Não vive quem fica parado esperando as coisas acontecerem. As horas não poupam os pensamentos e dúvidas. As horas não nos poupam do imprevisível. E é verdade que a vida tem graça por causa dos milagres do tempo presente.
Para poder viver o presente, é preciso aprender a desprender e a deixar que o tempo leve o que é dele… Deixar ir embora aquilo que não precisamos, aquilo que se foi sem dizer “adeus”.
O que se foi, não pertence mais a nós. É tão simples, mas corações humanos teimam em desafiar essa lei. Desprender é um ato de entregar ao futuro o que e é dele. Nós acumulamos medo em nossas vidas por querermos ter tudo e no fundo sabemos que nada nos pertence, mais do que deixamos em legado.
O futuro espera mais desapegos e espera a verdade das nossas palavras. O que dizemos ou escrevemos é que forma nossa existência.
Não diga que não fará, se sua energia não é capaz de mentir. E a energia do desapego é uma forma de ser verdadeiro com o novo. Da mesma forma que não podemos enganar ninguém dizendo uma coisa, mas irradiando outra, ao tentarmos segurar o que já não é mais nosso, aquilo que não vibra com nossa alma, nós apenas.
Minha relação com o mundo que deve ser primordial, pois ela define o (meu) mundo quanto aos sentidos e princípios que dou valor. De um lado minha consciência vívida, de outro meu corpo como um objeto no espaço.
Compreender-nos como seres-ao-mundo nos obriga a questionar os instrumentos à nossa volta que absorvemos e nos fazem interagir como ser com o ente próximo.
Mais do que isso, nossa relação com mundo só começa a se formar quando compreendemos que tudo passa, que somos passageiros e exagerados a apegos.
Em determinado momento começamos a olhar pelos olhos do entendimento, a desprender as raízes mais profundas, a libertar certos pensamentos.
É confuso estar se vendo mudar e perceber que tudo o que era, hoje pode atormentar: As roupas, o corpo, os vícios, as opiniões, as relações… tudo está numa nova linha tênue entre o SER e ESTAR.
O sentir é agora.
Em determinado momento, olhamo-nos no espelho e percebemos como a inocência pode ter ido e a sabedoria pode ter nascido. Os olhos do entendimento já não querem confrontar as marcas ruins do passado, mas a dádiva do amanhã. Tornamo-nos homem e mulher; crianças perante o universo, adultos em nossas concepções e desejos. E isso é um dos sinais que a vida nos dá de como viver é um ato de desprender-se. Devemos agarrar o que nos faz evoluir, mas nunca agarrar o que nos prende em vícios ou o que prende os outros nos nossos vícios.
Neste determinado momento é que percebemos como o mundo é uma ilusão, e nós somos a verdade que molda cada realidade em particular. Tudo o que temos de importante está na confiança, coragem, afeto e harmonia que vamos construindo com os outros. Nossa essência é o que importa quando está de acordo com o corpo e mente.
Afinal, agora se é um sábio que compreende que o instante é sempre o primeiro passo para a evolução e conexão com o EU verdadeiro.