Embora amplamente lembrado por sua relação com Nova York, onde viveu seus últimos anos e foi assassinado em 1980, o ex-Beatle John Lennon também cultivou uma ligação mais discreta e pouco explorada com o Japão — especificamente com Karuizawa, um resort montanhoso na província de Nagano. Entre 1977 e 1979, ele passou os verões hospedado no histórico Hotel Mampei, acompanhado de sua esposa Yoko Ono e do filho Sean.
Em Karuizawa, Lennon apreciava uma vida simples e reservada: frequentava padarias locais, saboreava torta de maçã no hotel e visitava pontos turísticos como a Cachoeira Shiraito. Ele chegou a ensinar ao maître do hotel sua receita favorita de chá com leite.
Essa faceta japonesa de Lennon é pouco retratada em documentários, como o filme Imagine (1988), e até desconhecida por muitos no Japão. O encerramento do Museu John Lennon, em Omiya, em 2010, também contribuiu para o apagamento dessa conexão cultural. No entanto, para alguns estudiosos e admiradores, o Japão — e especialmente Karuizawa — representava para Lennon um refúgio íntimo, revelando dimensões espirituais e emocionais frequentemente negligenciadas em biografias convencionais.
A hipótese levantada é de que, mais do que uma simples influência de Yoko Ono, a atração de Lennon pelo Japão indicava um anseio mais profundo. Assim como Glenn Gould manteve fascínio duradouro por um romance japonês, a busca interior de Lennon talvez tenha encontrado eco nas florestas silenciosas de Karuizawa — um destino que, se a vida não tivesse sido interrompida, poderia ter influenciado de forma significativa sua música nos anos 1980.
Fonte: The Mainichi









