar, a gente ajuda a nós mesmos e ajuda ao próximo. Então, que a gente possa ficar em casa fazendo o bem para os outros e para nós mesmos”
Guilherme
Jogador do Al-Faisaly, da Arábia Saudita
“Foram tomadas inúmeras medidas aqui, para que a gente possa se prevenir do coronavírus. Os shoppings estão fechados, as aulas em todas as escolas estão paralisadas, o campeonato saudita aqui também está paralisado. Nós estamos sem treino, estamos em casa, e foi recomendado para a gente evitar sair de casa. Não fui passear, não fui para a capital, tudo isso pensando na nossa proteção, na nossa saúde, não só minha como da minha família, que aqui comigo está. Estou vendo que o povo aqui está fazendo todas medidas para que o coronavírus não chegue até aqui. Claro que tem alguns casos em algumas outras cidades aqui na Arábia, mas graças a Deus aqui onde eu moro, que é Harmah, e a cidade vizinha e outras cidades mais próximas aqui não têm nenhum caso, graças a Deus, então também isso tem ajudado a gente a ficar protegidos”
Matheus Oliveira
Jogador do Sporting, de Portugal
“Aqui em Portugal, a Liga Portuguesa já tomou algumas medidas, há uma semana que nós estamos sem treinamentos, os clubes cancelaram todas as atividades, os jogos foram cancelados também. Na próxima semana vai ter uma reunião com todos os médicos de cada clube, para definir o futuro do campeonato, porque faltavam dois meses e meio para acabar. E nós jogadores estamos em casa nesse momento, fazendo nossas atividades em casa mesmo, tomando todas as precauções e as medidas possíveis para que esse vírus não se espalhe. Eu acredito que a gente fazendo a nossa parte, a gente consegue evitar isso. Se Deus quiser, isso tudo vai passar, as coisas vão voltar ao normal, é só a gente ter um pouco de consciência, e ficar realmente em casa, tomar as medidas que têm que ser tomadas e eu tenho certeza de que se Deus quiser tudo vai voltar ao normal”
Fernando Medeiros
Jogador do Portimonense, de Portugal
“Já foram tomadas todas as medidas possíveis por aqui para que a gente possa se prevenir. Tudo paralisado, o campeonato, os treinos, as esolas, e pediram para a gente ficar o máximo de tempo dentro de casa e só saísse para o que for necessário. Algo me chamou muito a atenção no supermercado, me preocupou bastante, muitas prateleiras vazias, muitos alimentos em falta, coisa que realmente eu nunca vi. E eu, sendo um atleta, dependo do meu corpo, da boa forma, e sempre que dá estou indo correr na praia para não perder o ritmo. E no mais é pedir à Deus para que essa situação passe o mais rápido possível e já, já a gente possa estar vivendo tranquilamente aqui”
Palhinha
Ex-jogador, bicampeão da Libertadores e Mundial com o São Paulo, presidente do grupo empresarial que comanda o União Futebol Clube de Almeirim
“Estou aqui na cidade de Almeirim, em Portugal, estamos praticamente a 100 km de Lisboa. Eu quero dizer a vocês que essa situação do coronavírus é uma situação muito preocupante, alarmante, e nós temos que ter muito cuidado. Aqui parou tudo, as escolas, farmácias, supermercados, jogos e treinos nem pensar, estamos todos dentro de casa. Só quero dizer a vocês que tem que ter muita atenção, cuidem-se de verdade, mantenham sempre as mãos limpas, o nariz também limpo, bebendo bastante água. Temos que ter muito cuidado, aqui na cidade de Almeirim o pessoal está muito preocupado, está quase uma cidade fantasma. Já é uma cidade pequena, mas mesmo assim tem um bom movimento, e está todo mundo preocupado. Nós do clube colocamos todos os jogadores cada um em sua casa, passamos para eles uma lista de trabalhos para eles fazerem em casa para não parar completamente, não sair de casa, procurar se cuidar o máximo possível para não ter problema também. Os atletas estão com medo, logicamente nós todos temos família, mas temos que passar por isso, temos que reagir a uma situação como essa, não é fácil, não vai ser fácil e a gente precisa estar muito ligado ao que estão falando na televisão, nas redes sociais. É se cuidar de verdade, ficando na sua casa, levando muito a sério essa situação, que parece para muitos que não é sério, mas é muito sério, e a gente tem vivido isso aqui na Europa”