A contração reflete os primeiros impactos da pandemia da covid-19 no Japão, mesmo antes da declaração do estado de emergência em abril pelo governo de Abe.
Esta variação de um trimestre para outro é designada por evolução em cadeia do Produto Interno Bruto (PIB).
Trata-se da segunda contração trimestral consecutiva, pelo que o Japão entrou oficialmente em recessão técnica. No último trimestre de 2019, a economia nipónica tinha registado uma queda de 1,9%. É a primeira recessão técnica em quatro anos e meio. Considera-se que uma economia entrou em recessão técnica quando se registam dois trimestres consecutivos com quebra do PIB.
EXPORTAÇÕES CAÍRAM MAIS DO QUE AS IMPORTAÇÕES
O recuo da procura interna contribuiu com 0,7 pontos percentuais do PIB e a diminuição da procura externa líquida com 0,2 pontos percentuais para a quebra da economia nipónica entre janeiro e março. As exportações caíram mais do que as importações, com quebras respetivamente de 6% e 4,9%, o que é relevante para a quarta maior economia exportadora do mundo (depois da China, EUA e Alemanha).
O Japão é, assim, a quarta economia do G7 (que agrupa as sete principais economias desenvolvidas) a entrar em recessão técnica no primeiro trimestre de 2020, depois da Alemanha, França e Itália.
Trata-se, no entanto, da contração trimestral mais moderada entre as grandes economias, face às quedas no primeiro trimestre de 9,8% na China, 5,8% em França, 5,2% em Espanha, 4,8% nos EUA, 4,7% em Itália, 2,2% na Alemanha e 1,6% no Reino Unido. A zona euro registou uma quebra de 3,8%. A título comparativo, o PIB português caiu 3,9% no mesmo período.
QUEDA HOMÓLOGA DE 3,4% DO PIB
Se a evolução do PIB japonês for avaliada em relação ao mesmo período do ano anterior – o que se designa por variação homóloga -, a queda da economia nipónica foi de 3,4% entre janeiro e março de 2020. Uma contração menor do que o afundamento de 7,1% registado no último trimestre de 2019, em virtude do impacto negativo da subida do IVA.
A queda de 3,4% em termos homólogos é superior à registada na zona euro (-3,2%), mas inferior à verificada na China (-6,8%), em França (-5,4%) e Itália (-4,8%) entre janeiro e março.
Os analistas japoneses preveem que a contração em cadeia no segundo trimestre de 2020 possa atingir mais de 20%, refletindo os efeitos do estado de emergência iniciado em abril e o agravamento da recessão mundial