Os aplicativos de namoro cada vez mais vem angariando usuários em todo o mundo. O principal objetivo desses aplicativos é a oportunidade de conhecer novas pessoas, seja apenas para um simples encontro casual ou para um relacionamento de longo prazo. E como não podia ser diferente, o Japão também está seguindo essa tendência, embora ainda timidamente.
Claro que se você perguntar a alguns japoneses, poucos terão realmente coragem de confessar que usam esses tipos de aplicativos ou sites de namoro, conhecidos como Deaikei saito (出会い系サイト). Mas visto o grande número dessas mídias online que tem dominado o Japão, é improvável que não exista pessoas interessadas em usa-las em uma base regular.
Mas existe uma razão para este estigma em relação aos aplicativos e sites de namoro no Japão. Na década de 90, aconteciam muitas fraudes envolvendo essas mídias o que fez com que fossem vistas com desconfiança. Nessa época, era comum os japoneses preferirem o anonimato on-line, optando em usar pseudônimos ao invés de seus nomes reais.
Com isso, era difícil saber se aquela pessoa que se conheceu em um site de namoro era real. Se aproveitando desse fato, foram criados diversos escritórios “de encontros on-line”, com funcionários na maioria do sexo masculino, se passando por mulheres com o objetivo de iludir os homens solitários com o real interesse em coletar taxas de adesão e assinatura.
Esses “perfis falsos”, que ficaram conhecidos como “sakura” (flores de cerejeira), se passavam por mulheres fofas e carentes que só queriam conversar on-line – uma oferta que parecia irrecusável por muitos membros masculinos solitários, apesar de muitos deles terem a consciência que as tais “mulheres” não tinham intenção de encontrá-los no mundo real.
Só para se ter uma ideia, oito executivos foram presos em 2015 depois que foi revelado que, de seus 2,7 milhões de funcionários, apenas uma era mulher. Acusados de operar vários sites fraudulentos por mais de 10 anos, os executivos ficaram milionários com a mafia do namoro online que fizeram milhares de vítimas solitárias, desperdiçar tempo e dinheiro.
Ao invés de usarem sistemas de e-mails automatizados, os criminosos investiram um pouco mais de dinheiro contratando pessoas reais para enganar os clientes e com isso foram capazes de convencer as vítimas de que as mensagens eram mais do que um simples spam.
A Agência Japonesa de Proteção ao Consumidor chegou a fazer um cartaz com a intenção de alertar os homens sobre os perigos dos golpe “sakura”. Nos dizeres, um homem diz que gostaria de conhecê-la já que estava sendo cobrado por cada mensagem enviada. A resposta da mulher é simples: “Desculpe. Não posso te conhecer. (Eu sou apenas uma sakura).
Uma vez que a farsa foi descoberta, as pessoas passaram a ser mais cautelosas. Apesar dos sites fraudulentos não estarem mais ativos, criou-se um estigma ruim a ponto “que mesmo que um casal tenha se casado após ter se conhecido on-line, é pouco provável que falem abertamente sobre o assunto”, segundo o jornalista japonês Yukari Mitsuhashi.
Outra razão que reforça o estigma é o baishun (売春), que significa “vender primavera”, se referindo à juventude ou virgindade. Nada mais é do que uma abominável rede de prostituição, envolvendo geralmente meninas do ensino médio onde suas fotos e informações pessoais são divulgadas em sites cujo o público são homens quase sempre de meia idade.
A prática tornou-se tão desenfreada no Japão que acabou ofuscando ainda mais a imagem dos verdadeiros “matchmaking online”. Acho que tudo isso explica a razão por trás do desconforto e desconfiança de muitos japoneses em relação ao uso de sites e aplicativos de namoro.
Aplicativos de namoro populares no Japão
No entanto, as coisas parecem estar mudando nos últimos tempos. Um número crescente de jovens parecem estar mais à vontade em relação à procurar um parceiro online. Hoje em dia, as pessoas estão cada vez mais conectadas com a tecnologia e ao mesmo tempo, estão mais carentes de afeto. Ou ainda, sentem o peso da falta de tempo ou inabilidade em se relacionar.
Além disso, o terremoto e tsunami de Tohoku em março de 2011, fez com que muitas pessoas refletissem sobre suas vidas e desejassem se conectar mais com outras pessoas, segundo o jornalista japonês Tomoyuki Miyazaki. Há ainda um outro grande e decisivo fator que com certeza tem contribuído com a procura de parceiros via online: a transparência.
Se antes, o anonimato on-line parecia tão atraente e seguro, hoje em dia tornou-se arriscada. “Ao se livrar da cultura anônima e adotar a transparência, os japoneses serão menos alvos de golpistas virtuais”, diz Mitsuhashi. Atualmente, muitos sites e aplicativos exige o login do facebook, que apesar de não inibir por completo, reduz o número de perfis fakes.
Abaixo, resolvemos listar alguns dos aplicativos que estão sendo usados com maior frequência por usuários japoneses. Esses aplicativos são considerados seguros e podem ser uma boa oportunidade de você conhecer pessoas de origem japonesa e assim estabelecer amizades ou quem sabe até um relacionamento amoroso mais sério. Confira os aplicativos:
1. Pairs
Embora relativamente novo, Pairs alcançou um grande sucesso por uma série de razões. Em primeiro lugar, não é necessário abrir uma conta, bastando acessá-lo através do Facebook. Em segundo lugar, isso reduz automaticamente os problemas com perfis falsos.
Em terceiro lugar, isso tudo facilita para que ocorra “encontros reais” e consequentemente compromissos a longo prazo, quiça até casamento. Embora possa ser usado para namoros casuais, o aplicativo foi criado especialmente para quem deseja um relacionamento mais sério.
2. Tapple
Tapple parece ser usado tanto para namoro casual quanto para relacionamentos de longo prazo. Uma característica desse aplicativo, assim como muitos outros no Japão é que comum dos aplicativos de namoro japoneses é que homens e mulheres podem criar uma conta gratuitamente, no entanto, os homens precisam pagar uma taxa para enviar mensagens.
Apesar disso, Tapple possui uma ampla seleção de categorias de pesquisa relacionadas aos seus interesses e hobbies, tais como música, arte, esporte e assim por diante.
3. Omiai
Este aplicativo é bastante usado por pessoas que desejam um relacionamento sério em vez de encontros casuais. Como muitos outros aplicativos de namoro japoneses, o Omiai trabalha com o login da sua conta do Facebook, tornando a inscrição mais fácil e segura.
A função de pesquisa também é muito detalhada e permite especificar preferências em vários campos, incluindo nacionalidade, educação, renda e tipo físico. Você também tem a opção de acessar o aplicativo em seu computador através do site oficial Omiai.
4. Tinder
O Tinder já é um velho conhecido em diversos países e conquistou os japoneses por sua interface intuitiva. Basta deslizar para a direita caso você goste de uma pessoa. Nada pode ser mais fácil que isso! Outra coisa que faz o Tinder se destacar no Japão em relação a outros aplicativos é a opção de escolher o gênero de acordo com sua orientação sexual.