Todos nós ansiamos por uma vida de felicidades, onde exista abundância e os
problemas não sejam complicados. Acontece que na busca por viver essas coisas,
que é próprio da natureza humana, topamos com os obstáculos, com os entraves
colocados no nosso caminho através de decisões erradas, crenças estabelecidas
ou por situações que fogem do nosso controle.
A vida não é perfeitinha para ninguém, embora pareça ser para alguns afortunados,
mas, mesmo esses, em algum momento toparão com um desses entraves onde a
sua capacidade de resiliência, sua determinação, seu poder de superação serão
postos à prova. E nessa hora, nem sempre terá como “pedir para sair”; é enfrentar
ou enfrentar. E é aí, diante desse abismo, que precisamos descobrir como usar as
asas que vida nos deu, porque todos nós nascemos com um par delas.
Superar os próprios limites requer uma força de vontade gigantesca, mas pode
acreditar que essa força está lá, em algum lugar dentro de nós, só aguardando a
hora de ser requisitada. Não existe uma fórmula que ensine como acionar essa
força que faz abrir as asas, isso cada um descobre a seu modo, porém existe
fatores determinantes para que essa tal força não surja. A autopiedade, o vitimismo
e o hábito de culpar os outros por suas próprias mazelas, são comportamentos que
contribuem para sufocar o poder de superação que cada um de nós possuímos.
Fazer uma retirada estratégica, recuar, dá um passo para trás a fim de tomar
impulso, são ações que podem ser consideradas inteligentes, porém entregar-se
antes mesmo de tentar essas saídas, pode significar o fim, o atrofiamento total de
suas asas, e o percurso da queda até o fim do abismo pode ser longo e doloroso.
Sabemos que a vida é cheia desses desafios, viver é isso. Admiramos as pessoas
que dão a famosa “volta por cima”, que é o item que mais atrai e enriquece as
biografias dos grandes vencedores, das pessoas que se destacaram por terem
sido bem sucedidas, apesar dos inúmeros fracassos. Porém, quando nos topamos
com os obstáculos, quando é na nossa vez de superar e enriquecer a nossa própria
biografia, resistimos em sacar das nossas asas e alçar voo sobre o mesmo
abismo que esteve no percurso deles.
Os que voaram sobre o abismo e alcançaram o lado bom foi porque não sentiram
pena de si mesmos, não atribuíram a outros as culpas e responsabilidades que
eram só suas, não acharam que se entregar fosse uma opção. Talvez nem saibam
como acionaram suas asas, mas sabem que elas surgiram quando o próximo
passo dava direto para o abismo, e sabem também que o que sustenta o voo é
uma força interior que todos nós possuímos, que é acionada pelo desejo de não se
entregar de jeito nenhum.
Como saber se vale a pena usar suas asas?
Talvez você esteja tentando sacar de suas asas para superar um abismo
imaginário, ou um obstáculo inventado por um desejo de realizar um capricho, um
preenchimento de uma lacuna que nunca pode ser completada. A vaidade
exagerada, o desejo de ostentação, as futilidades que queremos adquirir apenas
para suprir nossa ânsia de ter e de se encaixar na última moda, não valem o
esforço do voo, porque não existe um abismo real.
Claro que podemos adquirir o que o dinheiro pode nos proporcionar, desde que
evitemos as armadilhas do consumismo, porém o desgaste, o esforço para
alcançar a recompensa nesses casos, se caracterizam apenas como um
saciamento de uma vontade, algo que não é determinante para decidir o rumo da
vida de ninguém.
Quando falamos de abismo, falamos de um obstáculo que pode significar a ruína, o
atraso, a miséria ou algo até fatal na vida de uma pessoa, como as doenças
graves. Embora existam outras situações em que nos deparamos com um abismo
que é preciso superá-lo (crises de relacionamentos, desemprego, dívidas,
impedimentos de se formar, etc), o certo é que as doenças se constituem como os
piores abismos com os quais podemos nos deparar, sem querer aqui desmerecer
o esforço dos que estão tentando voar e superar obstáculos causados por outras
situações.
Portanto estejamos prontos para abrir nossas asas e batê-las num voo sobre esse
abismo. Tente, se os grandes vencedores do mundo possuíram as deles, nós
também temos as nossas.